Dr. Erik: “Existem ‘animais’ que se beneficiam do sofrimento dos outros”
Uma semana depois da prisão da técnica em enfermagem do Hospital Municipal de Santarém (HMS), Evanir Nogueira da Silva, durante uma operação conjunta do Ministério Público Estadual (MPE) com a Polícia Civil, o diretor interino do Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará (HRBA), Dr. Erik Jennings, garante que dentro da instituição de saúde também foi aberto um Inquérito Administrativo, para investigar se existem outros profissionais envolvidos no esquema de tráfico de influência e venda de leitos. Evanir foi presa em flagrante dentro do HMS, no dia 12 deste mês, após cobrar a quantia de R$ 1 mil da esposa de um paciente, para que ele fosse transferido do Hospital Municipal para um leito do HRBA. Depois de prestar depoimento na 16ª Seccional da Polícia Civil, ao delegado Luís Paixão, a acusada foi encaminhada para a ala feminina do Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura (CRASHM), onde responde pelo crime de corrupção passiva. Diante do problema, Dr. Erik Jennings afirmou, em entrevista exclusiva à nossa reportagem, que se for constatado que outros profissionais fazem parte do esquema, como enfermeiros, técnicos e médicos, serão desligados imediatamente do quadro de funcionários do HRBA. Inconformado com a situação, Dr. Erik Jennings declarou que “existem animais que se beneficiam do sofrimento dos outros. Acompanhe os principais detalhes da entrevista:
Jornal O impacto: De que forma a direção do Hospital Regional do Baixo Amazonas está acompanhando o caso da técnica enfermagem, acusada da venda de leitos?
Dr. Erik Jennings: O Hospital Regional do Baixo Amazonas está trabalhando em parceria com o Ministério Público Estadual e a Polícia Civil. Fizemos de imediato uma comissão para abrir um Inquérito Administrativo dentro do HRBA, para ver se essa técnica tinha pessoas aqui dentro, que facilitava para que pudesse trazer pacientes pra cá. O que está parecendo agora, é que ela se aproveitou de informações para dizer que tinha conseguido um leito e cobrou de uma família. Na verdade, o leito já havia sido viabilizado para este paciente. Já estamos investigando com essa comissão interna, para ver se além dela, mais alguma pessoa estaria envolvida nisso.
Jornal O impacto: Existe também uma denúncia de que a técnica em enfermagem já havia sido demitida do Hospital Regional acusada de desviar material. Essa denúncia procede?
Dr. Erik Jennings: Ela foi desligada porque havia suspeita de desviar material, mas não tinha algo que comprovasse realmente nada nesse sentido. Houve suspeita desse tipo de comportamento que não era saudável para o Hospital, então, ela foi desligada há algum tempo. Vale ressaltar, que ela não era funcionária da Pró-Saúde e sim de uma empresa terceirizada.
Jornal O Impacto: Após a prisão da profissional, existe suspeita de que outras pessoas façam parte do esquema?
Dr. Erik Jennings: O Ministério Público e a Polícia Civil trabalham com essa suspeita. Nós, obviamente, também estamos nessa linha aqui dentro. Assim, o que tem que ficar claro para a população é o seguinte: Se nesse trabalho conjunto do Ministério Público, Polícia Civil e o nosso Inquérito Administrativo, viermos comprovar que existem mais pessoas envolvidas nisso, como enfermeiros, técnicos ou mesmo médicos, eles vão ser imediatamente desligados do Hospital. Não seremos coniventes com esse tipo de crime.
Jornal O impacto: É possível que ao negociar com a família dos pacientes, a técnica em enfermagem já teria um leito disponível dentro do Hospital Regional?
Dr Erik Jennings: A gente vai ver se era isso que acontecia. Mas, não está parecendo isso nessas primeiras entrevistas que estamos fazendo. O que está parecendo é que, como ela tem informações privilegiadas, como de alguns pacientes que já tinham leitos reservados, ela dizia que havia conseguido esses leitos. E o que parece, é que não é só ela, mas existem várias informações, principalmente de pessoas que intermediavam entre o paciente e os hospitais, ou entre o paciente e os médicos. Esses intermediários às vezes dizem que conseguem as coisas para os pacientes, sem mesmo ter conseguido. Essas vagas saem do processo normal da regulação. Essas pessoas se aproveitam disso e informar que são elas que conseguem os leitos. Então, está parecendo que é por aí, mas a gente trabalha com todas as hipóteses. Vamos investigar a fundo isso, juntamente com as autoridades.
Jornal O impacto: Como esse caso foi de grande repercussão, se outros pacientes passarem pelo mesmo problema devem denunciar ao Ministério Público e a Polícia Civil?
Dr. Erik Jennings: É isso que a gente solicita. Os pacientes não devem aceitar cobrança. Tanto o Hospital Municipal quanto o Hospital Regional, somos cem por cento SUS. Nenhum procedimento deve ser cobrado para o paciente. Então, se algum funcionário, como enfermeiro, técnico ou médico cobrar pelo procedimento, isso é crime. Os pacientes devem denunciar e, se possível comprovar, porque aí nós podemos tomar atitude. Isso é fundamental que a população ajude a gente. Nenhum hospital ou nenhuma instituição está totalmente blindada a pessoas mal intencionadas. Existem esses ‘animais’ que ficam se beneficiando do sofrimento dos outros. Um hospital não é uma instituição totalmente blindada. Pra gente combater isso é preciso, não só a direção do Hospital, como os funcionários, médicos, bem como também a população ajudar. Se a população não participar ativamente disso, nós sempre vamos ter pessoas ou bandidos fazendo esse tipo de coisa.
Jornal O Impacto: Após o Hospital Regional fazer o procedimento administrativo, o resultado da apuração será encaminhado ao Ministério Público?
Dr. Erik Jennings: Sim. Toda a documentação vai ser encaminhada ao Ministério Público e à Polícia Civil. O que pode se destacar é que o MPE e a Polícia Civil estão fazendo um excelente trabalho. E a gente está trabalhando com as duas vias, onde vamos alimentar as informações para eles, para que também repassem os dados pra gente. Criou-se uma frente bem ampla de trabalho, para tentarmos ver realmente o que aconteceu e acabar com essa prática de uma vez por todas.
MOÇÃO DE APLAUSO: No último dia 22 de novembro o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), que é administrado pela parceria Governo do estado e Pró-Saúde, realizou na Vila Balneária de Alter do Chão, em Santarém, região Oeste do Pará, o II Congresso de Neurologia e Neurocirurgia do Oeste do Pará, evento coordenado pelo médico neurocirurgião e diretor técnico do HRBA, Erik Jennings. O Congresso teve sua I edição em 2001, na época não existia na região um Hospital de Média e Alta Complexidade, como o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), e nem o Curso de Medicina, que formou sua primeira turma em 2012. O objetivo do Congresso foi promover a qualificação dos profissionais da área da Saúde (médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e estudantes das áreas afins) sobre temas importantes que envolvem a neurologia e neurocirurgia. No dia 27 de novembro, reconhecendo o mérito do Congresso para o aperfeiçoamento profissional, a Câmara Municipal de Santarém aprovou por unanimidade uma Moção de Aplausos nº 399, de autoria da vereadora Marcela Tolentino, ao Hospital Regional do Baixo Amazonas, representado pelo seu Diretor Técnico Dr. Erik Jennings, coordenador do evento que abordou “Princípios da Clínica Neurológica e Neurocirúrgica”
A IMPORTÂNCIA DO CONGRESSO: De acordo com o Diretor de Ensino e Pesquisa do HRBA, professor Luiz Fernando Gouveia, o evento foi uma oportunidade para os profissionais de Saúde e estudantes universitários, atualizarem seus conhecimentos. “O intuito era fazer uma capacitação em neurologia e neurocirurgia, tanto para médicos quanto para os próprios os profissionais da saúde e um aprendizado para os acadêmicos, então é uma atualização com profissionais renomados. Nós fazemos em Santarém as neurocirurgias e estamos buscando para o próximo ano a residência médica em neurocirurgia”, disse o diretor que também acompanhou a visita dos avaliadores do Conselho Nacional de Residência Médica às instalações do HRBA.
HRBA PODERÁ TER RESIDÊNCIA MÉDICA EM NEUROCIRURGIA: Um dos Representante da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Dr. Benedito Cólis, falou da impressão que teve após a visita ao HRBA e sobre a possibilidade de em 2014 Santarém ganhar novos cursos de residência médica. “O Hospital Regional nos impressionou muito, eu particularmente não conhecia Santarém e fiquei surpreso porque há boas condições para formar médicos daqui e fazer com que estes médicos permaneçam”, falou o representante que participou da visita ao HRBA para analisar a possibilidade de Residência Médica em Neurocirurgia a partir de 2014. O Diretor Técnico do HRBA e coordenador do II Congresso de Neurologia e Neurocirurgia, Dr. Erik Jennings, recordou como tudo começou e falou dos projetos futuros. “Quando nós fizemos o I Congresso, há 12 anos, ele foi tão bem recebido que os representantes do Amapá e Amazonas ficaram de fazer este mesmo Congresso em seus estados, pela Região Norte, só que a turma não se mobilizou para fazer estes encontros regionais, então nós puxamos de volta o congresso para Santarém e agora nós queremos realizar este evento anualmente”, declarou o médico que é considerado como um dos melhores neurocirurgiões da região.
Já em relação à possibilidade do HRBA ter a Residência Médica em Neurocirurgia, possibilidade citada pelos Representante da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Dr. Erik foi cauteloso, porém não escondeu a satisfação. “A gente recebe com muita alegria porque para se preencher os critérios do MEC e da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia é necessário ter toda uma estrutura hospitalar confiável e isso é um sonho, é uma conquista do Hospital Regional, de Santarém e toda a Região Oeste do Pará”, complementou o médico santareno que estudou fora da capital e conhece os desafios de estudar longe de casa e por isso luta pela interiorização da Residência em Neurocirurgia em Santarém.
Fonte: RG 15/O Impacto