Artigo – Uma ave brasileira que não voa mais

Por Oswaldo Bezerra

Em uma eleição, com normalidade democrática, os candidatos a presidente se lançam, se apresentam no horário eleitoral, comparecem aos debates. Há um primeiro turno, e não havendo maioria há um segundo turno, com debate, direto entre os dois candidatos.

O PT, que pregava o crescimento do país com participação de todos, e o PSDB, que pregava que o crescimento do país passava pelo neoliberalismo e favorecimento das classes abastadas, por mais de uma década dividiam o protagonismo da política brasileira. Em 2014 o segundo turno foi entre Dilma e Aécio Neves. Dilma saiu vitoriosa com 51% dos votos válidos. Foi uma decisão apertada.

Logo após o resultado da eleição, Aécio Neves demonstrou grandeza na derrota em um discurso que parabenizava a presidenta eleita e desejando sucesso no próximo mandato. Mesmo na sua primeira fala no senado, Aécio Neves disse que aceitava o resultado. Foi aí que o PSDB resolveu contestar o resultado da eleição no TSE, a fim de se criar um terceiro turno que lhe garantiria a vitória no próximo pleito. A ordem foi sangrar Dilma. O partido “Tucano” alegou que havia um “sentimento” de fraude. A auditoria demonstrou que não houve fraude nenhuma.

Negada a fraude, o PSDB agarrou com toda a força a bandeira da anticorrupção, em especial na Petrobras. Foi essa propagação do sentimento de ódio crescente no PSDB que acabaram por viabilizar o impedimento da presidente, dois anos depois. A fragilidade, do governo (Dilma), começou a se manifestar pouco depois da ofensiva do Partido Tucano. Os efeitos colaterais de tal investida do PSDB ninguém podia prever.

O que retirou Dilma do poder não teve relação com a corrupção. O que ocorreu foi um atraso de pagamentos de alguns bancos, que dava margem ao governo gerenciar o próprio orçamento, e pagar juros mais tarde. Isso foi considerado um crime de responsabilidade fiscal. Gerou o que até hoje se discute se foi “golpe” ou “impedimento”.

Durante a votação os deputados mal mencionavam o suposto crime. Falavam sobre família. Mais tarde, em uma delação da Lava Jato se descobriu que a menção a família era a senha para propina da Odebrecht. Na época, Lei de responsabilidade fiscal era apontada só para estados e municípios.

Dilma caiu, mas veio muita coisa na sequência. Aécio Neves caiu em desgraça, pois foi descoberto que recebia propina e mandava o primo ir receber o dinheiro. Segundo ele, o primo poderia ser morto antes de fazer delação. A corrupção de Aécio foi farta em provas filmadas e com áudios gravados.

A insatisfação, totalmente apontada para o Partido dos Trabalhadores, se voltou contra a chamada “velha política”. O PSDB foi identificado como um partido pertencente à velha política. O partido tucano passou a beber do próprio veneno.

Em 2018, a grande massa de eleitores do PSDB aderiu à onda bolsonarista. Antes de 2018, o partido tinha 54 vagas na câmara federal, depois da eleição só ficou com 29. Encolheu a metade. Teve até estados onde não emplacou nenhum deputado. No senado o número de cadeiras caiu de 9 para 3. Alckimim, seu candidato a presidente teve só 5% dos votos.

Sua única exceção foi João Dória, que devido ao seu oportunismo, se vendeu como membro da “nova política” e representante do bolsonarismo. Hoje distante de Bolsonaro, Dória sabe que a situação do PSDB não é boa. Por isso, junto com FHC disse ter inaugurado um novo PSDB.

O PSDB promoveu um congresso admitindo inaugurar o novo PSDB. Foi fraquinho por que não compareceram Alkimim, nem FHC e muito menos, o agora na moita, Aécio Neves. Dória foi o grande destaque e disse que agora é contra o extremismo, tentando se afastar do bolsonarismo.

Em setembro, no programa jornalístico “Roda Viva”, FHC disse estar temeroso de que o seu partido perca a identidade. FHC afirmou que Partidos nascem e morrem também. O homem que levou o Partido Tucano a presidir o Brasil, hoje cogita a morte do PSDB. A ameaça de morte do partido é resultado de tudo o que o Partido fez de 2014 até hoje. O tucano comeu pedra, mesmo sabendo do fiofó que tem.

RG 15 / O Impacto

Um comentário em “Artigo – Uma ave brasileira que não voa mais

  • 14 de outubro de 2020 em 18:15
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    Esse tucano está morrendo porque foi se aliar e roubar com as ratazanas ptralha$ !

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