Museu Goeldi identifica catorze novos sítios com arte rupestre em Monte Alegre

14 novos sítios arqueológicos foram descobertos em áreas particulares próximas ao Parque estadual de Monte Alegre (Pema). O parque, que abriga o mais antigo sítio arqueológico da Amazônia com pinturas rupestres de aproximadamente 12 mil anos, mostra sua importância ao ter sido escolhido, em 2022, como o monumento mundial de valor inestimável pela World Monuments Fund (WMF).

Os 14 novos sítios foram descobertos em propriedades privadas na região do Cauçu. Os oito primeiros foram encontrados em 2023, por uma pesquisa financiada pelo CNPq; outros seis, através de financiamento privado, na segunda etapa do projeto. Todos os sítios já estão catalogados no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos, o CNSA.

Os dados preliminares sugerem a presença de sociedades diferentes da registradas no Pema. Desenhos e padrões gráficos diferentes entre si reforçam essa hipótese.

“Provavelmente, foram culturas diferentes que andaram no Parque e no Cauçu. As pinturas também têm uma característica interessante que é a localização delas em pequenos abrigos. Como é uma região difícil de morar por causa da presença de muitas rochas, supomos que eles iam ali exclusivamente para pintar. Eles deveriam morar por perto e há indícios disso porque há terra preta com cerâmica no entorno dessa imensa formação rochosa”, descreve a arqueóloga Edithe Pereira.

De acordo com os pesquisadores, há potencial para novas descobertas.

O estudo é comandado pela pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Edithe Pereira, que desde 1989 atua na área de Monte Alegre, antes da região virar um parque estadual. Desde 2022 coordena as pesquisas dentro e fora da área de conservação.

“As pinturas que [nos novos sítios] são muito diferentes das pinturas que estão na unidade de conservação, em um espaço geográfico relativamente pequeno, que talvez não chegue a 60 quilômetros entre uma área e outra em linha reta”, explica ela, que conheceu a localidade do Cauçu há pouco mais de dez anos quando o terreno pertencia a apenas uma pessoa. Hoje a área está dividida em vários lotes menores, adquiridos por pecuaristas.

Nesse primeiro momento, estão sendo levantados dados sobre os povos responsáveis por essas pinturas. A seguir, começam as prospecções.

“É uma grande formação rochosa cujas frestas formam um intricado labirinto no qual se encontram diversos abrigos. É nas paredes e nos tetos destes abrigos que estão as pinturas. Durante a pesquisa que realizamos em janeiro deste ano documentamos os sítios que já conhecíamos e ainda encontramos mais. No total, temos 14 sítios, mas deve ter muito mais”, afirma Edithe Pereira.

Os resultados da pesquisa em Monte Alegre mostram a necessidade do aumento dos investimentos públicos para conservação de uma área ameaçada pelos avanços da peucária local que tem por costume abrir pastagens com o uso do fogo, expondo e destruindo esses sítios.

Por Rodrigo Neves
Imagem: Reprodução/Edithe Pereira

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