Artigo – Um mundo feito de cubos
Por Oswaldo Bezerra
Desde os primeiros passos do homem moderno na terra estiveram entre nós gênios. A genialidade está dentro de todos nós. A diferença entre nós e nossos antepassados são os conhecimentos científicos que alicerça nossos conhecimentos e conceitos.
Um dos gênios dos tempos antigos foi Platão, o filósofo grego que viveu há 2500. Ele acreditava que o universo era feito de cinco tipos de matéria: terra, ar, fogo, água e cosmos. Cada um devia possuir uma geometria particular, uma forma platônica. Para a terra, essa forma foi definida como um cubo.
A Ciência avançou para além das conjecturas de Platão, e chegamos até ao átomo como o bloco de construção de todo universo. No entanto, Platão parece ter descoberto algo inusitado, que hoje os pesquisadores estão de boca aberta.
Em um novo artigo da Proceedings of the National Academy of Sciences , uma equipe com membros das Universidades da Pensilvânia, da Tecnologia e Economia de Budapeste e da Universidade de Debrecen usou a Matemática, Geologia e Física para descobrir, 2500 anos depois, que Platão estava certo. A forma média das rochas na Terra é um cubo.
Platão foi a primeira pessoa a desenvolver o conceito de um átomo. Era a ideia de que a matéria é composta de algum componente indivisível e em pequena escala. Claro, esse entendimento era apenas conceitual; não era o nosso entendimento moderno dos átomos. Acontece que a concepção de Platão sobre o “elemento terra” foi feita sobre cubos. É literalmente a estatística modelo para a nossa terra real. E isso é simplesmente incrível.
O artigo dos cientistas é o resultado de três anos de muita pesquisa e trabalho sério. Nele o resultado diz que se uma forma poliédrica, tridimensional, for cortada em vários fragmentos, em um sentido médio, a forma resultante dos fragmentos será um cubo.
Como a natureza permite que isso aconteça? Um dos físicos da pesquisa, ao analisar o resultado, disse: “Isso é um erro ou isso é algo grande”. Os cientistas passaram a estudar o sentido reverso para entender a Física que resulta nessas formas. Eles descobriram que a conjectura matemática central une os processos geológicos, não apenas na Terra, mas também em todo o sistema solar.
Os componentes que se desprendem de um objeto, anteriormente sólido, devem se encaixar sem nenhuma lacuna. Acontece que as únicas das chamadas formas platônicas, poliedros com lados de igual comprimento, que se encaixam sem lacunas são os cubos. A equipe concluiu que Platão deva ter observado um afloramento de rocha, e ao processar e analisar a imagem, seu subconscientemente conjeturou que a forma média era um cubo.
Platão era um estudioso em geometria, a frase “Que ninguém ignorante em geometria entre” estava na porta da sua Academia. Por isso, presume-se que seu amplo pensamento sobre esta Ciência, o levou a ideia sobre os cubos.
A equipe mediu uma grande variedade de rochas, foram milhares de amostras. Mesmo as rochas desgastadas em um afloramento ou dinamitadas por humanos, sempre levavam a forma cúbica.
Há formações rochosas especiais que quebram a “regra” cúbica. A Calçada do Gigante na Irlanda do Norte, é um exemplo. É formada pelo processo incomum de resfriamento do basalto. Essas formações, embora raras, ainda são abrangidas pela concepção matemática de fragmentação da equipe; eles são apenas explicados por processos fora do comum.
Os pesquisadores também exploraram a fragmentação em duas dimensões. Neste tipo, você tem a mesma probabilidade de obter um retângulo ou um hexágono na natureza. São exemplos os mantos de gelo, lama seca ou a crosta terrestre, cuja profundidade é muito ultrapassada por sua extensão lateral, permitindo que funcione como um sistema bidimensional. Esse padrão gerou a fragmentação que resulta na tectônica de placas.
É importante Identificar esses padrões nas rochas para prever fenômenos, como riscos de queda de rochas ou como localização de reservatórios de óleo, ou água, nas rochas. Para os pesquisadores, encontrar uma regra da natureza fundamentada há milhares de anos foi uma experiência excitante, e satisfatória.
Quando você pega uma das pedras na rua, ela não é um cubo perfeito, mas cada uma delas é uma sombra estatística de um cubo. É como a alegoria da caverna de Platão. Ele postulou uma forma idealizada essencial, para a compreensão do universo, mas tudo o que vemos são sombras distorcidas de uma forma perfeita.
RG 15 / O Impacto