Samu deixa de atender pacientes em surto psicótico; 2º BME explica critérios necessários para atuar nos casos

Socorristas temem riscos a integridade física durante atendimento

Por Diene Moura*

A denúncia da ausência do apoio policial nas ocorrências atendidas pela equipe de profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a pacientes em surtos psicóticos gerou opiniões diversas e contraditórias nas redes sociais.

De um lado uma mãe desesperada pedindo ajuda e de outro um impasse que até o momento não havia sido esclarecido em nenhum outro meio de comunicação. As repórteres de O Impacto,  Diene Moura e Wandra Trindade foram em buscas de respostas para elucidar sobre a atuação do 2° Batalhão de Missões Especiais (2° BME), nesses casos específicos.

Para detalhar a respeito, o Tenente Coronel e Comandante do 2° BME, Wilton Chaves, nos recebeu na tarde de quarta-feira (01), e nos repassou informações até então desconhecidas pela sociedade de modo geral.

Inicialmente, questionamos sobre a denúncia do último domingo (29), relacionada a mãe que estava com o filho amarrado supostamente em surto psicótico, dentro da residência situada na rodovia Fernando Guilhon, na grande área do Santarenzinho, em Santarém. Naquela ocasião, o Samu foi acionado, mas a mãe foi comunicada de que os socorristas não iriam sem apoio do BME. Em resposta, o BME informou que não iria naquela situação.

“A obrigatoriedade do atendimento é do Samu. Caso o Samu não queira ir, pode está até cometendo um crime de omissão, mas ele tem a obrigação de atender esse tipo de ocorrência. A polícia militar é acionada, caso ele esteja oferecendo perigo em posse de uma arma branca, por exemplo, uma faca ou até um pedaço de pau. Se ele estiver com arma de fogo, a ocorrência é nossa, e o Samu passa a ser o nosso auxiliar, não passa a ser o dono da ocorrência, nós somos o donos da ocorrência”, contou.

Atuação do 2° Batalhão de Missões Especiais (2º BME)

Ainda conforme o Comandante do 2° BME, a função do grupamento é determinada após os procedimentos adotados de outros dois batalhões existente no município,  3º BPM ou 35º BPM. Levando em consideração que os militares do Batalhão de Missões Especiais (BME), como o próprio nome diz, é o segundo esforço do policiamento.

“Se a pessoa esta em surto psicótico, esse atendimento é do Samu. Ele vai se interar, ele vai conversar, tentar uma negociação com essa pessoas. Depois que a polícia militar vai ser acionada, caso eles  não consigam fazer essa contenção e caso ele esteja em posse de um objeto que o Samu não consiga fazer essa contenção. O policiamento ostensivo ordinário entra para fazer negociação, se tiver exaltado, que não seja possível pela guarnição fazer aquela contenção, somos acionados para fazer essa intervenção”, ressaltou.

Ocorrência como gerenciamento de crise x Saúde pública

A condição psíquica de cada indivíduo é formada por diversas particularidades, social, familiar e clínico. É uma situação delicada para a família e pessoas próximas com distúrbios mentais provenientes de uso de entorpecentes, depressão, ansiedade, entre outros.

A pandemia, o luto, problemas financeiros e por fim, o isolamento social  na  vida particular e profissional, desencandeou ainda mais as doenças mentais.  De caráter imprevisível, os surtos por vezes podem ter consequências significativas se não forem manejados da maneira correta, como por exemplo, se a pessoa estiver armada.

“Caso o cidadão que esteja em surto, esteja em posse de uma arma, tanto de uma faca, quanto um pedaço de pau que esteja ameaçando outras pessoas, e até mesmo se ameaçando, nós vamos lá, para tentar fazer a negociação, vamos passar a tratar essa ocorrência como gerenciamento de crise, um de nós vamos negociar com esse cidadão, depois sim, nós vamos acionar o Serviço Médico de Urgência (Samu) para fazer a contenção química, se for necessária”.

Para a ocorrência, os militares utilizam armas não letais, tais como, spray de pimenta,  munições de elastomero e borracha, e os policiais também são qualificados para realizar imobilizações e defesa pessoal, além de equipamentos específicos para a contenção, bem como, escudos e capacetes balísticos, justamente pra segurar e preservar a vida do policial.

Ainda na manhã de quarta-feira (1), uma guarnição foi acionada para a região do rio Arapiuns, para atender um paciente em surto psicótico, que estava em posse de uma arma de fogo.

“Essa ocorrência nós não tratamos como surto psicótico, nós tratamos como cidadão com uma arma de fogo. Não é um paciente, é um cidadão com arma de fogo, nós vamos tentar retirar a arma dele. As pessoas que estão com depressão, pessoas que tem um histórico familiar. Exatamente nessa parte que a gente deixa com o Samu, que eles que são os responsáveis. Se o cidadão ta amarrado, ta contido pela família, porque nós temos que ir lá? A gente tira uma viatura de atender uma ocorrência mais grave, não está fazendo policiamento mais específico, pra ir atender uma coisa que já ta resolvida. Nem todos os casos necessitam da Polícia Militar”, finalizou.

Dados de atendimento

Em 2021, o BME atendeu em parceria com o Samu, 205 surtos psicóticos. No ano passado, em 2022, houve um aumento de mais de 30%, resultando em 275 ocorrências.

Para resolver esta problemática,  uma solução será debatida na quinta-feira (2), por meio de uma audiência no Ministério Público, a qual terá a participação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu),   BME e a Secretária de Saúde do Estado.

Já com relação ao atendimento do Samu, o Coordenador e enfermeiro Joziel Colares, nos informou que iria se posicionar após a audiência, onde as duas partes irão se manifestar.

“Uma coisa lhe afirmo, o Samu sem BME não vai em surto psicótico, as pessoas tem ligado pra cá,  a gente pede apoio, eles dão negativa, e a gente informa pra família que infelizmente, não tem como ir, estamos aqui a disposição. Não posso  chegar em um surtado e ele partir pra cima da equipe, como vamos reagir no momento desse?” questionou.

Mais informações a respeito do caso você pode acompanhar em breve no nosso canal oficial no youtube.

Matéria atualizada às 18h27.

O Impacto

Um comentário em “Samu deixa de atender pacientes em surto psicótico; 2º BME explica critérios necessários para atuar nos casos

  • 3 de fevereiro de 2023 em 13:29
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    Lembrando ao coordenador do SAMU que o superior desses militares aí que estão se negando a dar esse suporte, é o governador do estado, comunique a ele essa situação, pois todos esses profissionais envolvidos são funcionários da população, têm seus gordos salários pagos com os impostos pagos pela população, que é seu verdade patrão.

    Resposta

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