Bebê venezuelana morre dentro de abrigo no nordeste do Pará

Uma criança venezuelana da etnia Warao, identificada como Thaís Maria Moreno Zapatta, de apenas três meses, morreu nesta segunda-feira (11), por volta das 10h, em Belém. O caso foi registrado em um abrigo localizado na travessa Campos Sales, bairro da Campina. O corpo só foi removido às 20h30. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), a principal suspeita é de que a morte tenha sido acidental, em circunstâncias não detalhadas pelo órgão. O pai da criança, no entanto, fala em causa natural. No início do mês de fevereiro, no mesmo abrigo, um venezuelano morreu com tuberculose.

Uma equipe esteve no local e constatou a morte da bebê. A Polícia Científica foi comunicada do fato e removeu o corpo ao Instituto Médico Legal (IML), onde serão realizados exames que deverão esclarecer a causa-morte.

Com dificuldade de contar o que havia acontecido, o pai da criança, Henrique Zapatta, conversou brevemente com a imprensa na porta do abrigo. Segundo ele, a família chegou ao local há três dias, período em que ​a bebê começou a apresentar febre, na versão dele. “Compramos remédio e alimento”, disse o homem, acrescentando que, mesmo assim, a criança não resistiu.

O trabalho de remoção do corpo da bebê foi acompanhado por outros venezuelanos que vivem no abrigo, bem como por moradores da área, que foram os responsáveis por alertar as autoridades sobre a morte desta segunda-feira (11), após ouvirem muitos gritos vindos do imóvel onde funciona o abrigo.

“Eles vivem em uma situação precária aí dentro”, resumiu uma vizinha sobre a estrutura do local. A mulher, que não quis se identificar, relembrou que, no início do mês de fevereiro, outro venezuelano morreu com tuberculose no mesmo abrigo.

Em nota, a Sesma informou que “regularmente, os indígenas que residem neste abrigo, no bairro da Campina, recebem visitas das equipes do Consultório de Rua (CNAR) do Outeiro e do Ver-o-Peso”. “Durante os últimos atendimentos, a criança não apresentou nenhum tipo de enfermidade. No entanto, na tarde desta segunda-feira, 11, as equipes de saúde que estiveram no local (em mais um acompanhamento de rotina), foram informadas pela mãe da criança da morte às 10h da manhã”.

“A equipe do consultório na rua, imediatamente, orientou os pais da criança a registrarem um boletim de ocorrência para que o Serviço de Verificação de óbito (SVO) fosse acionado, o que foi recusado. Então, a assistente social, que integra a equipe de saúde da Sesma, realizou o procedimento e o corpo foi removido pelo Instituto Médico Legal (IML)”. “A causa da morte da criança será investigada pelo IML e pelo Serviço de Verificação de Óbitos. A principal suspeita é de morte acidental”, diz a Sesma.

“Nesta terça-feira, 12, representantes da Sesma participarão de uma reunião com o Comitê Intergestor de Migrantes e Refugiados, na qual será pautada, novamente, a interdição deste abrigo. Também será feita assembleia com as lideranças indígenas Warao e as equipes de saúde que atuam na região, para tomada de decisões compartilhadas. É que há resistência dos indígenas em receberem os atendimentos de saúde, o que dificulta o trabalho das equipes, que não conseguem intervir efetivamente na prevenção e promoção à saúde dos moradores do espaço”, finaliza o comunicado.

Fonte: O Liberal

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