Bactéria descoberta no sudeste do Pará tem potencial para combater câncer de mama

A descoberta de uma nova bactéria no solo da região de Paragominas, no sudeste do estado, trouxe perspectivas animadoras para a comunidade científica paraense. De acordo com os pesquisadores, o microrganismo produz um composto químico com propriedades terapêuticas capazes, por exemplo, de eliminar células cancerosas sem prejudicar as células saudáveis. O estudo foi conduzido por cientistas da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e instituições parceiras.

Em outro teste, já na concentração de 12,5 µg/mL, o ramnolipídeo (biossurfactante) apresentou potencial seletividade na redução da proliferação de células cancerosas de mama, após um minuto de exposição em laboratório.

“O biossurfactante é uma substância que auxilia a bactéria a captar algum nutriente que seja interessante para o crescimento, além de auxiliar na comunicação entre bactérias da mesma espécie”, explica José Pires Bitencourt, pesquisador do ITV e um dos autores do estudo.

Conforme o estudioso, durante toda pesquisa, em todas as concentrações do composto foram observadas a capacidade de diminuir a viabilidade das células cancerosas para menos de 50% em 72 horas. Esse é um desempenho que sugere uma ação antitumoral comparável aos níveis alcançados pela quimioterapia padrão.

Bitencourt explica que as condições ambientais encontradas no solo amazônico favorecem a proliferação de compostos de interesse farmacêutico, como o estudado pela pesquisa. “Diferentes subespécies de bactérias encontradas em várias condições de solo produzem biossurfactantes, influenciadas por fatores como clima, evolução do solo, regime hídrico, interação com outros organismos e impacto humano”.

Já o professor Sidnei Cerqueira dos Santos, da Unifesspa, que contribuiu com o estudo, a produção do ramanolipídeo também é uma forma de garantir a perpetuação da bactéria. “Pode ser usado como estratégia de sobrevivência dessas bactérias em ambientes desfavoráveis, para reduzir ou inibir a toxicidade celular, como, por exemplo, em solo contaminado por metais”.

Fonte: O Liberal

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