Artigo – A tecnologia e seus reflexos na moeda corrente

Por Carlos Augusto Mota Lima, advogado

Até pouco tempo as pessoas estavam acostumadas a lidar com o dinheiro, seja ele na modalidade cédula de papel ou moedas, isso era bastante comum. Havia escassez de moedas circulando, os comerciantes tinham por hábito trocarem moedas de papel por moedas de metal, visando melhorar o fluxo de caixa, ou até, para evitar que uma venda deixasse de ser efetuada por falta de troco.

Os vendedores ambulantes, de certa forma, concentravam bem mais as moedas de metal e grande parte dessas moedas já tinham destino certo. Houve, inclusive, um período que a falta de moedas foi tão elevada que acabaram culpando os porcos, por conta da distribuição dos famosos “cofrinhos de porco”. Essa falta criou algumas situações de conflitos, com mortes, especialmente quando as passagens de ônibus eram pagas em dinheiro. Por outro lado, alguns comerciantes, visando driblar essa falta de troco, passaram a utilizar “bombons” como complemento de troco, algo absolutamente reprovável, mas era praticado com certa regularidade.

Vale destacar que uma das formas de transmissão de doenças era e continua sendo o dinheiro, seja ele moedas de papel ou metal. Era muito comum a gente ver dinheiro muito velho, rasgado, riscado, remendado, por essa razão alguns comerciantes rejeitavam o dinheiro, também, outra fonte de conflito e o Banco Central de tempos em tempo recolhia essas moedas danificadas.

O surgimento dos cartões, o dinheiro de plástico, mitigou esses efeitos, até porque abrangia os comerciantes grandes e médios, deixando de fora o comércio informal que concentra um volume maior de operações, embora, com valores menores de dinheiro circulando. Outro ponto importante, principalmente no aspecto relacionado à saúde pública, consiste na transmissão de doenças, haja vista o dinheiro ser um vetor de propagação de diversas formas de contaminação. Era comum e ainda continua sendo, com menor frequência, vermos vendedores ambulantes de picolé, doces e comidas, manipularem o produto e, ao mesmo tempo, o dinheiro o que é inadequado e foge completamente das recomendações das agências reguladoras de saúde pública. Entretanto, a chegada de novas tecnologias, principalmente a possibilidade de acesso aos celulares e as redes sociais, permitiu o surgimento de uma nova forma de pagamento: o PIX.

Aos poucos, todos foram se adaptando a essa nova modalidade a tal ponto que quase todas as formas de pagamento passaram a ser realizadas através desse aplicativo. Assim, houve uma redução do contato manual com o dinheiro, isso representa uma conquista importante, pois suavizou conflitos por falta de troco, reduziu as contaminações em face às manipulações inadequadas por parte de ambulantes, sem falar que não há mais necessidade de uma corrida desnecessária atrás de moedas para facilitar o troco.

Isso, talvez possa parecer exagero, mas foi um avanço gigantesco que melhorou a economia, as relações de consumo e os conflitos sociais, trouxe mais segurança para quem vende, pois assim não fica com o dinheiro retido no seu comércio e melhorou a vida das pessoas que antes sofriam para fazer transferência de dinheiro entre bancos. Hoje, seja qual for a situação, é possível transferir ou receber imediatamente qualquer valor previamente ajustado nas agências bancárias, impulsionou as campanhas solidárias nas redes sociais, enfim, uma mudança extraordinária, sem precedentes na história da moeda.

Por fim, o ponto mais significativo é exatamente a abrangência dessa modalidade de transação bancária que, por seu elevado alcance social, se converteu na mais popular e democrática forma de pagamento, de circulação da moeda, permitindo, sem exceção, acesso a qualquer indivíduo para que receba ou efetue qualquer pagamento nessa modalidade, seja do lavador de carro, vendedor ambulante ou até quem pratica a mendicância, ou seja, a tecnologia transformou a vida de todas as pessoas e tornou a moeda uma ficção, tudo pode ser feito sem que a gente tenha qualquer contato com dinheiro físico. Como diz o provérbio chinês, “o sapo saiu do poço, conheceu os oceanos, jamais voltará ao poço”, a tecnologia veio para ficar.

O Impacto

 

 

 

Um comentário em “Artigo – A tecnologia e seus reflexos na moeda corrente

  • 2 de janeiro de 2024 em 15:37
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    O dinheiro tem seus dias contados, e provavelmente haverá uma descomunal desova de ativos enfurnados, pq mts das operações ilícitas refogem ao uso das inovações tecnológicas em.razăo da falta de transparência do chamado Caixa Dois. O crime terá que encontrar outros meios de troca. Por sinal que há mt tempo se ouve.falar dessa contençăo.da moeda circulante, mas nenhum Estado do Soberano a firmalizou. Por quê?

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