USP cria Centro de Estudos da Amazônia e gera polêmica com cientistas amazônicos

A comunidade científica da UFPA (Universidade Federal do Pará), especialmente a dos pesquisadores da região ligados a instituições como o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea), questionou a ação da USP (Universidade de São Paulo), que anunciou a criação do Ceas (Centro de Estudos da Amazônia Sustentável). Para os pesquisadores amazônidas, a atitude reproduziu o modelo colonial ao ignorar os profissionais locais.
Com exatos 50 anos de atuação na região e nota máxima na avaliação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), além de ser reconhecido mundialmente como um centro de excelência em pesquisa e formação de docentes, o Naea da UFPA apontou que o comportamento da USP desconsiderou os saberes locais e “sequestra” pautas relevantes para os que na Amazônia vivem.
Na descrição do centro, a USP explica que atividades propostas para o Ceas “focam a preservação da biodiversidade e da cultura dos povos originários, o uso sustentável dos recursos naturais, a ampliação de esforços para mitigação de emissões e adaptação às mudanças climáticas e para a melhora de condições de vida das populações, considerando toda a diversidade étnica e populacional (povos da floresta, ribeirinhos, comunidades quilombolas e os residentes das áreas urbanas) e os paradoxos e complexidades amazônicos”.

Em nota oficial, a USP destacou que “o Centro de Estudos da Amazônia Sustentável (Ceas) é um dos quatro novos centros lançados em março pela USP – os outros três são o Centro de Agricultura Tropical Sustentável (Stac), o Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCarbon) e o Centro de Estudos e Tecnologias Convergentes para Oncologia de Precisão (C2PO). Sob a coordenação do professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física (IF) da USP, e a vice-coordenação de Gabriela di Giulio, da Faculdade de Saúde Pública (FSP), o Ceas tem como principal propósito a produção, integração e disseminação da ciência, por meio de atividades acadêmicas e científicas inter e transdisciplinares relacionadas ao ensino, à pesquisa e à extensão, para o desenvolvimento sustentável da região.”

Coordenador do centro, o físico Paulo Artaxo destacou, ainda, que o sistema econômico da região também está no radar de pesquisa da USP. “O futuro da Amazônia em vista das mudanças climáticas e o desenvolvimento de um novo sistema econômico para a região, explorando de modo sustentável sua sociobiodiversidade, também estão entre os estudos propostos pelo Ceas”, disse em entrevista ao site da USP.

Google na Amazônia

Há três semanas, Belém foi sede de um evento do Google para o lançamento do programa Google Amazônia, que consiste em uma reunião de projetos voltados para o combate ao desmatamento da floresta amazônica. Entre as ferramentas apresentadas pela multinacional, estava o projeto “Digitais da Floresta”. Trata-se da construção de uma IA (Inteligência Artificial), em parceria com a organização não governamental TNC (The Nature Conservancy), para identificar e rastrear a origem da madeira comercializada a partir da Amazônia e fornecer tais informações para a investigação de crimes ambientais.

Fonte: O Liberal

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