Série especial “lições da pandemia” – com Alberto Batista
Por Thays Cunha
No início de 2020 fomos surpreendidos com a notícia de que o novo coronavírus estava rapidamente se espalhando e que com isso teríamos que viver desse momento em diante em estado de alerta. O termo pandemia, antes quase nunca dito em nenhum noticiário, de uma hora para outra começou a fazer parte do nosso vocabulário diário, assim como também o termo lockdown. Em março deste ano, Santarém sofreu a sua primeira paralisação e ficamos em casa assistindo por alguns dias a vida seguir diante de nossos olhos. “Logo vai passar, não será nada demais”. “O lockdown e o vírus vão embora em poucos dias”. “Não se preocupem, poucos vão morrer”, pensávamos repetidamente enquanto os primeiros 15 dias iam passando. No entanto, chegamos a abril de 2021 com mais de 330.000 mil brasileiros mortos, menos de 10% da população vacinada e nenhuma previsão de quando tudo irá se normalizar mesmo após mais de um ano de covid-19.
Durante esse tempo muita coisa mudou e agora vivemos o que chamamos de “novo normal”. Com escolas sem aulas, toques de recolher, fechamento total ou parcial do comércio e de áreas de lazer, ficamos reclusos, sem poder nos tocar, abraçar e visitar amigos e familiares. E em meio a todas essas transformações, experiências e mudanças, também tivemos muitas perdas e momentos difíceis, pois a pandemia trouxe problemas não só para as áreas da saúde e da vida da população como para a economia, setor duramente afetado pelo avanço da doença pelo país. Nesse momento, o ser humano teve que se reinventar, ser criativo e principalmente mais forte do que nunca para superar tantas coisas ruins.
Assim, analisando todo esse cenário, quais lições foram possíveis aprender através dessa pandemia? O que levaremos para a vida e usaremos como força motriz para o nosso desenvolvimento pessoal e humanitário após passarmos por essa experiência?
Para falar sobre essas mudanças que passamos de forma pessoal e como sociedade em geral, O Impacto traz a opinião de algumas lideranças de setores sobre as “lições da pandemia” através de uma série de entrevistas especiais. Na primeira delas, conversamos com Alberto Batista, diretor da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará (FACIAPA) e presidente do Sindicato dos Lojistas (SINDILOJAS). Ele nos falou um pouco sobre como as atividades do setor comercial foram atingidas pela pandemia, assim como deu a sua visão pessoal do que aprendeu durante esse um ano em que estamos lutando contra o coronavírus.
Sobre os impactos da pandemia na economia de Santarém, Alberto Batista declarou que “não somente o setor logístico tem sido impactado no comércio durante a pandemia, pois desde março de 2020 toda a economia do município tem sofrido os efeitos da Covid-19. Lockdown, funcionamento com horário reduzido, queda acentuada nas vendas, aumento nos preços dos produtos, dificuldade de acesso ao crédito, execução fiscal. Tudo isso, somado, aponta para um cenário de incertezas e aumento no desemprego.”
Em relação a esses todos esses impactos sofridos, perguntamos para o diretor da FACIAPA quais lições foram aprendidas pelo setor na tentativa de driblar os problemas ocasionados pela pandemia. Alberto respondeu que “a dinâmica da economia de um país é fixada com base nas ações do governo, mercado e consumo. Esse tripé precisa ser trabalhado de maneira harmônica e com segurança jurídica. As ações do governo no combate a pandemia ficaram muito a desejar, e, por conseguinte, a economia desmoronou. Se há uma lição a ser aprendida, essa tarefa deve ser feita pelos governantes. Quanto a nós, empresários, talvez seja trabalhar para que o Brasil aprenda a separar a política da economia”. Porém, adquirimos algum aprendizado para utilizar caso se, hipoteticamente, uma situação como essa venha a acontecer futuramente. Nesse caso, em uma situação de pandemia ou de restrição de circulação de pessoas, seria interessante então “capitalizar as empresas, otimizar custos, ampliar o comércio on-line e capacitar os colaboradores para o mercado virtual”.
Em relação às suas impressões pessoais, em resposta a pergunta “O que você aprendeu ao longo desse um ano de pandemia de Covid-19?”, o presidente do SINDILOJAS disse que aprendeu “que somos reféns de um modelo político arcaico, incapaz de funcionar em tempos de crise, e que seja capaz de proteger as pessoas. Também que a economia informal é a grande geradora de renda em nosso município e, por último, que devemos salvar o emprego dos nossos colaboradores, pois eles são a base do nosso sucesso”.
Por fim, para conseguirmos passar por esse momento difícil e vencê-lo, Alberto acredita que “primeiro, devemos respeitar a ciência e seguir suas orientações; segundo, todos devem ser vacinados; e terceiro, devemos manter a fé, a esperança e continuar trabalhando para a retomada do crescimento econômico e social, aprendendo com os nossos erros para não ter que repeti-los”.
RG 15 / O Impacto