Sindpol condena falta de segurança em delegacias do Pará
O baleamento do policial José Haroldo Pereira da Silva, 44 anos, dentro da delegacia do município de Portel, no Marajó, foi uma tragédia anunciada. A avaliação é da direção do Sindicato dos Servidores Públicos da Polícia Civil do Pará. Em coletiva à imprensa na tarde de ontem, o Sindpol reivindicou segurança nas delegacias do interior. “Desde 2013, a gente vem chamando a atenção dos gestores e das entidades ligadas à área para esse problema. Queremos aumento do efetivo. Um policial não pode ficar sozinho em uma delegacia, responsável por armas e presos”, disse o diretor jurídico da entidade, Pablo Farah.
José Haroldo foi atingido na madrugada de segunda. Ele estava sozinho na delegacia que abrigava o acusado de tráfico de drogas conhecido como “Pedroca”. A suspeita é de que, na madrugada, a delegacia tenha sido invadida por comparsas do traficante, que está foragido. A arma de serviço usada por José Haroldo (uma pistola calibre 40) foi levada. O policial foi encontrado na manhã de segunda-feira pela responsável pela limpeza da delegacia. “Ela ouviu gemidos e quase não reconheceu o policial, que estava coberto de sangue”, contou o presidente do Sindpol, Rubens Teixeira. O policial foi trazido para o Hospital Metropolitano, em Ananindeua, e ontem o
Sindpol informou que o estado dele é gravíssimo.
A falta de segurança nas delegacias é especialmente grave no interior, onde policiais costumam ficar sozinhos nos plantões responsáveis por armas e, muitas vezes, por presos que deveriam estar sob custódia do sistema penal. “O policial nunca deveria ficar sozinho. Com preso ou sem preso na delegacia. É um risco”, alerta Farah. Para o sindicato, o ideal era que houvesse policiais militares contribuindo para a segurança das delegacias.
A direção do Sindicato quer discutir com os órgãos de segurança do Estado um plano de emergência. “Tem atualmente policiais na academia sendo treinados, mas, enquanto eles não podem assumir, devem ser tomadas outras medidas para evitar que o caso de Portel se repita”, afirma Farah. Nos últimos meses, a segurança de policiais no Pará se tornou um problema cada vez mais preocupante. No ano passado, foram 34 policiais civis e militares mortos. Só neste ano, já foram seis.
A Polícia Civil informou ontem que “é política do Estado do Pará a construção das Unidades Integradas de Polícia e das Unidades Integradas Pro Paz”, onde haveria presença de policiais civis e militares, que atuarão integrados no mesmo espaço. De acordo com nota enviada à redação, seriam mais de 70 Unidades Integradas de Polícia em construção no Estado e mais de 50 delegacias de Polícia Civil em reforma. A nota informa ainda que realizou concurso para aumentar o efetivo e que até julho “novos policiais civis estarão aptos para atuar nas unidades da Polícia Civil em todo o Pará, principalmente nas do interior”. O governo do Estado não se manifestou sobre um possível plano de emergência para garantir a segurança nas delegacias até lá.
Fonte: Diário do Pará