Acidentes matam 11 pessoas por dia no Pará
Como se a população inteira de Óbidos, no Oeste do Pará, desaparecesse de repente, o trânsito no Brasil matou 46 mil pessoas apenas no ano passado. No mesmo período, o Pará contribuiu com quatro mil delas, uma média de 11 mortes por dia. Na data em que é comemorado o dia Mundial de Combate a Acidentes de Trânsito, no próximo domingo, o Hospital Metropolitano em parceria com o Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran-PA), promove uma caminhada que deve contar com a participação de 1.000 motoqueiros.
De acordo com o diretor geral do Hospital Metropolitano, Paulo Czrnhak, um paciente que é vítima de acidente de trânsito chega a custar R$40 mil por mês ao poder público no Pará. “Custo médio para casos considerados graves e gravíssimos custam, em média, R$40 mil por mês porque envolve várias especialidades. São pacientes que recebem intervenções quase diárias e que passam, em média, por quatro cirurgias durante sua recuperação. Esse é um dinheiro que poderia estar sendo utilizado para a saúde preventiva, por exemplo”, sinaliza, ao apontar que muitos desses pacientes acabam tendo a vida interrompida por esses acidentes. “A maioria dos acidentes que recebemos são acidentes de moto e que envolvem pessoas com idade média de 19 a 30 anos. São pessoas, geralmente, casadas, que têm filhos e que tem a rotina interrompida”.
Referência em traumatologia na Região Metropolitana de Belém, o hospital chega a ocupar 95% dos leitos em períodos críticos como de feriados prolongados, onde o número de acidentes nas estradas do Estado aumentam consideravelmente. “Realizamos cerca de 900 cirurgias por mês, sendo 400 só de vítima de trânsito, isso é muito”, aponta. “Desses pacientes, 70% conseguem voltar à normalidade, 12% tem sequelas parciais e o restante fica com sequelas permanentes. Em decorrência disso, trabalhamos com a família e conscientizando para que os pacientes não voltem a ter aquelas atitudes. É preciso que eles tenham consciência da gravidade de uma imprudência”.
Nas estimativas do Detran, o número de mortos no Brasil chegam a mais de 300 por dia. Segundo o diretor geral do departamento, Agostinho Soares, apenas no período de janeiro a maio de 2013, já foram mais de cinco mil feridos no Pará. “A questão do trânsito já se tornou banal, por isso temos feito um trabalho intenso no setor de educação no trânsito. As pessoas focam no número de mortes, mas esquecem que têm muitos que ficam com sequelas e essas pessoas geram custos sociais enormes”, afirma, ao apontar as principais causas de acidente nas estradas paraenses. “Normalmente esses acidentes acontecem por falha do condutor, falta de atenção. São vários os fatores, mas a má conduta do motorista é a principal causa”.
Contestação
Ainda que parceiros na campanha e lado a lado na coletiva de imprensa convocada, o Detran questiona os dados apresentados pelo Hospital Metropolitano a partir de dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Em nota encaminhada por e-mail, o Detran informou que “Os dados de 2012 não estão concluídos, mas a análise estatística do Detran, diz ser impossível que os números de mortos em 2012 tenham chegado a 4 mil óbitos”. A nota informa, ainda, que o número de mortos no trânsito é estimado em 1.250 em 2012.
Fonte: Diário do Pará