Artigo – A hora do espanto, inflação de 2020 deve chegar a 4,5%
Por Oswaldo Bezerra
Antes de ir pra casa pensei em comprar óleo para fritar um ovo em casa. No supermercado mais uma vez me espantei com o preço do óleo de soja – R$ 8,00. Será que este óleo foi ungido pelo pastor Valdomiro para custar tão caro? Pensei! Em mais uma “Live”, o presidente explicou o motivo do aumento do preço. Segundo ele, foi por causa do “fica em casa”, ocorrida no meio do ano, por isso as pessoas ficaram mais gordinhas e passaram a comer mais, e o preço subiu.
O presidente disse que nem precisava de pesquisa para saber que o aumento dos preços foi pelo “fica em casa”. Ao lado dele, o Ministro da Tecnologia balançava a cabeça concordando. Que vexame para um cientista, que concordava com o presidente levantando o dedinho. Alguém precisa explicar ao astronauta que ele não tem nada a ver com o aumento do preço do arroz.
Alimentação básica foi a grande vilã da inflação em 2020 no Brasil. O Banco Central do Brasil informou esta semana que sua estimativa de inflação para 2020 subiu para 4,3%. A estimativa está acima da meta central de inflação, que é de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo, ou seja, entre 2,5% e 5,5%.
O grupo de alimentos e bebidas foi responsável, sozinho, por 75% da inflação nas famílias de baixa renda em novembro. Os destaques foram os aumentos no arroz (6,3%), batata (29,7%), frango (5,2%), óleo de soja (9,2%) e carnes (6,5%).
Devido às festas de final do ano, os preços das proteínas (carne bovina, suína e de aves) continuaram a subir uma alta motivada pelo embarque, pois o Brasil está exportando muita carne para a China e desabastecendo o mercado interno.
O problema da alta inflação tem uma explicação não tão simplória como defende o presidente. A explicação da alta de preços de alimentos começa com a alta do preço do dólar. Isso foi algo importante na ascensão de Bolsonaro, que em campanha culpava Dilma pela alta do dólar, e afirmava que se vencesse a eleição o preço da moeda norte-americana cairia pela metade do valor.
Essa queda do dólar não aconteceu. Então o discurso mudou. Paulo Guedes afirmou que o dólar baixo era ruim, pois até empregada doméstica estava indo para a Disneylandia. Guedes esqueceu que o dólar não é só turismo, nem só Disney. O câmbio também influencia no que temos na mesa para comer. Com o dólar valendo mais, compensa mais para o produtor exportar alimentos que vender aqui no mercado interno.
Só entre março e julho deste ano, as exportações de arroz tiveram 220% de aumento. Com a diminuição da oferta do produto no mercado interno o preço, lógico, subiu. O governo federal deveria ter tomado ações para que o produto não ficasse tão caro no mercado interno.
Talvez o governo federal tenha até tentado baixar o preço dos produtos alimentícios, mas não sabia direito o que estava fazendo. Pelo menos foi o que notamos na sua “Live” onde o presidente falou que: “Zeramos o IPI do arroz (de maneira confusa pediu para um assessor confirmar se o IPI foi zerado mesmo)”. Depois o presidente alegou que havia zerado imposto na área de saúde, mas que o governador de São Paulo não zerou o ICMS da área de saúde. Foi uma confusão generalizada a explicação do presidente, que terminou a explicação dizendo: “E daí?”.
Quando a pandemia levou uma situação crítica para todos os países, seus líderes tomaram ações para garantir a segurança alimentar de suas respectivas nações. O Brasil ignorou a segurança alimentar dos brasileiros, pois enxergou ali uma oportunidade de negócio para o Agronegócio.
Muitos países impuseram restrições à exportação de alimentos. Começaram também a fazer estoques. O governo federal não fez nada disso e aproveitou para aumentar as exportações e esqueceu que o país precisa alimentar uma enorme população. O Brasil também abriu mão dos estoques regulatórios de grãos. O Brasil ficou nas mãos de políticas mal formuladas, e da alta do preço dos alimentos no mercado internacional.
Isso acontece por que o governo federal é um ignorante em Economia? O presidente Bolsonaro afirmou: “Eu falei a besteira de dizer que não sabia nada de economia, o presidente Lula entendia de economia (falou ironicamente de Lula, mas se contrapor a macroeconomia dos dois govvernos Lula venceria de 10×0).
Claro que sabemos que Bolsonaro entende muito bem de Economia, o que houve foi negligência mesmo. O compromisso do atual governo é com o “lobby” dos barões do agronegócio. E para a população em geral o que ele tem a dizer é o clássico: “E daí?”. E daí que não tem nada mais irritante para uma população do que a fome.
Quando nos referimos aos consumidores de baixa renda, esse impacto é perverso, porque ele reduz muito o poder aquisitivo de famílias que foram mais diretamente afetadas pelo efeito da COVID-19 na economia. As famílias de baixa renda são aquelas que perderam o emprego, que têm uma dificuldade maior de recolocação profissional, então elas já vivenciam um aperto financeiro ditado pela falta de renda, e o que piora é que a alimentação básica, da qual ninguém pode abrir mão, também foi a vilã da inflação em 2020. A sensação que os preços subiram muito é muito maior para as famílias que vivem o outro grande drama deste ano, o desemprego.
RG 15 / O Impacto
Pronto, temos aí um ótimo ministro da economia pro Maduro, afinal por lá a inflação já chegou a 1.ooo.ooo,oo % (1 milhão !). Como afirma no texto, o segredo está em “”acabar com o lobby dos barões do agronegócio””, tudo muito simples ! Que maravilha condenar o sistema capitalista, mas residindo nele, porque morando numa Venezuela vc passa a criticar, e a odiar mesmo, é o comunismo !!!