MILTON CORRÊA

Trabalho acadêmico de conclusão de curso. A nota desse trabalho foi excelente. É um trabalho de conclusão do curso de pós-graduação em Jornalismo Científico

Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)

Curso de pós-graduação lato sensu em Jornalismo Científico

PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Reportagem Especial (com enfoque científico)

COMPROVAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO – Em maio de 2013, o Laboratório de Provas Básicas de Água, da Divisão de Vigilância em Saúde do Município de Santarém (DIVISA), comprovou através de análises feitas em três pontos do igarapé (pontes): Área Verde, Jutai e Urumari que o igarapé está contaminado e é impróprio para consumo. Nos três pontos da coleta, o exame laboratorial constata turbidez, no estado físico – químico e coliforme total e Escherichi Coli, no estado bacteriológico da água. No resultado final das coletas e análises, os técnicos Marlon Lopes, Sara Daniele Oliveira e Sandra Caramuru, concluíram que a “água do igarapé Urumari é imprópria para o consumo humano, pois apresenta a presença de Coliformes Totais e Escherichia coli, que estão presentes nas fezes de animais de sangue quente, inclusive os seres humanos;

  • sua presença na água possui uma relação direta com o grau de contaminação fecal;
  • são facilmente detectáveis e quantificáveis por técnica ssimples e economicamente viáveis, em qualquer tipo de água;
  • possuem maior tempo de vida na água que as bactérias patogênicas intestinais, por serem menos exigentes em termos nutricionais e incapazes de se multiplicarem no ambiente aquático;
  • são mais resistentes à ação dos agentes desinfetantes do que os germes patogênicos.

m1Turbidez da água do igarapé Urumari–Foto:Comitê em Defesa do Igarapé Urumari

A turbidez da água é devido à presença de materiais sólidos em suspensão, que reduzem a sua transparência. Pode ser provocado pela presença de algas, plâncton, matéria orgânica e muitas outras substâncias como o zinco, ferro, manganês e areia, resultantes do processo natural de erosão ou de despejos domésticos e industriais. A turbidez tem sua importância no processo de tratamento da água. Água com turbidez elevada e, dependendo de sua natureza, forma flocos pesados que decantam mais rapidamente do que água com baixa turbidez. Também tem suas desvantagens como no caso da desinfecção dificultada pela proteção que pode dar aos micros organismos no contato direto com os desinfetantes.

Aturbidez da água provoca uma mudança de cor, no caso do igarapé Urumari, a água deixou de ser cristalina, como era antes, para tornar-se barrenta, totalmente suja.De acordo com os próprios moradores do entorno do igarapé o problema deu-se ao longo de 15a 20 anos, devido ao excesso de poluentes jogados no leito do igarapé e da ação humana, a partir da ocupação desordenada, sem o cuidado do Poder Público que não desenvolve políticas públicas que impedissem a agressão ambiental, deixando o igarapé em estado de falência hídrica.

A água potável não deve conter microrganismos patogênicos.Deve estar livre de bactérias indicadoras de contaminação fecal. Os indicadores de contaminação fecais tradicionalmente aceitos pertencem a um grupo de bactérias denominada scoliformes. O principal representante desse grupo de bactérias chama-se Escherichia coli.

A Portaria nº 2914/2011 do Ministério da Saúde dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Estabelece que sejam determinados, na água, para aferição de sua potabilidade, a presença de coliformes totais e termo tolerante de preferência Escherichia coli e a contagem de bactérias heterotróficas.

Nesse contexto, sobre a qualidade da água, foi feita uma coleta da mesma para análise físico-química e bacteriológica em três pontos do igarapé: Ponte da Área Verde, Jutai e ponte do Urumari.

m2As coletas foram realizadas no dia 7 de maio de 2013:

Portanto, com base nos dados da pesquisa laboratorial acima, as autoridades ligadas ao setor ambiental, seja no âmbito municipal, estadual ou federal, bem como a sociedade civil, tem um diagnóstico real, que pode contribuir para o restabelecimento do igarapé Urumari, antes de águas cristalinas e agora barrentas, em consequência dos efluentes lançados em seu leito.

DISCUSSÃO DA PESQUISA – Ao falarem qualidade da água, conforme Araújo e Santaella (2001)deve-se observar o seu conceito, que pode ser entendido como o conjunto das características físicas, químicas e biológicas, que esse recurso natural deve possuir, para atender aos diferentes usos a que se destina. Cunha (2001) complementa afirmando que, o conceito da qualidade da água, depende do seu uso ou fim, possuindo valor relativo.

A normalização da água para o consumo humano é de competência do Ministério da Saúde. A Portaria n° 518/04, define os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para o consumo humano e seu padrão de potabilidade, a ser observado em todo o território nacional.

Deste modo, o padrão de potabilidade é composto por um conjunto de parâmetros que lhe confere qualidade própria para o consumo humano. Nesse contexto, o padrão brasileiro é composto por padrão microbiológico; padrão de turbidez para a água, pós-filtração ou pré-desinfecção; padrão para substâncias, que representam risco à saúde (inorgânicas, orgânicas, agrotóxicos, desinfetantes e produtos secundários da desinfecção); padrão de radioatividade e padrão de aceitação para o consumo humano (BRASIL, 2006a).

Água de boa qualidade significa saúde. Assim sendo, torna-se necessário que a população dos sete bairros, cerca de 30 mil pessoas por onde passa o igarapé Urumari, tenha conhecimento sobre a má qualidade da água, comprovadamente imprópria para o consumo humano, pois ainda percebe-se crianças tomando banho em determinados trechos do igarapé. (Continua na próxima edição).

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