Artigo – A perigosa e genocida “falsa bandeira” argumentada por “notícias falsas” pode surgir ainda este ano

Por Oswaldo Bezerra

Hoje lembrei de 2001. Havia acabado de descer de um helicóptero e fui a minha base de trabalho entregar relatórios. Enquanto aguardava a reunião entrei na sala de espera. Lá observei pessoas bem assustadas. Eles assistiam pela TV uma torre do World Trade Center de Nova Iorque em chamas. De repente, ao vivo, vimos um segundo avião se chocando com a segunda torre. Isso deixou todos atônitos.

O mundo em estado de choque ouviu na época o presidente Bush (o filho) argumentar a invasão do Iraque por suposta criação de arma de destruição em massa e apoio aos ataques das Torres Gêmeas. O mesmo Bolton, que hoje escreveu um livro que deixou Trump furioso, trabalhava para Bush e deu ordem ao então diplomata brasileiro Jose Bustani da ONU deixar o cargo em 24 horas. Bustani tinha provas que o Iraque não desenvolvia arma de destruição em massa, nem possuía armas químicas. Isto está relatado no livro de Bolton.

Dick Cheney ex-CEO da petroleira Halliburton e, na época, vice-presidente de Bush achava importante os EUA tomarem os maiores campos de petróleo do mundo, daquela época, que ficavam no Iraque. Foi criada a argumentação que Osama Bin Laden, ex-guerrilheiro dos EUA na Guerra da Geórgia contra a União Soviética, que vivia em cavernas no Afeganistão e mais alguns importadores de canivetes nos EUA organizaram os atentados de 11 de setembro, e que teriam sido financiados pelo Iraque.

Mesmo com tudo isso, a opinião pública e o congresso norte-americano eram contra uma invasão do país do Oriente Médio. Foi ai que entrou em cena Nayirah al-Ṣabaḥ, conhecida como “Enfermeira Nayirah”. Seu depoimento foi badalado na época pela mídia internacional e inclusive pela imprensa brasileira. Era uma garota do Kuwait de quinze anos de idade, que alegou ter testemunhado o assassinato de bebês por soldados iraquianos. Testemunhou para o congresso norte-americano com lágrimas de crocodilos nos olhos conforme vídeo abaixo.

Foi uma propaganda de guerra, uma “Fake News”. A empresa de relações públicas Hill & Knowlton providenciou tudo. O testemunho de Nayirah foi amplamente divulgado na TV para 53 milhões de telespectadores. Foi o argumento que o presidente George Bush precisava. O congresso deu autorização e aconteceu a invasão do Iraque com 100 mil mortos, a maioria de civis iraquianos.

Muito anos depois foi descoberto que ela nunca foi enfermeira. Era filha de um funcionário da embaixada norte-americana. A família dela ganhou cidadania nos EUA e um prêmio de 50 milhões de dólares. Ela só não ganhou o oscar daquele ano, nem foi depois considerada uma criminosa de guerra. Apenas exemplificou uma fonte de “falsa notícia” que apoiou uma guerra.

O secretário de defesa da época, Collin Powell, em uma entrevista à revista Vanity Fair, admitiu a mentira de Estado. Confessou que a decisão sobre o exagero da ameaça das armas de destruição em massa para justificar a guerra contra o Iraque que tinha sido tomada “por motivos burocráticos”, que se deve ler “petróleo”.

Os EUA são “experts” neste quesito. Uma das mais sinistras refere-se à destruição do encouraçado norte-americano Maine na baía de Havana, em 1898, e que serviu de pretexto para a declaração de guerra dos Estados Unidos contra Espanha e a anexação de Cuba, Porto Rico, Filipinas e a ilha de Guam. Foi amplamente divulgado na época pela imprensa como um escândalo o ataque espanhol.

Treze anos depois, em 1911, uma comissão que investigava a destruição do Maine concluiria que ocorrera uma explosão “acidental” na sala de máquinas. Hoje já foi comprovado que foi um ataque de “falsa bandeira” executado pelos próprios norte-americanos para justificar a guerra.

Em 1964, dois destróiers declararam ter sido atacados, no Golfo de Tonquim, por torpedos norte-vietnamitas. A imprensa exigiu represálias. Usando os ataques como pretexto, o presidente Lyndon B. Johnson deu início a guerra do Vietnã. Mais tarde se saberia, do próprio pessoal a bordo dos dos destróiers, que o ataque do Golfo de Tonquim foi pura invenção.

Repetiu a história o presidente Ronald Reagan. Em 1985, ele decretou estado de “urgência nacional” devido à “ameaça nicaraguense” que representavam os sandinistas no poder, em Manágua. O presidente de lá havia sido eleito democraticamente, mas não era um presidente fantoche como costumavam ser os presidentes de nicaraguenses. A imprensa norte-americana passou a afirmar que a Nicarágua era um câncer que adotava o nazismo e ameaçava conquistar todo o hemisfério sul do planeta. Isso justificou o financiamento do grupo terrorista que derrubou o governo de Manágua, mas que terminou no escândalo “Irãgate”.

Existem mais exemplos de ataques de “falsa bandeira” e “fake news” para dar suporte a guerra. O temor é que com a possibilidade do atual presidente dos EUA perder as eleições ele possa apelar para um ato desesperado para ganhar votos criando uma nova guerra.

Trump acusou que Obama criaria uma guerra contra o Irã para ganhar votos para Hillary Clinton. Quem sabe ele mesmo não faça isso, uma vez que sua popularidade cai dia a dia. O alvo poderia ser a China, o Irão ou mais provavelmente a Venezuela. Trump afirmou recentemente que algo acontecerá com a Venezuela e os EUA estarão envolvidos nisso. Um novo ataque de “falsa bandeira” e a mídia espalhando “fake news” podem muito bem servir aos senhores da guerra novamente.

 

RG 15 / O Impacto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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