Jornalista desaparecido fazia viagem para o seu livro ‘Como salvar a Amazônia?’

Colaborador de dezenas de jornais pelo mundo e especialista do tema ambiental, Dom Phillips trabalha como correspondente no Brasil há mais de 15 anos. Desde 2021, porém, passou a se dedicar ao livro “Como salvar a Amazônia?”, motivo que o levou, inclusive, a retornar à região dessa vez. Nesta segunda (6), foi reportado o desaparecimento do jornalista, junto ao indigenista Bruno Pereira, após ambos não concluírem uma viagem até a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas.

Considerado de perfil discreto, inclusive nas redes sociais, Dom Phillips chegou ao Brasil em 2007 e atualmente mora em Salvador, mas também já viveu no Rio e em São Paulo. No ano passado, ele recebeu uma bolsa da Alicia Patterson Foundation, como parte do projeto “Como salvar a Amazônia?” que selecionou 9 jornalistas que se dedicam ao tema, e que resultará em um livro. Phillips é o mais velho do grupo e a última viagem faz parte do seu roteiro de pesquisa e apuração.

Guia motivado por desespero ambiental

No site da agência literária Janklow & Nesbit é possível encontrar a sinopse do livro que Phillips vem desenvolvendo:

“Dom Phillips viaja pelas profundezas da Amazônia para nos mostrar o lugar mais maravilhoso da Terra, com toda a sua glória vibrante, frágil e radiante: a Amazônia”, com esse argumento, Phillips detalha a biodiversidade amazônica, mas denuncia o aumento das emissões de carbono e do desmatamento, o que poderão levar a Amazônia a um desequilíbrio climático e redução das chuvas. O livro “Como Salvar a Amazônia” é descrito como, em parte, um diário de viagem, e em parte um guia motivado por desespero ambiental, pois “Dom Phillips nos leva ao coração dessa grande maravilha do nosso planeta, mostrando-nos a miríade de povos que ela sustenta e as muitas maneiras pelas quais podemos evitar o colapso deste incrível ecossistema”.

O texto da agência elogia o trabalho de Phillips: “Ele dá vida ao calor, à beleza, ao medo e ao esplendor dessa região densa e extensa, com seus fazendeiros pistoleiros, indígenas guerreiros, policiais corruptos, ativistas ambientais, pregadores evangélicos fervorosos, garimpeiros de ouro e resilientes ribeirinhos”. A sinopse ainda destaca que o jornalista é testemunha ocupar tanto da devastação da floresta quanto das iniciativas que vêm sendo tomadas contra a degradação.

Ao longo da carreira, Phillips colaborou com dezenas de jornais, especialmente britânicos, americanos e brasileiros. O The Guardian é um dos jornais com o qual ele mais colaborou, assim como The Intercept, Financial Times, Washington Post, New York Times, Tim e Bloomberg.

Ativo no Twitter, onde comenta noticiário brasileiro, Phillips fala muito pouco sobre sua vida pessoal. No Instagram, cuja conta é fechada, ele postou, na semana passada, um vídeo de uma travessia de barco em um rio amazônico com a legenda “Amazônia sua Linda”.

Nas últimas semanas, no Twitter, ele compartilhou notícias e comentários sobre a tragédia das chuvas em Pernambuco, Bolsonaro e matérias sobre problemas sociais e econômicos. Mas seu maior foco é a questão ambiental.

Desde o início da pandemia, se dedicou a escrever reportagens sobre o tema, no Brasil. Mas sem perder a questão ambiental de vista. Em fevereiro de 2021, por exemplo, escreveu uma longa matéria sobre a alta do desmatamento no cerrado, para o HuffPost.

Fonte: Jornal Extra

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