Artigo – O Brasil não sofre só de uma crisezinha

Por Oswaldo Bezerra

Um leitor lembrou que muito é descrito sobre a economia norte-americana aqui no jornal e pouco sobre a nossa. A economia norte-americana espelha em todo o mundo. Sua dominância com o dólar e com o sistema swift faz com que fiquemos sempre de olho no que acontece lá para sabermos o que acontecerá aqui. A dificuldade de se escrever sobre a economia no Brasil é por sabermos que estamos passando por uma autoflagelo. Estamos nos destruindo por dentro. Na desindustrialização que por ordem externa sofremos hoje as consequências.

Brasileiros somos presas das confusões políticas de nossos mandatários. Hoje, por exemplo, dezenas de pessoas destruíram hospitais por sugestão do próprio presidente. Totalmente ao contrário do que fez a Nova Zelândia, que promoveu lockdown antes do primeiro caso de morte, e que agora já voltou a normalidade econômica, o Brasil negou durante semanas a severidade da pandemia, bem como seu impacto na economia. Ao contrário, reagiu de maneira improvisada e atabalhoada.

O governo federal promoveu aglomerações e protestos contra o isolamento social. Forçou a demissão de dois ministros da saúde. Colocou no lugar um militar totalmente incompetente, que não sabe nem o que é hemisfério norte ou sul. Por isso, seremos o país mais duramente abatido pela pandemia da covid-19.

A única medida efetiva tomada pelo poder executivo federal foi ajuda de emergência mensal de R$ 600 reais. Adotou com relutância essa medida, sob pressão da sociedade civil e do Parlamento.

Em um governo tão confuso ainda há uma luta interna. De um lado está o ministro da economia ultraliberal, Paulo Guedes, o desregulador, inimigo dos direitos trabalhistas e com planos de privatização de tudo. Por outro, lado Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil, que quer desenvolver um programa de investimentos em infraestrutura, apelidado de ‘Plano Marshall Brasileiro’, com um valor de R$ 300 bilhões.

Qualquer que seja o vencedor dos planos econômicos precisa agir rápido. A agência de classificação de risco Moody’s indicou uma contração de 5,2% na economia brasileira. Só a indústria brasileira despencou 18,8% em abril, a maior queda já registrada na história do setor.

O Ministério da Economia já vislumbra uma queda acentuada no Produto Interno Bruto (PIB) de 4,7% em 2020. Previsões dramáticas, mas que parecem muito otimistas para muitos economistas. O Banco Mundial previu uma queda do PIB brasileiro em 8%. Será uma recessão nunca registrada na história do Brasil.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) indicou que 40% das empresas dos setores de comércio, indústria, serviços e construção forçadas a demitir todos ou parte de seus funcionários por causa da crise. Mais de uma em cada duas famílias teve um dos membros afetados pelo desemprego ou pela redução de salários. Quase oito, em cada dez brasileiros, foram obrigados a limitar suas compras.

O Brasil sofre um efeito devastador no mercado de trabalho desde antes da pandemia. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam que o desemprego saltou de 11,2% para 12,6%, antes do efeito da pandemia. Projeções do Itaú Unibanco apontam número muito pior. Segundo análise da sua equipe de macroeconomia, hoje o desemprego estaria em 16%.

Sem emprego, sem arrecadação, o Brasil deverá enfrentar um deficit em contas públicas, em 2020, superior a R$ 1,3 trilhão, e uma dívida que sem dúvida vai explodir e exceder os 100% do PIB (contra 76% antes da crise, e 55% nos tempos de Dilma).

Falando em deficit, o faturamento do comércio brasileiro já encolheu 39%, uma perda de R$ 86,4 bilhões, segundo cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Somente nas duas primeiras semanas de abril, as perdas foram estimadas em R$ 35,19 bilhões.

A balança comercial deve seguir superavitária, em torno de US$ 10,1 bilhões. Isso por conta da enorme queda nas importações, que será da ordem de 20,5%, somando US$ 140,9 bilhões. O declínio da balança comercial se iguala as perdas por fuga de capitais. Conforme dados do Banco Central, a saída líquida de recursos do país já somou US$ 10,8 bilhões, registrando um salto de 145%no mesmo período de 2019.

Após intensos conflitos, contra prefeitos e governadores, o presidente saiu vencedor. Estados e municípios reabrem precocimente os negócios de atividades não essenciais. A retomada da economia será lenta e não garante crescimento. Por isso, o governo Bolsonaro deverá resumir seu mandato a uma luta contra a crise econômica. Escrever sobre a atual economia do Brasil é difícil, pois vivemos a pior crise econômica da história, com um presidente que costumava se gabar de “não entender nada” sobre Economia.

 

RG 15 / O Impacto

 

 

 

 

Um comentário em “Artigo – O Brasil não sofre só de uma crisezinha

  • 13 de junho de 2020 em 23:35
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    Oras, oras, mais uma vez o inocento articulista vem acusar o Governo Bolsonaro de estar por trás de todas as nossas mazelas, inclusive uma desindustrialização, “esquecendo” que tal ocorreu durante a era PT, especialmente no governo da Dilma ! Outra conversa mole é dizer que o Presidente incentivou invadir hospitais, qdo na verdade solicitou q fotografassem hospitais vazios, q custaram uma exorbitância pelas roubalheiras de governadores e prefeitos. Sabe porquê ? Ele não tem rabo preso, não recebe “pixuleco$”, né lula ! O Presidente delega as funções a quem é da área, não fica mentindo e tentando enganar que conhece o assunto, por isso o Paulo Guedes gerencia a economia, aliás considerado o melhor ministro de economia do mundo em 2019. Nossas estatais, que davam prejuízos anuais de 60 bilhões, por conta do aparelhamento e roubalheiras dos “cumpanheiros”, em 2019 deram lucro de 70 bilhões ! Enfim, a esquerdalha perdeu a eleição de 2018 e já enxerga que perderá de novo em 2022, por isso fica inventando desculpas esfarrapadas para retirar Bolsonaro, aliás ridículas, como inventar que perderam aquela eleição por causa de fake news, uma especialidade justamente deles ! Continuam seguindo a máxima marxista: “Acuse os outros daquilo que vc faz”” !!!

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