Informe RC

TRÊS MINEIROS E UMA MINEIRA- I

Artigo do jornalista Roberto Pompeu de Toledo, com passagem em várias rádios e jornais, atualmente editor especial da revista Veja, publicado na última página da edição anterior. Leia abaixo:

A data de 21 de abril marca três aniversários que, por sua vez, evocam três mineiros. O 21 de abril que se aproxima assinala o 223º aniversário da morte de Tiradentes, 55º da fundação de Brasília, obra magna do segundo dos nossos mineiros, Juscelino Kubitschek, e o trigésimo aniversário de morte de Tancredo Neves, o terceiro. São aniversários e mineiros que se entrelaçam e conduzem uns aos outros. JK escolheu o Dia de Tiradentes para inaugurar Brasília. Disse, naquele dia: “Neste 21 de abril – consagrado ao alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, no 138º ano da Independência e 71º da República – declaro, sob a proteção de Deus, inaugurada a cidade de Brasília, capital dos Estados Unidos do Brasil”. Tancredo invocou Tiradentes, “aquele herói enlouquecido de esperança”, no discurso de presidente eleito. Conheceu a tragédia de não tomar posse, mas recebeu do Anjo das Sublimes Coincidências o favor de morrer no Dia de Tiradentes.

TRÊS MINEIROS E UMA MINEIRA- II

Os três mineiros têm em comum encarnarem momentos de esperança na história do Brasil. Do Tiradentes real não se conhece o rosto. Isso não impediu que, a partir da propaganda republicana, começasse a inspirar rica iconografia, provavelmente a maior de um personagem da história do Brasil. Os retratos eram “supositícios”, como se diz dos traços apenas supostos. Curioso é que, ao lhe conferirem barba, longos cabelos e, por vezes, olhar beatífico, apoiavam-se em Jesus Cristo, cujos retratos são também supositícios. O rosto de Tiradentes e um supositício do supositício. Mas a ideia de identifica-lo a Cristo não foi casual. Invoca o martírio – mas, também, a esperança da ressurreição. No primeiro 21 de abril que foi feriado, em 1890 (cinco meses depois da proclamação da República), organizou-se no Rio de Janeiro uma procissão com início na Cadeia Velha (hoje Palácio Tiradentes, onde o herói esteve preso), passagem pelo antigo Largo do Rossio (agora rebatizado de Praça Tiradentes, onde foi enforcado) e término no Palácio Itamaraty, escolhido para sediar o novo governo. Como nota o historiador José Murilo de Carvalho, aos locais da paixão sucedia-se o da ressurreição, diante da sede da recém-nascida República.

TRÊS MINEIROS E UMA MINEIRA- III

JK é o único presidente brasileiro que entra em cena com um fundo musical. A alegria do Peixe Vivo saúda seu sorriso – nenhum presidente sorriu tanto, no exercício do mandato. Brasília, a marcha para o oeste e o novo surto industrialista eram teias do sonho que se complementava com o clima eufórico de bossa nova, Cinema Novo e a primeira vitória numa Copa do Mundo. “O futuro era para amanhã de manhã”, disse o cineasta Cacá Diegues ao biógrafo de Juscelino, Claudio Bojunga. “O Brasil estava à nossa frente, tinha se de correr atrás dele.” Tancredo, por estilo e temperamento, era o oposto de JK. Ao arrojo e à pressa de um opunham-se a prudência e a matreirice do outro. Com tais armas, em parceria com o estilo mais audaz de Ulysses Guimarães, Tancredo foi crucial tanto no solapamento da ditadura militar quanto na edificação de uma alternativa. Os anos do PT têm enfatizado o papel da luta armada na resistência à ditadura. Uma primeira mistificação é identificá-la com a luta pela democracia; era por outra ditadura.

TRÊS MINEIROS E UMA MINEIRA- IV

Uma segunda é atribuir-lhe relevância no desmonte do aparato ditatorial; antes, fortaleceu-o e exacerbou-o. De real eficácia, além de democrática de verdade, foi a resistência de políticos da cepa de Tancredo e Ulysses. Na brecha representada pelas eleições parlamentares, uma oposição a princípio miúda cresceu a ponto de tirar o chão ao reinado dos generais. Em seu último livro, o cientista político Bolívar Lamounier usa a fórmula “redemocratização pela via eleitoral” para caracterizar o fenômeno; as vitórias oposicionistas se sucederam, acrescenta, até “encantoar o regime em seu último reduto, o Colégio Eleitoral”. Foi ali que Tancredo se sagrou vitorioso. Nesse paradoxal palco, nasceu a esperança de uma Nova República. A mineira do título o leitor sabe quem é, e impõe-se um pedido de desculpas antes de introduzi-la. Perdão, presidenta, e o presidenta lhe vai como compensação, antes da crueldade de contrapô-la aos três conterrâneos. Com Tiradentes ela compartilha um passado de prisioneira, mas sem o sinal de que ao sofrimento se seguirá a ressurreição. O sorriso de JK enfatiza-lhe, por contraste, a fisionomia fechada, e a habilidade de Tancredo sublinha-lhe a falta de jeito. Para culminar, à esperança inspirada pelo trio de mineiros cujos destinos se entrecruzam no 21 de abril contrapõe-se o desalento deste início de segundo mandato.

QUE PAÍS É ESSE?

Após as eleições presidenciais (2014), quando começou a vir a público o montante surrupiado dos cofres da Petrobrás (10 bilhões de reais, incialmente) para partidos e políticos da base de apoio à atual presidente, repassado por empresários a título de comissão em obras superfaturadas, na estatal, a presidenciável, Marina Silva (PV), declarou: onde o PT meteu tanto dinheiro roubado do povo? Aécio Neves (PSDB), 2º lugar, vencido por menos de 3 milhões de votos num universo de mais de 120 milhões de votantes, justificou da eleita haver mentido e prometido demais, e ter sido vítima de um estelionato eleitoral. Em menos de 60 dias, os queixumes de ambos se confirmaram, o país estava falido, tomado de corrupção, e a salvação estava na formação de uma equipe econômica para tirar o Brasil do atoleiro. Na quarta (16), o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, recebedor de parte do dinheiro furtado da Petrobrás, destinado à legenda, teve a prisão feita pela Polícia Federal, decretada pelo Juiz Federal Aldo Moro, baseado em enes depoimentos de delações premiadas e fundamentadas também em sua passagem pela Bancoop- Cooperativa dos Bancários, onde ludibriou, com outros companheiros, como o atual ministro das Comunicações, milhares de associados com o sonho da casa própria, e respondem por muitos crimes, inclusive de desvios de dinheiro, num montante acima de 100 milhões de reais. O presidente nacional do PT, com Vaccari destituído da função de tesoureiro, enxadrezado nas dependências da Polícia Federal, em Curitiba, em nota oficial, a legenda reiterou a certeza da honestidade do companheiro e do partido ir apresentar (já apresentou) habeas-corpus (negado) pedindo liberdade ao “injustiçado”. Pela reação do dirigente partidário, Juiz não pode mais pedir prisão de ladrão ligado ao governo. Que país é esse?

GATO POR LEBRE

O prefeito Alexandre Von devia autorizar ao setor competente da prefeitura proibir e cancelar loteamento de terras feito por imobiliárias e particulares, assim como a construção de conjuntos habitacionais, sem que seja oferecida ao comprador do imóvel ou do terreno toda a infraestrutura necessária, já concluída (sem promessas futuras no contrato), como saneamento básico e serviços essenciais, o que não está acontecendo, para evitar problemas à atual e às futuras administrações, principalmente as localizadas nas rodovias Fernando Guilhon, até ao limite com o aeroporto Wilson Fonseca, e a Everaldo Martins, que leva à Vila de Alter do Chão, onde os interessados em faturar não cumprem com as obrigações com o Código de Postura do Município, que não dispõe de fiscais para fiscalização e nem conhecimentos necessários para diferenciar o certo do errado. Se isso viesse ocorrendo desde outras administrações, que é de obrigação do município, maioria dos residenciais ou conjuntos existentes na cidade não havia saído do papel, e muitos, hoje arrependidos, não teriam comprado gato por lebre.

ESTÁ NA HORA DO BASTA

Entendidos, calculam que mais de 80 mil veículos, entre carros e motocicletas, legalizados ou não, circulam diariamente pelo trânsito da cidade. Parte que causa maior aborrecimento ao condutor, são locais movimentados na área central que não contam com semáforos, placas de sinalização e nem um guarda (antigamente havia) para controlar o fluxo desordenado, os quais quase sempre causam acidentes, alguns com perda de vida. Como o prefeito tem fama de centralizador, segundo seus próximos, e as Secretarias possuem minguado orçamento, está em tempo do Poder Público Municipal abrir os olhos e dar um basta nessa situação, da qual a Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMMT) não pode ser apontada como única responsável, já que o órgão não possui recursos para por fim à bagunça tão criticada por parte da população. Como as eleições são ano que vem, candidatos começam a colocar a cara pra fora.

METENDO A MÃO

A prefeitura da cidade de São Paulo, no que pese possuir o 3º maior orçamento do Brasil, é considerada como a mais corrupta do país. Os escândalos de desvios de recursos públicos vêm de muitas administrações, onde a que mais se destacou foi a do atual deputado federal Paulo Maluf “PP”, que teve depositado em contas no exterior em seu nome e de familiares, centenas de milhões de dólares, do qual nega paternidade. No final da de Gilberto Kassab, atual ministro das Cidades, presidente nacional do PSD, aliado da companheira Dilma, quando prefeito, foi descoberta a Máfia dos Fiscais (4) do ISS, que recebiam dinheiro de construtoras para diminuir débitos com o município, para receberem alvarás de funcionamento, ocasionando prejuízos, à época, de 500 milhões de reais. Passaram 5 dias presos, atualmente respondem as ações (criminal e administrativa) em liberdade que pode ser eterna. Bom, né? Nessa 2ª semana do mês, 11, com o prefeito Fernando Haddad “PT”, a Secretaria Municipal de Educação, que tem como titular o professor e ex-deputado federal, Gabriel Chalita “PMDB”, comprou e pagou ao preço de R$7,97, o quilo, 258 toneladas de salsichas, destinadas a merenda escolar, quando no comércio varejista o preço mais alto é de R$3,80. Imagine se o professor-secretário, acostumado a responder broncas por onde passa, fosse presidente da Petrobrás.

NÃO FAZ BEM AOS OLHOS

O vereador, secretário de Turismo, Valdir Mathias “PV”, que vai passar pouco mais de ano na função para tentar sua 3ª reeleição, devia colaborar com o prefeito e ver a maneira do turista ou visitante mudar um pouco do conceito ruim que leva da cidade. Isso vem de outras administrações, mas tem que ter um final feliz. Administrar um município com mais de 300 mil habitantes, acima de 200 residindo na sede, não é tarefa fácil, e a Secretaria de Turismo leva parte da responsabilidade. Devia conscientizar os moradores a não transformarem calçadas destinadas, por lei, à pedestres, numa extensão de seu negócio comercial, em garagem, e limpar constantemente o capinzal de frente das casas, que também depõe contra o locador, o morador e o proprietário do imóvel. Para uma cidade que quer ser capital de estado, esse retrato não faz bem aos olhos.

FALTA UMA OBRA QUE O POVO VEJA

Alguns “senadores” do “Senadinho”, das laterais da Garapeira Ypiranga na Praça da Matriz, propensos a votarem pela reeleição do atual prefeito Alexandre Von “PSDB”, reconhecem do gestor estar com baixa popularidade, e nesse 1º mandato não ter realizado com recursos da prefeitura uma obra visível, que chame a atenção da população e justifique o voto, o que não aconteceu com administrações anteriores. No momento, os “senadores” alegam que obras significativas que estão em construção, como o terminal para embarcações e passageiros no bairro da Prainha, Ginásio Poliesportivo, Maternidade Infantil, Centro de Convenções, unidades habitacionais do programa federal Minha Casa Minha Vida, e muitas outras, são com recursos do PAC e do Ministério da Saúde, conseguidos na administração da ex-prefeita Maria do Carmo. Do governador Simão Jatene o prefeito tem recebido recursos para pavimentação asfáltica, revitalização da demorada Praça Tiradentes, término do Estádio Colosso do Tapajós, e no sistema de abastecimento de água, onde estão sendo investidos 95 milhões de reais. Se não fosse a ajuda da União e do Estado, para conclusão dos projetos, Santarém estava mal na foto. O prefeito, pessoa bem intencionada, ainda dispõe de tempo para mostrar serviços, e fazer a obra que o povo aguarda.

ATOS E FATOS

PARTICIPOU- No período em que a presidente Dilma era presidente do Conselho da Petrobras, a empresa comprou várias refinarias superfaturadas e vendeu seus ativos a preço de banana. DESEMPREGO – O desemprego no país, de acordo com o IBGE, que era de 6,8 passou para 7,8%. Só no comércio, sem contar as indústrias, 150 mil foram dispensados. A situação para emprego, segundo a equipe econômica, até fim do ano, vai piorar. MARCHA RÉ – Na América do Sul, o país que mais vai andar pra trás, economicamente, é o Brasil. Vai ficar distante da Argentina, Bolívia e Venezuela. Vergonha, né? BOM TAMANHO – O buraco na Petrobrás é mais fundo do que se pensa. Pode chegar a 80 bilhões de reais. QUEDA- Em 1 ano, a produção das industrias brasileiras, caiu 9,1%. O setor de veículos teve recuo de mais de 30%. LARANJA – A Polícia Federal prendeu semana passada, um ex-diretor da Eletronorte, acusado de corrupção. Usava uma empresa fantasma em nome de um parente para receber propina de fornecedores.

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