Artigo – Moro pode ser chamado de muita coisa, menos de incompetente

Por Oswaldo Bezerra

Confesso que nunca li um artigo tão bem escrito como o redigido pelos brilhantes juristas Lenio Luiz Streck, Marco Aurélio de Carvalho e Fabiano Silva dos Santos. O artigo “O dilema Tostines: Moro já era suspeito! Por isso, foi incompetente” publicado no Jornal O Impacto é perfeito tanto na forma como no conteúdo. Contudo, há algo que discordo dos autores. É quando eles afirmam que o ex-juiz Sérgio Moro é incompetente.

Hoje o STF formou maioria para tornar Moro incompetente, corroborando com a ideia dos autores. Não concordo e tenho minhas razões para isso e vou explicar o porquê. Minhas razões são fundamentadas em observações desde 2002.

Foi em 2002 que Sergio Moro, a frente do caso do Banestado, conseguiu manter o esquema da “Dossiecracia Transnacional”. Claramente montada por controle estrangeiro, como mostrado no artigo “A Dossiecracia Transnacional de Romulus Maya”. Ficava demonstrada aí ligações do ex-juiz com agentes estrangeiros.

Em 2008 fui até aos EUA por ter sido contratado por uma empresa norte-americana. Era a mesma empresa que havia sido capitaneada por Dick Cheney. Aquele que junto George Bush filho fizeram a tomada de quase todos os campos de petróleo do Oriente Médio.

A cidade em que fui fazer os cursos de aperfeiçoamento era Ducan. Uma cidade inteira da empresa Halliburton. Em certo dia fui levado a conhecer a fábrica de caminhões de fraturamento hidráulico. Era uma planta gigantesca. Os caminhões seguiam uma fila de montagem dentro de um galpão por quilométrico. Eram tantas peças que o caminhão levava quase um mês para ser terminado.

Mesmo para mim, que vivi a vida toda dentro da indústria do petróleo, aquilo era uma novidade. Explorar petróleo em reservatórios sem porosidade e permeabilidade parecia um desafio incrível improvável.

Voltei ao Brasil e continuei trabalhando e vendo que o pré-sal cada vez mais se tornava uma realidade muito lucrativa. A aposta é que finalmente o Brasil estava acordando para sua maioridade econômica.

As reservas do pré-sal aumentavam cada vez mais e, à medida que os estudos avançavam nos apontava um futuro próspero. Preocupações exacerbadas com falta de mão de obra qualificada eram o que mais preocupava a todos.

Descobrimos um dos maiores reservatórios do mundo com custo baixíssimo (em torno de 6 dólares por barril). Muito melhor que os pequenos reservatórios, explorado pela indústria do fraturamento hidráulico dos EUA, que tinham um custo de 70 dólares por barril. Isso sem contar a catástrofe ambiental que causa.

Em 2012, já estava trabalhando pela empresa franco-americana Schlumberger tive de voltar aos EUA. Desta vez já vi a indústria do fraturamento hidráulico a todo vapor. Mais de 60% de todo capital investido na indústria de fracking (ou fraturamento) era estatal. Em outras palavras, a indústria de franking norte-amerciana era muito mais estatal que a nossa Petrobras.

Para traçar um paralelo do que aconteceu, relembremos do Irã. Este país era explorado por uma indústria inglesa de petróleo. O país muito pobre, só recebia migalhas desta empresa. Algo semelhante do que acontece com as empresas de mineração no Pará.

Com a revolução islâmica todo seu petróleo foi estatizado. O país passou a prosperar. Em consequência, os EUA e seus vassalos passaram a sancionar o país. Em uma reunião do governo norte-americano e o britânico, aos risos comentaram que o Irã iria saber o que é ter um bom produto, mas ninguém para comercializar. Até hoje o Irão sofre estas consequências.

O crescimento da indústria de fracking norte-americana, para sobreviver, precisava que os preços de vendas fossem alto e ter muito mercado consumidor. Por isso, quando estive nos EUA em 2012, observei muita preocupação dos deles quanto ao pré-sal do Brasil, que poderia competir de maneira desigual, por ter custo muito mais baixo de exploração.

Os EUA não podiam sancionar o Brasil. Pegaria mal, somos a maior democracia do mundo, em termos de votos. Era necessária outra forma de destruir a indústria brasileira do petróleo. Eles começaram coma espionagem. Começou com o sumiço de computadores da Halliburton no Rio de Janeiro até a maior espionagem empresarial da história. Em cima da Petrobras, retratada no The Guardian. Isso valeu até o “Oscar” do jornalismo para o Glenn Greenwald.

Após serem descobertos em espionagem industrial, os EUA passaram a ser menos sutis nas suas ações. Foi transferida para o Brasil a famosa derrubadora de governos, a diplomata Liliana Ayalde. Ela já havia derrubado uma vez Hugos Chaves da Venezuela, país com o maior reservatório do mundo, e Fernando Lugo do Paraguai, onde logo após o golpe os EUA instalaram uma base militar.

Coincidentemente, com a chegada de Ayalde, a Lava Jato partiu para a destruição da indústria de Petróleo e das empreiteiras do Brasil. Depois de Dilma ser destituída do cargo, os EUA substituíram o diplomata. Mandaram um especialista em domar distúrbios. Os norte-americanos pensavam que, depois da destruição de nossa indústria, haveria uma reação popular intensa. Nunca houve, isso é Brasil.

Moro conseguiu visitar a CIA sem levantar suspeita no Brasil que trabalhava em razão de interesses estrangeiros. O ex-juiz conseguiu documentação para agentes do FBI trabalharem ilegalmente no país. Moro conseguiu traze missões estrangeiras do Departamento de Estado norte-americano para o Brasil de maneira camuflada. Moro conseguiu tirar da eleição um presidente nacionalista e eleger o mais entreguista desde a era de FHC. Moro conseguiu destruir a indústria nacional e criar tanto desemprego que viabilizou as empresas norte-americanas de aplicativos, as que trabalham com a semi-escravidão.

Por tudo isso, podemos apontar ao Moro todos os piores adjetivos da língua portuguesa, mas não podemos nunca chamá-lo de incompetente. Ele conseguiu tudo o que o Departamento de estado dos EUA queria. Por isso, ele ainda continua atuando em favor dos EUA.

Dos colaboradores dos serviços secretos dos EUA, Moro ainda continua vivo e atuante. Ele participou de uma reunião secreta onde o governo norte-americano, apoiado pela União Europeia, tentam frear a expansão da fronteira agrícola no Brasil. É mais um deserviço de Moro aos interesses do Brasil . Moro foi tão competente que hoje estamos importando óleo diesel dos EUA.

RG 15 / O Impacto

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