Setor pesqueiro requer auxílio para enfrentar crise provocada pela “urina preta”

Por Diene Moura

As suspeitas dos casos da doença de Halff, mais conhecida popularmente como “Urina Preta”, geraram um cenário de pânico para os consumidores e desfavoreceu o setor pesqueiro formado por empresários e os mais de 5 mil trabalhadores associados na Colônia de Pescadores Z-20 do município de Santarém. A procura pelo pescado nas feiras e mercados tradicionais do município caiu significativamente no últimos dias e tem impactado consideravelmente na fonte de renda de profissionais ligados à classe.

A média de vendas reduziu devido a repercussão em redes sociais e outros meios de comunicação. Antes da divulgação da possível causa da morte de um mototaxista no município de Santarém, a comercialização variava de 1500 a 2000 quilos de peixes, diminuído agora para quase 100% nas vendas do pescado,  como que afirma a própria categoria. Devido isto, uma  reunião realizada no dia 13  buscou estratégias para antecipar o seguro defeso e  formar uma comissão de parlamentares a fim de articular em Brasília a possibilidade de  aderir um auxílio emergencial aos pescadores para enfrentarem a crise provocada pela suposto surgimento da doença.

Na reunião idealizada pela Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria de Agricultura e Pesca (Semap), em parceria  com a Câmara de Vereadores, Colônia de Pescadores Z-20, Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Baixo Amazonas (Mopebam) e demais órgãos do setor pesqueiro no Centro Municipal de Informação e Educação Ambiental (Ciam), foi levantada a hipótese de garantir uma via de subsistência, já que muitos pescadores estão estocando mercadoria ou retornando com a produção para sua comunidade de origem.

“Queremos nos sensibilizar com os pescadores, piscicultores e até os empresários com a atual situação. E dizer também que estamos articulando junto ao Governo do Estado e Federal um possível apoio, principalmente aos pescadores. Isso nos preocupa muito, tendo em vista que a vocação e costume da região são para a comercialização e consumo do pescado”, destacou o presidente da Câmara de Santarém, Ronan Liberal Júnior.

O presidente do Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Baixo Amazonas (Mopebam), José Ednaldo, relata que a hipótese de casos positivos em Santarém foram determinantes para o impacto negativo nas feiras e mercados. “É uma tristeza ver os nossos associados e pescadores terem seus peixes estocados em decorrência dessa situação. Estamos nos reunindo com o governo municipal e Câmara no intuito de debater e encontrar uma política pública que possa nos beneficiar “, contou.

O titular da Secretaria de Agricultura e Pesca (Semap), Bruno Costa, defende o consumo de pescado e destaca a importância da atuação dos órgãos de saúde fiscalização e orientação da população durante esse período.  “Enquanto município estamos bastante preocupados com essa situação, haja vista que impacta qualquer comércio ligado à classe. O consumo do pescado deve continuar e os órgãos de saúde estão auxiliando, afinal, são apenas três espécies que estão proibidas para comercialização oriundas do Amazonas: Tambaqui, pirapitinga e pacu. Queremos tranquilizar a população e dizer que até o momento não há nenhum caso confirmado em Santarém”, argumentou.

A comercialização da espécies fonte de contaminação da doença foram proibidas temporariamente através de decreto n° 995/2021 assinado pelo Prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, no dia de setembro.  Segundo o prefeito, uma medida sanitária foi  aderida a fim de garantir que todo pescado que chega na região tenham condições para consumo nas feiras e mercados. Por isso, foi idealizado uma barreira interestadual para  fiscalizar através da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), com apoio dos órgãos de vigilância em saúde, a entrada do pescado proveniente de outros estados principalmente do Amazonas no município de Santarém. No entanto, esclarece que outros meios de comercialização ainda estão permitidos.

“Tomamos uma decisão de proibir junto com a Vigilância Sanitária a comercialização e o consumo de peixes oriundos do Estado do Amazonas. Para deixar bem claro, do Estado do Amazonas! Os peixes tambaqui, pirapitinga, pacu, pescados no município de Santarém, no estado do Pará ou de outros Estados, como Mato Grosso ou provenientes da piscicultura, eles não estão proibidos o consumo e nem está proibida a comercialização, porque  não há necessidade dessa proibição. Mas por precaução nós proibimos no estado do Amazonas pela situação momentânea”, argumentou o Prefeito.

A iniciativa partiu de uma reunião realizada com representantes da vigilância em saúde, pescadores e vendedores que importam o pescado de outros estados e visa  permitir a manutenção da pesca e da venda dos estoques pesqueiros da região. A barreira interestadual fiscaliza a entrada do tambaqui, pirapitinga  e do pacu vindo do amazonas,   além de cargas de outras espécies, que também serão monitoradas. Os carregamentos de pescado só serão autorizados para venda após atenderem determinados critérios, bem como acondicionamento, condições de transporte, higiene e apresentação dos selos de inspeção impressos no rótulo da embalagem. São eles: Serviço de Inspeção Municipal (SIM), Serviço de Inspeção Estadual (SIE) da Adepará, Registro Artesanal da Adepará, Serviço de Inspeção Federal (SIF) e Sistema Brasileiro de Inspeção (Sisbi).

Doença de Haff – “Urina Preta”

A síndrome de Halff é causada por uma toxina sem cheiro e sem sabor, liberada pelo mal armazenamento de determinadas espécies como tambaqui, pirapitinga, bandejo, arabaiana e crustáceos (camarão e lagosta).

RG15 / O Impacto

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