Artigo – Como a China conseguiu o recorde histórico de crescimento de PIB de 18,3% no primeiro trimestre?
Por Oswaldo Bezerra
Desde que o PIB trimestral começou a ser medido na China, nunca um valor chegou a 18,3%. A economia da China se expandiu em um ritmo recorde no primeiro trimestre, isso em plena recuperação da crise impulsionada pela pandemia do ano passado.
A explosão do produto interno bruto foi o ritmo mais rápido desde que os registros trimestrais começaram há três décadas. Tudo bem que a China, como todo mundo, está saindo de uma contração histórica de 2020, que foi o auge da pandemia.
A previsão de uma associação de economistas já previa uma alta, mas não tão grande. Foi uma surpresa até para os chineses.
Embora a doença tenha surgido pela primeira vez na China central no final de 2019, o país também foi o que mais rapidamente se recuperou depois que as autoridades impuseram medidas de controle rigorosas e os consumidores ficaram em casa.
Os dados foram divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas, Liu Aihua, para repórteres na última sexta-feira, dia 16 de abril. O aumento acentuado foi devido, principalmente, a fatores sui generes como o valor de base baixo, em comparação aos do ano passado. Também teve relação o aumento dos dias de trabalho devido à o cancelamento do feriado do Ano Novo Lunar.
Os trabalhadores migrantes foram aconselhados a permanecer nas áreas onde trabalharam durante o intervalo, devido ao temor de que a migração massiva anual pudesse levar a surtos locais.
O desempenho foi muito superior do varejo. É um sinal de que o setor de consumo, que é crucial do país, está voltando a normalidade. Os números mostraram que as vendas no varejo aumentaram em março, levando o crescimento do primeiro trimestre para impressionantes 33,9%. É a vida do país asiático voltando ao normal..
Já a produção industrial cresceu menos do que o esperado. Ficou no patamar de 24,5% no trimestre. Os números ainda não computaram o fato do que as autoridades anunciaram que as exportações, e principalmente as importações, dispararam em março. Mesmo assim, os chineses afirmam que o cenário internacional ainda é de grandes incertezas.
As vacinas estão sendo lançadas em todo o mundo, a distribuição é desigual e o aumento das infecções está forçando os governos a implantar de novo as medidas de contenção, impedindo a recuperação.
A taxa de desemprego urbano, uma figura que os analistas têm observado de perto, caiu só um pouco. Foi para 5,3%. Os economistas esperam que os impulsionadores do crescimento possam mudar nos próximos meses e alertaram para a recuperação desigual que vem mostrando até agora.
A produção industrial liderou a recuperação no ano passado, mas já desacelerou. Há expectativa de que, com o desempenho superior das vendas no varejo e um mercado de trabalho em recuperação, haja uma aceleração do consumo privado.
O grande problema da China hoje, mas que é uma vantagem para os EUA, é a velocidade da vacinação. Nos EUA quase metade da população adulta já foi vacinada. Sem atingir a imunidade de rebanho a situação chinesa ainda é uma incógnita.
Ainda há a dificuldade que Pequim terá de enfrentar que é reposicionar sua economia de uma base de manufatura movida a carvão para outra movida por energia verde de alta tecnologia e consumo doméstico.
A forte recuperação pós-pandemia do país foi impulsionada pelo carvão. Com uma série de novos planos aprovados, e os ambientalistas estão preocupados que isso possa impedir a mudança para políticas mais verdes.
Um relatório da empresa de análise TransitionZero disse na última quinta-feira, 15 de abril, que a China precisava “cancelar todo o carvão imediatamente e indefinidamente. Deveria converter toda a sua frota de carvão até 2040 para cumprir a meta de emissão zero. Os dados econômicos chegam enquanto o enviado climático dos EUA, John Kerry, está em Xangai para negociações de emissão zero.
RG 15 / O Impacto