Extrativistas de Oriximiná começam o escoamento da safra da castanha 2024

Extrativistas indígenas e quilombolas do município de Oriximiná, no oeste paraense, estão a todo vapor no trabalho de coleta e venda da castanha-do-pará, um dos principais produtos da sociobiodiversidade que também é conhecida como castanha-do-Brasil.

Segundo a Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora), para este ano, devido a baixa produtividade nos castanhais, a expectativa é que sejam comercializadas aproximadamente 32 toneladas de castanha até o mês de julho.

Considerada como uma das menores safras, podendo ser um reflexo da seca de 2023, os trabalhos seguem para fomentar a economia junto aos povos indígenas e quilombolas mesmo com dificuldade no escoamento da produção.

O Samuel kaukuma é indígena da etnia Kaxuyana, há seis anos ele reside na Aldeia Watximã e trabalha como entreposto no rio Trombetas, para ele os desafios do escoamento da produção são maiores que o dos anos anteriores. “A gente trouxe 90 sacas de castanha, mas a gente tem mais castanha, o bote furou, tivemos que deixar a castanha lá no varadouro. Eu tô morando aqui há seis anos, e nos últimos dois anos eu senti a dificuldade devido à seca” declarou Samuel.

O quilombola Domingos Printes, do Território Mãe Domingas, trabalha com a coleta da castanha desde muito jovem, segundo ele a estimativa desde ano é que sejam coletadas por família até 50 sacas de castanha, o que deve gerar uma renda média de R$ 5.000,00, mas a preocupação está em torno da baixa produtividade dos castanhais

“Nos outros anos a gente sempre teve bastante castanha, e esse ano a gente não tem a quantidade que costuma ter dentro do território. Agora tem os igarapés que ainda tem castanha, mas que tem essa dificuldade por conta da seca, apesar da gente estar em abril, mas pro costume nosso tá muito seco ainda”, ressaltou Domingos Printes.

O comparativo citado pelo extrativista é comprovado com os dados da castanha dos anos anteriores onde em 2022 a Coopaflora comercializou 98,5 toneladas de castanha e em 2023, buscando cumprir os compromissos comprou aproximadamente 46 toneladas de castanha.

“Os castanhais estão nos igarapés, acima das cachoeiras e eles estão muito secos. Os extrativistas estão com dificuldades para trazer essa produção”, enfatizou a presidente da Coopaflora, Maria Daiana Silva.

Até julho a expectativa é que sejam comercializadas 32 toneladas de castanha que devem ser encaminhadas para a capital do estado.

“Essa é a segunda entrega que a gente tá trabalhando para mandar para a empresa graças a articulação com os indígenas e quilombolas. Até julho a gente deve mandar 32 toneladas e a gente avalia que foi uma safra pequena em relação aos anos anteriores e a gente avalia como bastante razoável por conta de se tratar de uma safra menor”.

O escoamento da produção da castanha junto a Coopaflora é realizada graças a cooperação de diversos parceiros como o Iepé, que contribui com o escoamento da castanha dos territórios indígenas, Imaflora, que atua junto ao programa Floresta de Valor e Origens Brasil, Imazon, como o projeto Kanawa, que visa contribuir para consolidação das áreas protegidas, Ufopa, com o projeto de fomento ao manejo florestal e bioeconomia e a Arqmo.

O Impacto – com informações de Martha Costa

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