Artigo – Neoliberalismo, as pontas que não estão mais soltas

Por Oswaldo Bezerra

Nunca se viu no país uma política com tanto divisionismo como agora. São muitos acontecimentos bobos elevados a discussão nacional. Qualquer pessoa com senso crítico é levado à desconfiança de que algo grande está acontecendo.

O Brasil nunca precisou de tanto diversionismo. O país sempre viveu imerso em discussões sobre novela e futebol. Hoje somos levados a ver todos os dias alguma pessoa com muito ódio a atacar alguma instituição. Também ouvimos todos os dias nosso presidente chamar tantos palavrões e não dizer nada sobre um plano de nos tirar deste subdesenvolvimento.

A infraestrutura do Brasil está se desintegrando. Nossas redes de energia nunca falharam tanto, vimos o Amapá voltar à idade das trevas. Nosso saneamento básico é uma piada, por isso estamos perdidos nesta grande emergência nacional da pandemia. Tivemos até que decretar toque de recolher. Por quanto tempo mais o Brasil aguentará até começar a ficar tudo caótico?

A experiência neoliberal da América Latina foi um fracasso total nos anos 90. Este modelo econômico voltou com força total na América Latina, liderado pelo Brasil. Os resultados são tão bizarros que está sendo enxotada de cada país em que se instalou. Foi assim na Argentina, Bolívia, Chile e mais recentemente no Equador.

O Brasil é ponto fora da curva. Aqui o neoliberalismo está a pleno vapor e já nos causa problemas. Um exemplo disso são os infindáveis reajustes dos preços dos combustíveis que estão inviabilizando o país.

O presidente da Petrobras, que era um pau-mandado do sistema financeiro internacional, foi demitido por Bolsonaro. Logo veio uma onda de ameaças e reações contra o governo.

A reação veio da imprensa corporativa e do mercado financeiro. Os Bancos rebaixaram a Petrobras e sugeriram aos seus clientes venderem suas ações. A imprensa corporativa cobra por mais privatizações.

Um grande amigo meu teve seu pai acometido pela Covid. Ele o levou para o hospital Belém na capital paraense. Teve que pagar uma fortuna em caução. Um funcionário honesto lhe falou que era melhor levar seu pai para o sistema público. O sistema público estaria melhor preparado para cuidar do pai dele.

O Brasil não precisa do sistema público apenas para cuidar de nossa população carente. O sistema público de saúde, bancário e industrial é a nossa única solução para sairmos do subdesenvolvimento. De certa forma, o neoliberalismo tenta nos garantir que isso não aconteça. Este sistema econômico destrói o sistema público.

Enquanto somos entretidos pela política de divisionismos, o Banco do Brasil e a Caixa, por exemplo, estão sendo fatiados e vendidos aos poucos. O Banco do Brasil já privatizou a área de seguridade e vai privatizar a área de cartões de crédito de fundo de investimentos. São criadas subsidiárias para privatizar aos poucos tudo.

O esquartejamento vai além da independência do Banco Central e dos bancos estatais. A Petrobras quando foi subdivida em UN´s (Unidades de Negócio) já tinha por objetivo da entrega aos poucos para o sistema financeiro internacional. O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) apontou que a Petrobras vendeu a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, pela metade do valor que poderia receber. Ela valeria US$ 4 bilhões. O grupo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes, arrematou por apenas US$ 1,65 bilhão .

Sem indústrias competitivas, sem estatais para fomentação do desenvolvimento nos tornaremos uma imensa fazenda, rodeada por favelas por todos os lados. Nossa população está cada vez mais pobre.

Nunca pagamos tão caro por um litro de gasolina. Contudo, o preço internacional do barril é o mesmo de 15 anos atrás. A gasolina não está mais cara, nós é que estamos mais pobres, nossa moeda é que perdeu valor. Quem está faturando com isso? Está faturando com isso quem impõe o regime neoliberal, o sistema financeiro internacional.

RG 15 / O Impacto

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