PENINHA: “NEM OS ANIMAIS ESCAPARAM DA OPERAÇÃO DAS FORÇAS FEDERAIS”

“Lamento o que vem acontecendo em nossa região, numa verdadeira operação de guerra nos garimpos do Tapajós. Não precisava o governo gastar tanto dinheiro para destruir os bens, humilhar esta gente e agora assassinar garimpeiro, mas assumir o seu papel de organizar a garimpagem na região.  As cenas que vi nos vídeos são iguais as de filmes, nas guerras do Iraque, nos ataques do Talibã”, destacou em seu pronunciamento nesta manhã no Plenário da Câmara de Itaituba, o vereador Peninha.

“É lamentável”, continuou em seu pronunciamento, o vereador, “Não sei de que forma podemos fazer alguma coisa no sentido de ajudar esta população garimpeira. Por diversas vezes já usei esta tribuna para manifestar minha indignação com o governo, que nada faz para resolver a questão da garimpagem na Amazônia, numa demonstração que o seu único objetivo é acabar com os garimpos.”

“Não somos contra a legalização, sempre defendemos, o que somos contra é a maneira da fiscalização”, afirmou Peninha. “Não somos contra o combate ao trafego. Não somos contra o combate a extração ilegal do ouro. Ate porque isto causa prejuízos a natureza e também sonegação aos impostos.”

“O governo tem que buscar meios de legalizar esta atividade. Só assim vamos evitar a extração de ouro em reservas. Evitar o apoio ao trafego”, disse Peninha.

“As desastrosas operações que podemos classificar de inconsequentes que ICMBIO, IBAMA, POLÍCIA FEDERAL E FORÇA NACIONAL estão realizando no Tapajós fez uma vítima na região do Baixão do Canta Galo, garimpo do Porto Rico, município de Jacareacanga. Já previa isto”, afirmou Peninha. “Não se sabe ainda oficialmente onde acertou o tiro ou tiros. Comenta-se que o tiro foi pelas costas, porém só o laudo médico irá diagnosticar onde foi o tiro. O garimpeiro, conhecido por JOSÉ GARCIA VIEIRA ainda foi transportado para Itaituba, onde na calçada do aeroporto foi atendido pelo corpo de bombeiros já sem vida. Seu corpo foi enterrado em Itaituba, na tarde de Sábado último”, frisou Peninha.

Peninha lembrou que o Senhor JOSÉ GARCIA VIEIRA, morava há mais de 40 anos na região e já tinha processo de regularização do garimpo na ANM – AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO, “porém até hoje não tinha sido liberada sua PLG-PERMISSÃO DE LAVRA GARIMPEIRA. O garimpeiro não estava dentro de área indígena, ou de unidade de conservação. Estava trabalhando dentro da Reserva Garimpeira, criada pelo próprio governo em 1983, destinada à garimpagem e que em cima desta área foram criadas várias unidades de conservação, inclusive a APA TAPAJÓS, onde o garimpeiro trabalhava há anos”.

“Pior é que falamos tanto em garimpo legal, mas parece que o ICMBIO, o Governo Federal não têm interesse de legalizar”, frisou Peninha. “Vejam bem: os municípios paraenses têm, através de convênio com o Estado – Semas, poderes para expedir as licenças ambientais até 500 hectares em áreas dentro da APA TAPAJÓS. Porém, o ICMBIO quando de suas operações, não respeita e diz que não valem nada as licenças expedidas pelos municípios, principalmente de Itaituba e Jacareacanga, num total desrespeito com os órgãos públicos municipais, que amparados em lei estão regularizando as atividades na região. O ICMBIO quer ele expedir as licenças”, disse o vereador. “Todavia, no convênio, os municípios têm a obrigação apenas de dar ciência, comunicar ao ICMBIO a expedição da licença ambiental dentro da APA TAPAJÓS”, prosseguiu Peninha. “Este imbróglio precisa ser resolvido para que o garimpeiro não fique no meio de fogo cruzado como hoje está”, ressaltou Peninha.

Peninha fez questão de lembrar que na semana anterior, uma operação desastrosa dessas, foi realizada na região do Garimpo Serra Verde. “Lá os gentes tocaram fogo até nos barracos onde moravam os garimpeiros. Mas o que mais chamou a atenção desta irresponsabilidade, foi um animal, cachorro de um dos moradores morrer queimado. Nem os animais estão escapando dos bombardeio que as forças federais estão fazendo na região. Lamentável esta atitude. Espero que os defensores de animais se manifestem e que os responsáveis ou irresponsáveis por este ato covarde sejam punidos”, disse Peninha

“Para ainda mais revoltar a população de Itaituba e região, no sábado posterior a morte do garimpeiro, os carros das forças federais fizeram um desfile pelas ruas da cidade de Itaituba, numa verdadeira afronta à população da região, querendo mostrar força”. Isto, classificou o parlamentar, “num total desrespeito à população que vivia momento de tristeza e dor pela morte do garimpeiro. Foi revoltante esta atitude dos agentes federais”, disse Peninha.

“O governo tem que resolver esta questão dos garimpos. Apenas defender o meio ambiente, aterrorizando, humilhando, destruindo e agora matando, não é a solução. Isto vem se repetindo há anos. Anos atrás, numa operação desta na região Teles Pires, num confronto entre as forças federais e indígenas, um indígena foi assassinado por um delegado da Polícia Federal. Ano seguinte, um sargento da Polícia Militar foi morto num confronto entre policiais e madeireiros na região do Novo Progresso”, relatou Peninha.

“Quantas pessoas vão ter que morrer para o Governo assumir o papel de responsável pela solução dos problemas dos garimpos? “, indagou Peninha.

O Impacto