Artigo – Retrospectiva (2020) de um ano para esquecer
Por Oswaldo Bezerra
No futuro, os livros de história informarão de 2020 como o ano da maior pandemia desde a gripe espanhola. Será o ano da epidemia de corona vírus, o ano do “negacionismo”, do medo da agonia e das dificuldades econômicas.
Primeiro trimestre
Em janeiro ninguém ainda sabia que este seria o ano da pandemia. Mesmo assim, as coisas já não estavam boas. No segundo dia do ano um bombardeio, ordenado por Trump, matou Qaseim Soleimani, o segundo homem mais poderoso do Irã e que havia acabado com os planos dos EUA de dominar a Síria usando o Estado Islâmico. Nos dias seguintes o mundo esperou por uma nova guerra, que não veio.
Na Austrália as florestas queimavam. Foi o pior desastre para a fauna da história humana. Ogo queimava a Austrália e água destruía Minas Gerais. Foi o período mais chuvoso do estado em 110 anos. Foram vitimadas 55 pessoas como resultado de enchentes e deslizamentos.
Em Brasília o secretario geral da cultura, Alvim, fez um anúncio dos novos prêmios nacionais da área. Para “puxar o saco” do presidente, Alvim fez um discurso nazista com uma representação do nazista Joseph Goebbels. Foi demitido em seguida.
Um motim de Policiais Militares transformou o mês de fevereiro no período mais violento da história do Ceará. Nas duas semanas de greve ocorreram 26 assassinatos por dia. Um senador da República, Cid Gomes, ao tentar desobstruir o portão de entrada de um quartel com uma retro escavadeira, foi baleado no peito. Ficou por isso mesmo.
O miliciano e matador de aluguel, ex-capitão do BOP, Adriano Nóbrega, condecorado por Bolsonaro, e que mantinha estreitas relações com a família Bolsonaro, em esquemas de rachadinha e compras nas lojas de um dos filhos do presidente, foi morto em um cerco da polícia, no interior da Bahia. Ação policial ficou envolta em mistérios, que fez Adriano levar para o túmulo muitos segredos.
Em fevereiro, Valter Braga Neto, primeiro interventor federal do Rio de Janeiro assumiu a Casa Civil. Foi o primeiro general a assumir o cargo desde a ditadura militar. O filme sul coreano “O Parasita” foi o primeiro filme não falado em inglês a ganhar o Oscar. Neste mês de fevereiro, o corona vírus saiu do sudeste asiático.
No início de março, Bolsonaro se encontrou com Trump deixou claro como combateria a pandemia no Brasil. Na época, ele definiu a pandemia como uma fantasia criada pela imprensa. Nesta visita mais de 20 integrantes da comitiva do presidente foram infectados.
Na volta ao Brasil, influenciado por Trump, Bolsonaro iniciou uma guerra aos governadores que tentavam lutar contra o vírus. Foi nesse momento que afirmou que corona vírus era apenas uma gripezinha. No mesmo dia deste pronunciamento, as Olimpíadas foram canceladas pela primeira vez na história.
O presidente começou então a participar dos atos antidemocráticos. Os atos pediam o fechamento do Congresso e do STF. Enquanto isso, neste mês de março, o Papa rezou uma missa, sozinho na praça de São Pedro.
Segundo trimestre
Em junho, pela primeira vez, mais da metade dos brasileiros não têm trabalho, informou o IBGE. Apesar de uma forte resistência do governo, os partidos oposicionistas com apoio do Congresso conseguiram aprovar o “Auxílio Emergencial” para trabalhadores que perderam renda. O valor de 600 reais foi uma vitória da oposição, o governo queria dar só 200.
Quando a crise sanitária tomou vulto, o presidente demitiu o Ministro da Saúde, Mandetta. O novo ministro não passou nem um mês. Nelson Teich pediu demissão por não querer fazer ampliar o uso da Cloroquina no tratamento da Covid-19. O novo Ministro Saúde, Pazuello, entrou se gabaritando como um especialista em logística.
Em abril saiu do governo o Ministro Sérgio Moro vendo sepultada sua aspiração ao STF, como prometido por Bolsonaro. Segundo Moro, sua saída foi por não compactuar a intervenção na Polícia Federal para defender os filhos do presidente. O ministro do STF, Celso de Melo, autorizou abertura de inquérito para apurar as denúncias de Moro.
Em maio, o presidente queria enviar tropas para o STF, mas foi dissuadido. No Rio de Janeiro, uma operação da Polícia Federal, contra o governador Witzel desencadeou em pedido de Impeachment.
Nos EUA, o segurança negro George Floyd foi covardemente assassinado por um policial. Morte esta que desencadeou protestos em todo o país. No Brasil um ato anti fascista terminou em confronto contra a PM em São Paulo.
Celso de Melo mandou divulgar vídeo de reunião ministerial. Nesta gravação Bolsonaro admite sua interferência na Polícia Federal para defender seus amigos e família.
O ministro da Educação, Weintraub, sofre dois processos em junho, um por racismo e outro por ameaças a ministros STF. Vendo a prisão se aproximar, Bolsonaro o indica para o Banco Mundial e Weintraub saiu do país. Para o lugar dele entrou Decotelli. Foi demitido em 5 dias por ter falsificado o currículo. Finalmente a pasta foi assumida por um pastor.
Também em junho a Polícia Fedral desmancha a milícia 300 do Brasil. Era uma milícia liderada por Sara Winter, ex-assessora de Damares Alves. Logo depois Sara foi presa, junto com o blogueiro disseminador de fake news Oswaldo Eustáquio.
Outro a ir para o xadrez, mas de maneira breve, foi Fabrício Queiroz. Ele é operador dos esquemas de rachadinhas na Assembleia legislativa do Rio de Janeiro. Estava na casa de um dos advogados da família Bolsonaro, Frederick Wassef.
Terceiro trimestre
O segundo semestre começou com Bolsonaro sendo diagnosticado com Covid-19. Em agosto a SpaceX se tornou a primeira empresa privada a levar o homem ao espaço. Uma explosão no porto de Beirute deixou mais de 180 mortos e 6 mil feridos.
Um triste caso de uma menina de 12 anos que engravidou por estuprada pelo tio com freqüência. Em Recife, um grupo de fanáticos religiosos tentou invadir um hospital para impedir a interrupção da gravidez, que neste caso é permitida por Lei.
Pela primeira vez na história, a Justiça eleitoral aprovou a distribuição proporcional do fundo eleitoral entre brancos e negros. Como resultado, houve a maior participação de candidatos negros no pleito municipal de novembro da história do Brasil. A Justiça também aprovou o FUNDEB como permanente.
O fogo voltou aos noticiários com os mega incêndios na Califórnia. Foi no Pantanal brasileiro que as chamas destruíram 30% do bioma da maior planície alagada do planeta. Sales, Ministro do Meio Ambiente informou que o incêndio foi causado por falta de bois. No dia 28 de setembro o mundo passou a marca de 1 milhão de mortos por Covid-19.
Quarto trimestre
Com 150 mil mortes, o presidente afirma que o problema da pandemia já havia sido duperado. Na Bolívia, Luis Arce, ex-ministro de Evo Morales vendeu as eleições. Depois do golpe de estado de 2019, o partido “Movimento Ao Socialismo” voltou ao poder.
No Rio de Janeiro o hospital federal de Bonsucesso pegou fogo e matou 3 pessoas. A segunda onda de Covid-19 chegou a Europa e novas quarentenas foram implantadas. Operação que investigava desvios da saúde em Roraima, descobriu 33 mil reais escondidos entre as nádegas do senador e líder do governo Chico Rodrigues do DEM.
No dia 5 de novembro, Cássio Nunes Marques tomou posse no STF indicado por Bolsonaro em um acordo com o chamado “Centrão”. No dia 10, o Brasil ultrapassou a marca 162 mil vítimas do Covid-19.O presidente minimizou dizendo que um dia todo mundo vai morrer.
Também em novembro o Amapá ficou sem energia, durante 3 semanas. Foi a pior crise deste tipo no país desde 1999. O presidente visitou o estado; 19 dias depois do início do apagão. Nos EUA Joe Biden derrotou Trump. Foi uma indicação de que o mundo começa a abandonar a extrema-direita. Ainda em novembro, o cidadão negro João Alberto foi espancado até a morte por seguranças do supermercado Carrefour, em Porto Alegre, em uma não disfarçada atitude de racismo.
O mês terminou com a morte do maior de um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, Diego Maradona.
Em dezembro, EUA, Rússia, Reino Unido e China já estavam abrindo as campanhas de vacinação em massa contra a pandemia do corona vírus. No Brasil, uma politização da vacina faz com que nós sejamos um dos últimos países a criar campanha de vacinação em massa. O número de países que já iniciaram as campanhas está em 40.
Pelo menos fomos campeões em alguma coisa. Nossa moeda foi a que mais se desvalorizou no mundo. A inflação da cesta básica foi a maior já registrada na era do Real. De janeiro a outubro a alta foi de mais de 12%. O ano de 2020 realmente é um ano para se esquecer.
RG 15 / O Impacto