A CERTEZA DA IMPUNIDADE NA VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

Por Simone Willers

Os dados de violência contra mulheres são diariamente noticiados e conhecidos, vivemos em um ambiente hostil no qual direitos conquistados a sangue e lágrimas são constantemente ameaçados, seja dentro de casa ao sofrer abusos de quem se confia ou de parlamentares que tentam criminalizar um direito e impor pena superior a mulheres do que a estupradores e pasmem, até mesmo de juiz que  deveria reprimir e punir a violência, a comete.

O cronômetro da violência, disponível na plataforma Agencia Patrícia Galvão, aponta que uma menina ou mulher é estuprada a cada 10 minutos, três mulheres são vítimas de feminicídio por dia, uma travesti ou mulher trans é assassinada no país a cada dois dias, 26 mulheres sofrem agressão física por hora, isso sem contar assédio moral, intelectual, financeira, patrimonial e sexual. São dados dolorosos demais para não se importar e tomar uma atitude.

Muitos leitores questionarão “mas nunca as mulheres tiveram tantos direitos, delegacia especializada, leis e todo um aparato para proteção”, sim, e ainda é insuficiente, pois sabemos que a violência aumenta a níveis alarmantes. Um estudo realizado em 2023 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que 33,4% de mulheres acima de 16 anos já sofreu algum tipo de violência, enquanto a maior média global era de 27%.

Insuficiente, por que em alguns casos, até mesmo quem tem o poder de evitar o crime e penalizar o transgressor, também é um agressor, basta assistir aos noticiários para ver, inclusive em nossa cidade, já que acabamos de nos deparar com uma denúncia que cita o caso de expedição de medida protetiva de urgência em desfavor de um juiz estadual, o qual cometeu reiteradamente práticas violentas e agressivas contra uma mulher.

É preciso coragem, para enfrentar um Juiz não é verdade? Protegido pela toga, poder e influência. Encontramos essa coragem na mulher que sofreu a violência e não se calou, nos profissionais que ampararam essa vítima, no Jornal O Impacto que publicou. Espero ver essa coragem também na polícia, na própria Justiça e Ministério Público. Espero ver a cara desse juiz estampada no jornal e preso, como aconteceria se fosse outro agressor sem dinheiro e prestígio.

Outro caso recente em nossa cidade diz respeito ao atendimento na delegacia das mulheres, quando uma mulher, vítima de abusos pelo ex-companheiro buscou atendimento, e para sua surpresa, recebeu por parte da autoridade, a intimação para que ela própria entregasse ao abusador. Felizmente, ela conseguiu ajuda para que fosse entregue por outra autoridade policial, mas ao comparecer na audiência sozinha, pois não recebeu nenhuma instrução, precisou enfrentar o abusador e dois advogados que o acompanhou para se defender das acusações e tentativas de tomada de seu único patrimônio que utilizava para se sustentar, enquanto a autoridade encarregada apenas presenciou, sem se manifestar ou acalmar os ânimos dos três homens contra uma mulher.

A certeza da impunidade é um dos motivos do aumento da violência por parte dos poderosos, que se acham acima do bem e do mal e donos do mundo e de pessoas, e, por falar em achar que se pode ser dono de alguém, precisamos falar sobre respeito e educação, que falta a todos que cometem violência contra mulheres.

O ensino do respeito às mulheres deve ser praticado em casa e nas escolas e temas como desigualdade de gênero, equidade de direitos, machismo e violência contra as mulheres discutidos no próprio ambiente familiar, social e governo. É ilusão acreditar que apenas no ambiente familiar tais questões serão resolvidas, já que a maior parte dos casos de assédio e importunações sexuais, principalmente contra crianças, ocorre em ambiente doméstico, entre conhecidos.

A educação deve ser para o respeito integral ao ser humano, desde cedo, para termos uma sociedade mais igualitária e respeitosa, e quanto a quem recebeu tanta educação, conhece as leis e mesmo assim é capaz de cometer tais crimes: tratamento psicológico para lidar com sua incapacidade perante a rejeição, psiquiátrico para tratar os prováveis distúrbios e o rigor da Lei, para que haja justiça!

O Impacto

Um comentário em “A CERTEZA DA IMPUNIDADE NA VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

  • 29 de agosto de 2024 em 02:08
    Permalink

    Perfeito!!! Existem sim vários canais onde a mulher pode fazer denúncia porém:
    – Os boletns de ocorrência são escritos de forma extremamente subjetiva por estagiários ou profissionais sem habilidades de fundamentação e a consequência disso é o “cancelamento” do processo.
    – Quando tratamos de alguém “protegido”, os BO’s se voltam contra o declarante.
    – A justiça ignora ou dificulta os processos quando se trata de “parceiros” de trabalho.
    Ainda…
    – Agressores de mulheres ocupam cargos altos nas secretarias de segurança e ainda “são convidados” a gravar vídeos onde incentivam a violência “contra a mulher”.

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