Empresário proprietário de compra de ouro de Itaituba é preso em blitz, em SP
A Polícia Militar prendeu no domingo (18) o empresário de mineração Dirceu Santos Frederico Sobrinho, presidente da Associação Nacional do Ouro (Anoro), durante uma blitz de rotina, em Moema, na Zona Sul da cidade de São Paulo. Dirceu tem forte atuação no setor mineral na região oeste do Pará, inclusive, possuí loja de compra e venda de ouro em Itaituba.
A ordem de prisão temporária de cinco dias partiu da Justiça Federal em Rondônia, num processo sigiloso que apura a extração ilegal de ouro em terras indígenas na Amazônia.
Em maio, a Polícia Federal apreendeu, no interior paulista, um carregamento de 77 kg de ouro, avaliado em R$ 23 milhões, que, segundo Sobrinho, pertencia a uma de suas empresas, a FD Gold, uma distribuidora de valores com sede na Avenida Paulista.
À época, o empresário negou que a mercadoria tenha sido extraída ilegalmente de garimpos clandestinos nas regiões Norte e Centro-Oeste do país.
Neste domingo, Sobrinho foi encaminhado à carceragem da Polícia Federal (PF) em São Paulo. O advogado responsável pela defesa do empresário foi procurado, mas, até a última atualização desta reportagem, não havia se manifestado.
Apreensão de 77 kg de ouro
A Polícia Federal apreendeu 77 quilos de ouro sem procedência conhecida em Sorocaba (SP) em 4 de maio. O valor da apreensão soma cerca de R$ 23 milhões, segundo a PF. Seis pessoas que faziam o transporte foram detidas – quatro delas são policiais militares, um deles da reserva.
Dois dos policiais são da Casa Militar, órgão do gabinete do governador de São Paulo responsável pela segurança do Palácio dos Bandeirantes, entre outras atribuições.
A PF abriu inquérito para averiguar se houve prática dos crimes de usurpação de bens da União e receptação dolosa. Segundo documentos apreendidos, a carga de ouro saiu do Mato Grosso e Pará.
Segundo apuração, os nomes dos detidos são:
Marcelo Tasso (tenente-coronel PM da Casa Militar)
Gildsmar Canuto (sargento PM da Casa Militar)
Douglas Cristiano Burin (soldado PM)
Marcelo Dantas (sargento PM, atualmente na reserva)
Wilson Roberto de Lucca
Marcos Pereira dos Santos
O que diz a Casa Militar
Em nota, a Casa Militar informou que afastou os policiais assim que soube do caso. Tanto a Casa Militar quanto a Secretaria de Segurança Pública informaram que um dos policiais envolvidos na ocorrência está afastado do trabalho desde o final do ano passado e que o caso foi encaminhado para apuração da Corregedoria da Polícia Militar.
O tenente-coronel Tasso afirmou em nota que o ouro transportado estava “devidamente documentado” e que “nada de ilegal foi constatado” na fiscalização e ninguém foi indiciado.
Questionado sobre o caso, o governador Rodrigo Garcia disse que irá aguardar o fim da apuração da Corregedoria para se pronunciar.
O que dizem os detidos
O tenente-coronel PM da Casa Militar Marcelo Tasso se pronunciou através de nota. Leia na íntegra:
“Alguns esclarecimentos se fazem necessários. Um conhecido que tem uma DTVM devidamente legal me pediu a indicação de duas pessoas para fazer uma operação ontem. Nesta oportunidade, me convidou para conhecer como funcionava. Como não possuía compromissos, aceitei.
Porém, a Polícia Federal realiza operações para verificação de minérios preciosos. Esta é uma de suas incumbências legais e, na data de ontem, esse referido transporte foi alvo de fiscalização.
Como a carga é de valor muito elevado, indagaram se aceitávamos ir até a delegacia da PF para conferência, o que foi feito, sem dúvidas seria o local mais adequado para isto. Mas, devido à existência de mais de mil documentos relativos ao material (notas fiscais e etc.), isto demorou bastante, além da realização das oitivas de todos.
Foi constatado que tudo estava devidamente documentado, mas, por padrão, o material foi encaminhado para perícia.
Ninguém foi indiciado, e, a todo momento, os policiais federais ressaltavam que ninguém estava detido. Após os procedimentos acima, todos saímos da sede da PF em Sorocaba para os seus devidos destinos, não restando nenhuma consequência para nós. Apenas a empresa que fará as tratativas necessárias com a PF, haja vista o processo de verificação do material.
Claro que as reportagens são muito tendenciosas e chegam a ser inverídicas as colocações, mas isto tudo será analisado no devido momento. Reforço que nada de ilegal foi constatado. Caso contrário, as providências necessariamente seriam diversas.
Certo que tudo será esclarecido, apenas lamento a divulgação das inverdades por parcela dos órgãos de imprensa, bem como sou grato àqueles que se limitaram a divulgar os fatos como realmente ocorreram.”
A equipe de reportagem continuam tentando contato com os outros detidos.
Ouro veio do Mato Grosso e do Pará
A Polícia Federal informou que monitorava um avião particular suspeito, modelo King Air Turboélice, que pousou no Aeroporto Estadual de Sorocaba (Bertram Luiz Leupolz).
Com apoio da da Polícia Militar Rodoviária, os policiais abordaram dois veículos no km 74 da Rodovia Castello Branco, na praça de pedágio em Itu (SP), sentido capital.
Nos veículos, as equipes encontraram três malas com barras de ouro, totalizando 77 quilos. Uma quarta mala com diversos documentos também foi apreendida.
Os seis detidos foram levados à delegacia da PF em Sorocaba, onde foram ouvidos e liberados. O metal foi encaminhado para perícia em laboratório da PF.
A PF também informou que o avião foi apreendido. A aeronave é objeto de sequestro criminal em outro inquérito policial. As circunstâncias da utilização proibida da aeronave serão apuradas.
Fonte: G1 SP