Artigo – Você trocaria a época tecnológica atual para viver nos anos 50?
Por Oswaldo Bezerra
O escritor norte-americano Michel Snyder fez um paralelo entre a América de 1950 com a de 2020. Há uma clara divisão, como se fossem dois mundos, e mostra claramente onde estávamos como estamos, e em que direção iremos. Poucas pessoas hoje têm ideia de como era viver em 1950. É nesta viagem do tempo que veremos tudo isso.
Viagem no tempo é um dos maiores sonho humano, mas voltar a viver em 1950, você o faria? Lembre, não haveria Internet, nem celulares e você só poderia assistir televisão em preto e branco. Mesmo que naquela época não tivessem muitas das nossas conveniências modernas, as pessoas poderiam ser mais felizes do que hoje?
Foi uma época em que as famílias jantavam juntas, os vizinhos se conheciam e se preocupavam uns com os outros. Hoje, nos orgulhamos de pensar que somos muito mais “avançados” do que eram as pessoas daquela época, mas a verdade é que nossa sociedade está se desintegrando ao nosso redor. Seria possível aprender muitas lições importantes, observando como os americanos viviam 70 anos atrás?
Nunca existiu uma época de nossa história em que tudo tenha sido perfeito. Sem dúvida, as coisas são muito diferentes hoje do que eram em 1950. Nos EUA, em 1950, Texaco Star Theatre, The Lone Ranger e Hopalong Cassidy foram alguns dos programas mais populares. No Brasil os mais populares eram “O seu repórter Esso” com notícias e o programa de entretenimento do “Chacrinha”. A TV brasileira nasceu naquela década.
Em 2020, um filme da Netflix intitulado “Cuties” ou o programa da rede Globo Big Brother Brasil são grotescos. Nos EUA, quatro estados enviaram uma carta à Netflix pedindo a remoção porque “cuties” normaliza a visão de que as crianças são seres sexuais. O BBB brasileiro até estupro ao vivo já transmitiu.
Em 1950, as redes de televisão nem mesmo mostravam maridos e esposas na cama. Em 2020, “sites pornôs” recebem mais tráfego do que Netflix, Amazon e Twitter juntos. Até crianças acessam sites como Xvídeos.
Em 1950, as pessoas se cumprimentavam enquanto caminhavam pela rua. Até na década de 70 testemunhei isso nas minas caminhadas por Capitão Poço. Em 2020, nós todos estamos apaixonados demais por nossos celulares para nos incomodarmos com um contato humano real.
Em 1950, mascar chiclete e falar nas salas de aulas eram alguns dos principais problemas disciplinares em nossas escolas. Em 2020, crianças estão até atirando em policiais nas ruas.
Em 1950, as pessoas faziam um esforço para se vestir bem e ficar bem quando saíam em público. Faziam suas roupas nos alfaiates, sob medida, para ficar elegantes. Em 2020, a maioria da população se tornou desleixada e usam roupas feitas em escalas de produção. Nos EUA, criaram até um termo “People of Walmart” (pessoas muito mal vestidas) se tornou um de nossos “memes” mais populares.
Em 1950, a mulher típica se casava pela primeira vez aos 20 anos e o homem típico se casava pela primeira vez aos 22. Em 2020, a mulher típica se casa pela primeira vez aos 27 anos e o homem típico se casa pela primeira vez aos 29.
Em 1950, muitas pessoas deixavam suas casas e seus veículos destrancados, porque os índices de criminalidade eram muito baixos. Em Belém, por exemplo, o interventor Magalhães Barata mandava bandidos para a ilha do Cutijuba, que se perdiam no meio do caminho em alto mar. Belém viveu na década de 50 um período de quase zero criminalidade. Em 2020, muitos que vivem em áreas urbanas nos EUA estão morrendo de medo, e as vendas de armas dispararam para níveis recordes de todos os tempos. No Brasil, vivemos zona de guerra, principalmente, nas grandes cidades. Somos os recordistas de assassinatos por arma de fogo.
Em 1950, os homens realmente tentavam ser pais de seus filhos. Em 2020, os pais estão enchendo os filhos de drogas que alteram a mente, além disso, deixamos nossas televisões, videogames e internet criarem nossos filhos.
Em 1950, Baltimore nos EUA, assim como a maioria das capitais brasileiras, eram cidades mais bonitas e prósperas. Em 2020, Baltimore e as nossas capitais são manchetes, todos os dias, por causa de tanta violência.
Em 1950, 78% de todas as famílias na América tinham um casal de filhos. No Brasil a taxa de fertilidade era de 6,3 filhos por mulher. Em 2020, a fertilidade caiu 50 por cento nos EUA. No Brasil, a taxa de fertilidade caiu para 1,9 em 2020.
Em 1950, cerca de 5% de todos os bebês nos Estados Unidos nasceram de pais solteiros. Em 2020, cerca de 40% de todos os bebês nos Estados Unidos nascerão de pais solteiros. O Brasil viu crescer neste período o número de pais solteiros em 75%.
Em 1950, tínhamos padrões elevados para nossos funcionários eleitos (os políticos) e as pessoas realmente pesquisavam os candidatos antes de darem seus votos. Em 2020, mais de 4.000 pessoas em New Hampshire, nos EUA, votaram em uma “anarquista satânica transexual”. No Brasil, nem se fala, até traficante preso com 500 kg de cocaína já foi eleito.
Em 1950, as crianças saíam para brincar quando voltavam da escola. Em 2020, nossos parques e playgrounds estão praticamente vazios e temos a maior taxa de obesidade infantil da história.
Em 1950, as varandas da frente eram áreas de reunião da comunidade. As pessoas recebiam regularmente seus vizinhos para jantar. Em 2020, nem conheço meus vizinhos.
Em 1950, o primeiro cartão de crédito foi emitido nos Estados Unidos. Em 2020, os americanos devem mais de 930 bilhões de dólares em seus cartões de crédito. No Brasil, 8 em cada 10 brasileiro está endividando no cartão de crédito.
Em 1950, uma renda poderia sustentar uma família inteira de classe média. Em 2020, dezenas de milhões de americanos perderam seus empregos e pediram seguro desemprego, e mais da metade de todas as famílias em algumas de nossas maiores cidades estão enfrentando atualmente “sérios problemas financeiros”. No Brasil, mais da metade dos trabalhadores faz bico, tem renda menor que um salário mínimo.
Em 1950, o povo americano acreditava que o mercado livre deveria governar a economia. No Brasil Vargas peitava as grandes potencias e desenvolvia o Brasil. Em 2020, a maioria dos americanos parece acreditar que o governo em Washington e o Federal Reservem devem “administrar” indefinidamente a economia. No Brasil, a bússola quebrou e estamos sem rumo.
Em 1950, “socialistas” eram considerados os maiores inimigos dos norte-americanos. No Brasil vivíamos a ditadura Vargas num governo nacionalista com visão patriótica. Em 2020, a maioria dos políticos norte-americanos em Washington abraçou os objetivos da política socialista e comunista. No Brasil, voltamos a ver o socialismo como inimigo. Temos um governo que pretende privatizar tudo e abrir nossa economia para empresas estrangeiras.
Em 1950, os Estados Unidos emprestaram mais dinheiro ao resto do mundo do que qualquer outra nação. No Brasil praticamente não tinha dívida. Em 2020, os Estados Unidos devem mais dinheiro ao resto do mundo do que qualquer outra nação. Até o Brasil é credor dos EUA, mas vemos 50% do nosso orçamento ir pelo ralo em pagamento de juros da dívida pública.
Em 1950, o total da dívida pública dos EUA atingiu a marca de 257 bilhões de dólares, pela primeira vez. A dívida pública do Brasil era, em 1950, de 0,8% do PIB. Em 2020, foi adicionada a dívida pública norte-americana mais 864 bilhões de dólares, somente no mês de junho. O Brasil viu sua dívida pública crescer de 0,8% para 100% do PIB de 1950 para 2020.
Em 1950, a maioria das pessoas estava feliz com seu ambiente de vida. Em 2020, muitos de nós nem conhecemos nossos vizinhos, assistimos mais de cinco horas de televisão por dia e grudamos em nossos celulares acessando a internet por mais de 3 horas por dia.
Em 1950, os brasileiros usavam as expressões como “bafafá”, “chá de cadeira” e “marcar touca”. Em 2020, novos termos como “cloroquiners”, “distanciamento social” e até termos estrangeiros como “lockdown” adotamos.
Em 1950, a maioria dos americanos estava geralmente feliz com suas vidas. Em 2020, a taxa de suicídio atingiu um recorde histórico e tem aumentado a cada ano, em todo o mundo.
O grande divisor de águas, apontado pelos economistas, para este deterioramento do nosso modo de vida foi o acordo de Bretton Woods. Neste acordo, a convertibilidade do dólar em ouro chegou ao fim. Neste momento as condições trabalhistas e as rendas só diminuíram. A concentração de renda se intensificou e a tristeza humana foi brotando como parasitas nos jardins de nossas vidas.
RG 15 / O Impacto
Deixaria.
Nunca.