Em Santarém, “Kit Covid” ainda é oferecido por médicos mesmo que não haja confirmação da doença

Por Thays Cunha

Quando os primeiros casos do novo coronavírus começaram a surgir houve certo desespero por conta de ser esta uma doença nova, e consequentemente não havia nenhum conhecimento sobre como e qual a melhor maneira de tratá-la. Apesar de ser uma doença que inicialmente se pensava causar apenas sintomas parecidos com os da gripe, logo percebemos que a covid-19 era um problema sério e que deveria receber atenção especial.

Muitas combinações medicamentosas foram aplicadas na intenção de tratar os infectados. Contudo, ainda não há medicamento específico para a covid-19, desse modo os cuidados com o pacientes, apesar de mais de um ano do surgimento, ainda dão conta somente de aliviar os sintomas e tratar as consequências negativas que o vírus traz para o organismo.

Infelizmente, apesar de vivermos em uma era de grande informação e tecnologia, muitos se mostram céticos quando à palavra dos cientistas, pessoas que dedicam suas vidas a estudarem um determinado assunto. Então, mesmo quando remédios são descartados como apropriados para tratar a doença e as pesquisas mudam de foco, as pessoas preferem acreditar em informações disseminadas através de redes sociais, geralmente por pessoas que sequer possuem quaisquer conhecimentos científicos.

“TRATAMENTO PRECOCE”

No início da pandemia no Brasil surgiu a expressão “tratamento precoce”, que acabou sendo politizada e gerou (e ainda gera) inúmeras discussões. O problema ocorre porque, embora não haja comprovação científica, algumas pessoas defendem o uso de medicamentos ineficazes ou sem eficácia comprovada na crença de que isso evitará que o organismo seja infectado pelo novo coronavírus ou então que haja o desenvolvimento de formas mais graves.

O debate sobre o tema ainda é intenso. Porém, tal crença tem efeitos negativos por levarem muitos a se sentirem seguros e por conta disso essas pessoas acabam não tomando as precauções necessárias para a contenção da doença, como o distanciamento social, uso de máscara e higienização com álcool em gel.

Assim, médicos, cientistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS) evidenciam, baseados em estudos, que por enquanto ainda não há tratamento para que se evite a contaminação pela covid-19 ou para frear o seu desenvolvimento. No entanto, apesar das orientações, muitos preferem seguir os conselhos de leigos e continuam a se medicar sem orientação profissional.

“KIT COVID”

O conjunto desses medicamentos de eficácia não comprovada, utilizados antes ou depois da contaminação pelo coronavírus, recebeu o nome popular de “kit covid”, e conta com fármacos como a azitromicina (um antibiótico, ou seja, eficaz contra bactérias), hidroxicloroquina (utilizada para tratar malária, artrite reumatóide) e a ivermectina (um antiparasitário, que teve o uso não recomendado para casos de covid pelo seu próprio fabricante). Tal kit chegou a ser indicado até mesmo para tratar bebês através da plataforma TrateCov, do Ministério da Saúde, que após polêmica acabou sendo retirada do ar.

Já há casos em que o uso frequente e desordenado desses remédios pode causar sérias complicações à saúde, como, por exemplo, hepatite medicamentosa, que ocorre quando o fígado inflama ou é lesionado devido ao uso excessivo de um medicamento. A patologia pode alcançar níveis graves a ponto de uma pessoa necessitar até de transplante, e em alguns casos leva a morte.

SANTARÉM

No entanto, apesar de todas as controvérsias e informações seguras de que esses medicamentos não possuem comprovação de que funcionarão para tratar algo mais além das suas definições originais (como a covid), por conta de motivações, sejam políticas ou pessoais, esse é um “tratamento” ainda bastante defendido por muitos.

O mais preocupante é o fato de médicos ainda oferecem esses remédios como uma alternativa para tratar a covid-19, mesmo que a pessoa não apresente sintomas da doença e não haja nenhuma confirmação de que ela possua o vírus através da realização de teste rápido ou exame.

Não podemos negar que aqueles que gestam Santarém estão se esforçado para manter a covid sob controle através de medidas de proteção e oferecimento de tratamento. Contudo, algumas práticas ainda precisam ser repensadas.

Recebemos a informação de que médicos santarenos ainda receitam esse tipo de medicamento para todas as pessoas que buscam atendimento com algum problema respiratório ou mesmo que estejam com algum sintoma gripal leve. Segundo um relato de uma pessoa que foi até o centro de atendimento contra a covid, instalado na creche municipal Paulo Freire, no último dia 22 de junho, o médico de plantão receitou alguns medicamentos do “kit covid” antes mesmo de sequer auscultar o seu pulmão. E embora a pessoa enfatizasse não ter febre nem sintomas graves, ainda assim os remédios foram receitados. Nenhum teste de covid foi realizado também para justificar a prescrição de tantos medicamentos e em nenhum momento o médico também perguntou para o paciente se ele possuía algum problema que pudesse impedir a ingestão dos remédios repassados (azitromicina, ivermectina, dexametazona, nimesulida e acetilcisteína).

Fica aqui o recado para que os problemas de saúde dos santarenos sejam tratados com mais cuidado e investigação antes da prescrição de um número tão elevado de medicamentos em conjunto, pois algumas pessoas podem ter restrições ou apresentarem problemas após a ingestão. Sabemos que esse é um tempo difícil, por isso todos devem fazer a sua parte para que o maior número possíveis de vidas sejam preservadas.

RG 15 / O Impacto

3 comentários em “Em Santarém, “Kit Covid” ainda é oferecido por médicos mesmo que não haja confirmação da doença

  • 2 de julho de 2021 em 15:56
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    A ignorância das pessoas , chega a extremos , pois temos:
    – Não existe comprovação cientifica de que do medicamento no tratamento da covid. Não comprovação que seja eficaz como não ha comprovação que não funcione .
    – os medicamentos usados , previnem de forma indireta os efeitos da doença, como no caso da Ivermectina.
    – O caso deve ficar entre médico e paciente , quem não quiser tomar , basta esperar os sintomas aumentarem e ser entubado , muito simples.
    Meu médico sugeriu que tomasse a ivermectina , tenho feito e comigo os sintomas , quando peguei , foi só de uma gripe ….

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  • 2 de julho de 2021 em 08:07
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    Manuel, é só não procurar o atendimento médico, já que o kitcovid não funciona, simples assim. Esperar ficar com falta de ar e aguarda uma internação.

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  • 1 de julho de 2021 em 21:32
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    Quando eles oferecerem esse tal kit, é mandar eles enfiarem no orifício traseiro deles.

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