Artigo – Extra! Extra! Argentina agora é um país comunista

Por Oswaldo Bezerra

Com espiões cubanos disfarçados de médicos, o comunismo foi instalado na Argentina pelo presidente, o camarada Alberto Fernandez. Isso tudo, segundo a imprensa chapa branca argentina, depois que o presidente Alberto Fernandez anunciou intervenção na maior empresa privada de alimentos argentina. De fato, se você observar a realidade não é assim tão melodramático como a imprensa chapa branca argentina tenta transparecer.

Todo este “escândalo” começou quando o presidente argentino anunciou, em uma roda de imprensa, que a empresa Vicentim do ramo agro alimentício e que produz 30 toneladas de alimento, para exportação na sua maioria, sofreria intervenção. O motivo é a situação econômica precária da empresa que tem uma dívida de 1,5 bilhões de dólares, e que iria demitir 5 mil trabalhadores. A crise desta empresa não é nova. O anúncio dos problemas financeiros foi pouco antes da pose de Fernandez. Muito antes da crise do corona vírus.

Este anúncio do presidente para salvar empregos e a empresa resultou em uma grande polêmica. O estranho foi o tom da imprensa que parecia estar de novo na “Guerra Fria”. Muitas manchetes nos jornais, e nas redes sociais, falavam de expropriação em massa de empresas privadas para por no controle dos trabalhadores.

Um jornal argentino alegou que esta intervenção era uma “chavização” da economia. Outro jornal afirmou que era um avanço sobre o setor privado. Outro jornal caracterizou a argentina como um Estado que tira os direitos de propriedade e comete crime contra a humanidade. Logo os twittes de lá explodiram com mensagens que a Argentina caminhava ao comunismo. Ninguém lembrou de mencionar que o presidente “peronista” é partidário do capitalismo.

Na roda de imprensa algumas frases do presidente argentino foram interpretadas de maneira totalmente distorcida. Por exemplo, quando Fernandez disse que uma série de medidas seriam tomadas para resgatar a empresa foi interpretado como: a empresa será imediatamente expropriada. Quando o presidente falou que os argentinos deveriam estar contentes que estas medidas, pois dariam um importante passo para a soberania alimentícia a imprensa interpretou como: é uma revolução socialista, será defendida com fuzis. Quando o presidente disse que havia um grupo de estudo para o resgate da empresa e expropriação a imprensa interpretou como: vamos tomar as rédeas de toda a produção do país.

Estas fortes reações ao governo muito distante do que seria um socialismo, mas como se fosse tal, se deve a um fenômeno na terra dos “hermanos” que se chama “La Grieta”. La Grieta é a separação política entre o partido peronista e seus adversários.

Este fenômeno já havia ocorrido no início da pandemia com a chegada de médicos cubanos que vieram ajudar na contenção da Covid-19. O jornal Agarralapala denunciou que os médicos cubanos eram, na verdade, agentes secretos que vinham para garantir a implantação do comunismo no país.

Além das reações melodramáticas que, na verdade, tem mais malícia política do que apego a realidade, observemos a situação da Vicentim. Esta foi a empresa que mais investiu na campanha de Macri, com cerca de 27 milhões de dólares, segundo o jornal La Nacion. Tanta benevolência da empresa na campanha de Macri era a certeza do resgate financeiro.

Esperavam por uma injeção de dinheiro público para sanar sua saúde financeira a fundo perdido. Uma situação que nenhum Banco privado aceitou. Durante o governo Macri, a empresa já tinha tomado uma série de empréstimos, de um banco estatal, em um valor muito maior do que a Lei argentina permite. Por isso, a empresa está imersa em um processo judicial.

Existe um debate na Argentina se o que o governo atual faz cumpre com os trâmites legais. A Aliança Macrista afirma que a estatização da Vicentin é ilegal e inconstitucional. O procedimento deve contar com a aprovação do congresso. Segundo o governo, este passo é posterior, pois o que se anunciou foi apenas uma intervenção. A possível expropriação só seria feita após trâmite parlamentar.

Muitos comparam o caso da Vicentim com o da Lufthansa na Alemanha. Enquanto na Argentina o Estado intervém na empresa, na Alemanha o Estado resgata a empresa com 9 bilhões de euros. Precisamos observar as realidades diferentes destes países. Em primeiro lugar, o problema da empresa alemã é pontual e gerada pela pandemia. Já no caso da Vicentim o problema é de fundos, muito grave, e que vem desde antes da pandemia, que claro que se agravou com ela.

Em segundo lugar, devemos observar que não se pode comparar a situação financeira de ambos os países. A Argentina não pode deixar que uma empresa gigante como a Vicentin quebre e gere milhares de desempregados. Tão pouco, o governo não pode entregar 1,5 bilhões de dólares. No caso alemão, com o resgate o Estado passou a ser o principal acionista da empresa, com 20% das ações. Ou seja, o resgate da empresa alemã não é um empréstimo a fundo perdido.

Provavelmente, se a Argentina tivesse capacidade financeira de fazer o mesmo que a Alemanha, com certeza as manchetes dos jornais chapa branca da Argentina seriam: Vicentim é 20% comunista! Pois, é assim que funciona a famosa “La Grieta”. Ou seja, as críticas não são pelas medidas, mas sim pelos quem a tomou. Alguém notou alguma similaridade da “La Grieta” com o que acontece no Brasil?

RG15/O Impacto

 

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