Pará teve mais de 3 mil estupros de crianças e adolescentes em 2021
Neste sábado (28), Belém recebe a conferência “Infância Protegida: a Sociedade e a Igreja de mãos dadas”, promovida pela Rede Infância Protegida da Região Norte e Nordeste. A iniciativa é em alusão à campanha Maio Laranja, de combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, o Pará registrou 3.587 casos de estupro desse público, sendo 1.203 contra crianças de 0 a 11 anos, e 2.384 contra adolescentes de 12 a 17 anos.
Segundo o pastor Maxwell Barros, liderança da igreja Igreja Batista da Lagoinha, em Belém, apesar dos números expressivos, ele pode ser ainda maior devido à subnotificação. Ele também esclarece pontos importantes para o combate à violência contra crianças e adolescentes:
Como sociedade e igreja podem combater a violência contra crianças e adolescentes?
Resposta: A proposta é abrir o diálogo sobre o assunto e disponibilizar um treinamento para que agentes públicos, profissionais envolvidos, pessoas em interface com projetos sociais, professores, líderes de ministérios cristãos e interessados, no geral, estejam aptos a identificar e denunciar esses casos.
Como identificar sinais de que esse abuso intrafamiliar?
Resposta: As famílias nas quais isso acontece costumam ser disfuncionais. Segundo pesquisadores, algumas características sugestivas são: violência doméstica; pai e/ou mãe abusados ou negligenciados em suas famílias de origem; alcoolismo; famílias reestruturadas (presença de padrasto ou madrasta); violação da privacidade dos filhos; filhas desempenhando papel de mãe; filhos com comportamento autodestrutivo, isolados e retraídos, com poucos amigos, ou crianças com comportamento sexual inadequado para sua etapa de desenvolvimento. Essas famílias também costumam assumir atitudes de hostilidade diante de pessoas desconhecidas.
Quais sinais crianças e adolescentes podem demonstrar quando estão sendo vítimas de abuso?
Mudança no padrão de comportamento; proximidade excessiva (apesar de, em muitos casos, a vítima demonstrar rejeição em relação ao abusador, é preciso identificar quando uma proximidade excessiva também pode ser um sinal); regressão em relação à avanços no desenvolvimento; a criança ter segredos; reprodução de comportamentos abusadores ou brincadeiras de cunho sexual; lesões físicas (hematomas, dores e inchaços nas regiões genitais ou anal), roupas rasgadas, vestígios de sangue ou esperma, dores ao evacuar ou urinar; quadro de doenças sexualmente transmissível, entre outros.
Como intervir em casos suspeitos de abuso sexual contra criança e adolescentes em ambiente intrafamiliar?
É extremamente importante que a sociedade saiba como denunciar e que as famílias recebam apoio e sejam acompanhadas por uma equipe multidisciplinar. Existe o Disque 100, para que sejam feitas denúncias anônimas, também o número 181 e delegacias especializadas que recebem a denúncia mesmo que a pessoa não queira se identificar.
Fonte: O Liberal