Investigação do furto de 21 metralhadoras do exército completa uma semana sem solução
As 21 metralhadoras de guerra furtadas do quartel do Exército em Barueri, na Grande São Paulo, podem derrubar aeronaves, perfurar veículos blindados, disparam 600 tiros por minuto, em média, e são capazes de atingir alvos entre 2,5 quilômetros e 6 quilômetros de distância.
A reportagem falou com especialistas em segurança e armas que explicaram o funcionamento das 13 metralhadoras calibre .50, e das oito metralhadoras calibre 7,62 que despareceram do Arsenal de Guerra da cidade.
Foram ouvidos Bruno Langeani, gerente do Instituto Sou da Paz, que realiza estudos a respeito do assunto, Vinicius Domingues Cavalcante, especialista em segurança com conhecimento em armas, e militares do Exército que pediram para não serem identificados.
Segundo Bruno, essas armas furtadas podem representar risco à população se caírem nas mãos do crime organizado.
Cerca de 480 militares de todas as patentes completaram na terça-feira (16) uma semana impedidos de deixar o quartel onde trabalham depois que as metralhadoras desapareceram do Arsenal de Guerra de Barueri. A corporação alega que está ouvindo a tropa para tentar descobrir onde as armas foram parar. Trinta e cinco militares já prestaram depoimentos.
Na quarta (17), houve uma redução dos militares aquartelados para cerca de 160 — cerca de 320 voltaram para casa.
O furto do armamento foi notado na última terça-feira (10), quando a corporação realizou uma vistoria interna no Arsenal de Guerra em Barueri e detectou uma discrepância no número de metralhadoras.
Desde então, soldados, cabos, sargentos, tenentes, capitães, majores e coronéis estão “aquartelados” por determinação dos superiores hierárquicos. Seus celulares foram confiscados para não se comunicarem com parentes. O contato com eles está sendo feito por meio de um representante do Exército.
O maior desvio de armas
Até a última atualização desta reportagem, nenhum suspeito havia sido identificado ou preso. E nenhuma das metralhadoras havia sido recuperada. Ainda não há confirmação se criminosos entraram na base ou se alguma câmera gravou a retirada das armas do local.
Segundo o Instituto Sou da Paz, este foi o maior desvio de armas de uma base do Exército brasileiro desde 2009, quando sete fuzis foram roubados por criminosos de um batalhão em Caçapava, interior de São Paulo. Naquela ocasião, a polícia paulista recuperou todas as armas e prendeu suspeitos pelo crime, entre eles um militar.
No caso de furto das armas em Barueri, o Exército não registrou boletim de ocorrência na polícia. Apesar de não investigar o crime, a Polícia Civil tenta encontrar as metralhadoras que sumiram. A Polícia Militar (PM) também está realizando operações nas ruas para buscar o armamento.
Agentes das forças de segurança do estado analisam ainda câmeras de monitoramento de Barueri para saber se elas gravaram alguma pessoa ou algum veículo suspeito de transportar as armas do quartel.
Neste final de semana, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse que o furto das metralhadoras pode ter “consequências catastróficas” se as armas forem para o crime organizado, podendo colocar em risco a população.
“A investigação segue em curso e está sob sigilo. Temos total interesse em informar e enviaremos as atualizações do caso quando for oportuno”, informou o CMSE na segunda-feira (16).
Fonte: G1
Imagem: Reprodução/Exército brasileiro