Eduardo Fonseca e Osvaldo de Andrade avaliam 1º turno das eleições 2020
Osvaldo de Andrade e Eduardo Fonseca se encontraram no estúdio da TV O Impacto para debaterem de uma forma descontraída o resultado do primeiro turno das eleições em Santarém. Além de ser professor, bancário aposentado e colunista do Jornal O Impacto, Eduardo Fonseca também é um cidadão muito ligado à política santarena, sempre participando das ações políticas partidárias enriquecendo as conversas com sua experiência e seu profundo conhecimento da nossa história e dos fatos da nossa cidade.
Nosso convidado começou a entrevista dizendo que nesse momento de campanha se absteria de fazer sua coluna, pois poderia ser mal interpretado caso escrevesse algo que pudesse lhe resultar um problema jurídico na lei do cartório eleitoral. Desse modo, faria agora somente comentários analíticos sobre o que ocorreu na eleição de Santarém.
Ele nos contou que acompanha o cenário político desde 1988, quando houve a volta da democracia no Brasil, e citou as mudanças que a votação sofreu neste ano por conta da pandemia, que constitucionalmente definida para outubro, passou para o mês de novembro. Com isso o segundo turno será muito apertado, pois somente 15 dias o separam do primeiro. “E por conta da pandemia também foi difícil para os candidatos saírem, e depois que o Ministério Público pediu para evitarem as aglomerações no final da campanha, logo na reta de chegada, a dificuldade aumentou ainda mais. Aqueles que lograram êxito foram muito felizes, mas tiveram trabalho. Porém chegou-se ao resultado que a maioria da população esperava, com dois candidatos agora disputando o segundo turno”.
Do outro lado da banca, Osvaldo também dissertou sobre essas medidas proibitivas que “cortaram determinadas situações de um candidato se apresentar como candidato”. Ele também criticou algumas campanhas em que “um marqueteiro pega um candidato, empacota direitinho, transforma-o numa mercadoria importante e joga para o eleitor, que se ilude, pois muitas vezes essa mercadoria é ruim. A melhor campanha então, o melhor aproveitamento para o eleitor e para o candidato é a participação dele ao vivo, enfrentar e fazer o seu discurso cara a cara com o eleitor ao invés de seguir a orientação de um marqueteiro. Outra coisa também provocada pela pandemia é a questão da locomoção, pois os mais antigos, aqueles que já tinham o nome mais ou menos na vitrine, acabaram levando uma certa vantagem. Contudo as redes sociais contribuíram para dar uma equilibrada, pois muitos candidatos as usaram bem.”
Tratando dos vereadores, questionado por Osvaldo sobre como avalia a renovação na Câmara Municipal, Eduardo Fonseca afirmou não conhecer o trabalho político de alguns que vão ingressar pela primeira vez, como, por exemplo, “a enfermeira Alba Leal que é uma novidade e veio com uma boa votação por um partido que tem coeficiente eleitoral alto, que é o MDB.” Também falou sobre o candidato Murilo Tolentino, do qual esperava uma votação mais expressiva, e sobre a volta dos candidatos Gerlande Castro, que já foi vereador; e Carlos Martins, que já ocupou o cargo de deputado estadual. Ainda segundo Fonseca, “O professor Josafá, do SINPROSAN, também entrou porque foi um bom presidente do Sindicato dos professores. Se ele repetir a atuação do Sindicato, embora a Câmara seja diferente, ele poderá ser um bom vereador para Santarém”.
Sobre o tão polêmico coeficiente eleitoral, muitas pessoas ficam sem entender a “matemática que elege os vereadores”, se perguntando então por que não são os mais votados que vêm a ganhar. Contudo a Lei Eleitoral é organizada para o fortalecimento dos partidos, delimitando um número de cadeiras para cada um, sendo eleitos então os mais votados de cada partido. Segundo Osvaldo de Andrade, já “foi tentado inserir isso na mudança da Lei Eleitoral, mas não passou. Somente foi aprovada a questão de não permitir mais coligações”.
Eduardo Fonseca também abordou o fato de ter havido nessa eleição municipal mais de 400 candidatos a vereador, e isso “pulverizou demais os votos. Foi uma eleição atípica e quem realmente se elegeu levante às mãos para o céu, pois superou duas coisas muito difíceis: a pandemia e conseguir se eleger sem o corpo a corpo de campanha, que ficou limitado”.
Ambos falaram também sobre o fato de o MDB ser a maior bancada no momento, elegendo 04 vereadores, e o DEM ser a segunda ao eleger 03. Nas palavras do professor e bancário aposentado, “é renovação, e espera-se que Deus ilumine a todos esses novos eleitos para que possam fazer um grande trabalho, que é defender o bem comum e a sociedade”. Ele também exprime o desejo de que os vereadores façam ao menos essas coisas: “conhecer a Constituição Brasileira no que trata a Lei Orgânica do Município, para não fazer besteira; e conhecer os Códigos dos Municípios, os de Postura e o de Obras, porque o que mais enfeia a cidade são as irregularidades resultantes da falta de observação do Código de Postura do município e do Código de Obras. Então os vereadores devem tomar conhecimento disso, principalmente os novos que estão com ideias e que chegam com aquele gás, pois o povo vai para a rua exigir o que o representante dele não está fazendo. É isso que gostaria que os vereadores que assumirão possam observar para Santarém. E o restante eles irão tomando conhecimento no decorrer da carreira”.
Passando a conversa para a prefeitura, Osvaldo informou que tivemos oito candidaturas neste ano de 2020, dos quais dois irão disputar o segundo turno: o atual prefeito, Nélio Aguiar, que recebeu mais de 70.000 votos; e a segunda colocada, a ex-prefeita Maria do Carmo, que recebeu pouco mais de 60.000. Eduardo Fonseca demonstrou que tinha expectativas maiores em relação ao candidato Ney Santana, pois acreditava que esse seria bem mais votado por pertencer a um partido grande (PSDB) e já ter sido vereador, eleito com até 5.000 votos. O professor se surpreendeu também com o candidato João Pingarilho, pois “ele não é daqui da terra, mas chegou aqui e começou a trabalhar”. Contudo o quadro realmente estava se apresentando para o embate entre Nélio e Maria do Carmo. Para Fonseca, “Maria do Carmo foi prefeita em dois mandatos, e teve bons trabalhos em Santarém, assim como o Nélio está tendo um bom trabalho nesse momento, e conta com apoio do governador do MDB”. O MDB é o grande vitorioso dessa eleição aqui no Pará com 12 prefeitos aqui na região. E no estado são 52.
Osvaldo de Andrade refletiu durante a conversa a respeito da apresentação de nomes como Coronel Tomaso, João Pingarilho, Ney Santana e Valdir Matias como opções de renovação, mas que obtiveram uma aprovação um pouco fraca. E ao mesmo tempo “alguns acreditam que todos os que estão lá são repetidos e não sabem, muitas vezes, a quantidade de trabalho que a pessoa tem lá dentro. ‘Esses velhos’, dizem. Mas nem todos os vereadores antigos são apáticos, alguns têm demonstrado trabalho em Santarém. A pessoa tem que saber diferenciar então, tem que acompanhar”.
Quanto ao segundo turno, ambos falaram sobre o apoio que Nélio Aguiar está recebendo de alguns dos candidatos derrotados, como Valdir Matias (PV), Paulo Barrudada (PSL) e João Pigarilho (PSC). Contudo, para Eduardo Fonseca, a eleição é a festa da democracia, da liberdade. Você é quem decide. “A democracia tem essa vantagem, a Câmara muda porque aqueles que o povo achou que não deviam voltar não voltaram. Se não der certo, tira. Vamos votar, pois tivemos uma abstinência muito grande. Está certo que muitos não votaram por causa da doença, mas eu gostaria que a população votasse e fosse para as urnas eleger seus representantes. Vamos refletir sobre isso, vamos dar o nosso voto de confiança”. Para os eleitos, ele deseja sucesso, pois Santarém precisa. E como conselho, o professor Fonseca nos diz que devemos participar do movimento político porque gostamos de Santarém, e essa função não é somente dos candidatos.
Por Thays Cunha
RG 15 / O Impacto