Enfermeira morre por negligência médica
O trabalhador autônomo Ronilson Sousa dos Santos procurou a nossa reportagem para denunciar um problema, que ele considera erro médico e, que foi o causador da morte de sua esposa, a enfermeira Ellen Sousa dos Santos, de 26 anos, que aconteceu por volta de 4h, do dia 12 deste mês, em Santarém, no Oeste do Pará.
Ele conta que sua esposa estava grávida de 5 meses e, que com freqüência procurava o Hospital São Camilo, em Santarém, para realizar os exames do pré-natal, por conta de pagar o Plano PAS. Porém, em todos os exames, Ronilson afirma que o médico garantia que Ellen estava saudável e, que o bebê estava em perfeitas condições.
“Mesmo tendo realizado todos os exames, como ultrassom, minha esposa começou a ter sangramentos constantes. Procurei fazer novos exames no Hospital São Camilo e mesmo assim o médico falava que ela estava bem. Ele nunca falou que ela tinha Leucemia e, que corria risco de perder o bebê e de morrer”, denuncia Ronilson.
Ele explica que no dia 2 de abril sua esposa teve o primeiro sangramento, no momento em que estava trabalhando no Hospital Municipal de Belterra, de onde foi conduzida para Santarém em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e internada no Hospital São Camilo.
No dia 4 de abril, o médico responsável pelo tratamento, deu alta a Ellen. No dia 6 deste mês, ela teve um mal estar, foi internada novamente no Hospital São Camilo, onde teve o bebê prematuro de 5 meses, já morto.
Dia 7 de abril, segundo Ronilson, foi solicitada uma nova ultrassom e no dia 8 foi feita uma curetagem (exame que permite recolher amostras do interior do útero da mulher) em sua esposa. Ronilson acrescenta que no dia 9 deste mês, o médico deu alta novamente a sua mulher sem fazer uma nova ultrassom.
No dia 10 de abril, Ellen teve outro mal estar e foi internada novamente no Hospital São Camilo. Já no dia 11, ela foi transferida para o Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará (HRBA) em estado grave.
Segundo Ronilson, no Hospital Regional foi feita outra ultrassom em sua esposa, onde foi constatado que ela deveria ter feito outra curetagem. Na madrugado do dia 12, Ellen morreu em um dos leitos do HRBA, vítima de complicações na gravidez. “Foi feito um exame no Hospital Regional que constatou que minha mulher era portadora de Leucemia (câncer gestacional). Eu queria saber o motivo do médico do Hospital São Camilo, que já tinha feito vários exames na Ellen, de não ter descoberto que ela tinha essa doença que poderia causar sua morte e a do bebê?”, questiona Ronilson dos Santos.
Ele reforça que durante a gravidez, sua esposa fez todos os procedimentos recomendados pelos médicos do Hospital São Camilo e, que mesmo assim, nenhum deles descobriu que ela corria risco de morte. “Durante os cinco meses, minha esposa fez o pré-natal, onde realizou todos os procedimentos que o referido Hospital oferece, como o hemograma (exame que analisa as variações quantitativas e morfológicas dos elementos figurados do sangue), que constava que ela estava tudo bem. No Hospital São Camilo disseram que o bebê tinha nascido morto, mas não informaram a causa”, denuncia Ronilson.
Ele adiantou que vai procurar o Ministério Público Estadual (MPE) para denunciar o caso. “A morte da minha esposa comoveu muitas pessoas também em Belterra, onde ela trabalhava como enfermeira. Vou procurar fazer tudo o que for possível para não deixar a morte dela ficar na impunidade”, avisa Ronilson.
PRÉ-NATAL: A assistência pré-natal deve ser iniciada assim que a possibilidade de gravidez for considerada, geralmente devido a atraso menstrual. Quanto antes for iniciado o acompanhamento, melhores serão os resultados alcançados.
De acordo com especialistas, nas gestações de baixo risco, as consultas devem ser realizadas mensalmente até o sétimo mês de gravidez. A partir daí, a consulta deve ser a cada duas semanas até completar uma idade gestacional de 36 semanas. Depois disso, as consultas são semanais. Nas gestações de alto risco, o intervalo das consultas é menor, dependendo da necessidade de cada caso.
Outro aspecto importante do pré-natal é a avaliação a respeito da nutrição da gestante. Nas consultas, o médico faz um acompanhamento do ganho de peso da mãe, que não deve ser inferior e nem superior ao recomendado (9 a12 Kg). Os especialistas explicam que as necessidades calóricas aumentam durante a gravidez, porém, a mulher deve ter uma dieta balanceada, tendo o cuidado para evitar o ganho de peso excessivo, que pode ser prejudicial.
CÂNCER NA GRAVIDEZ: Especialistas esclarecem que o termo “câncer gestacional” compreende não só o câncer diagnosticado durante a gravidez, mas também aquele que ocorre durante o primeiro ano após o parto. As neoplasias malignas mais comumente diagnosticadas nesta condição são as ginecológicas (principalmente câncer de colo de útero), mama, hematológicos (leucemia, linfoma) e câncer de pele.
O câncer na gravidez é um desafio para os médicos e as decisões para o tratamento devem ser pensadas tendo em vista o maior benefício no desfecho oncológico para a mãe e risco mínimo para o feto. O manejo deve ser individualizado considerando aspectos éticos, legais e religiosos que variam para cada paciente ou casal. O tratamento do câncer deve aproximar-se o máximo possível dos tratamentos mais recentes para o câncer oferecidos a mulheres não grávidas, devendo ser discutido por equipe multidisciplinar que inclua oncologistas, psicólogos, obstetras, neonatologistas e pediatras.
COMPLICAÇÕES NA GRAVIDEZ: A cada hora, 33 mulheres morrem no mundo devido a complicações na gravidez, revelam dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O número, embora seja considerado elevado pela entidade, é 45% menor do que há duas décadas. Em 2013, houve 289.000 óbitos por esse motivo e, em 1990, 523.000. Atualmente, a taxa de mortalidade materna no mundo é de 210 mortes por 100 mil nascimentos.
Ainda de acordo com a OMS, um quarto da mortalidade materna de 2013 foi causado por doenças que já acometiam as mulheres antes da gestação, como diabetes, malária, obesidade e infecção pelo vírus da Aids. Outras causas incluem hemorragia grave da gravidez ou no parto (27%); pressão alta causada pela gestação (14%); infecções (11%); e complicações do aborto (9%).
O caso da morte da enfermeira Ellen Sousa dos Santos, que atuava no Hospital de Belterra, mas foi atendida no Hospital São Camilo, em Santarém, ainda vai dar o que falar, pois essa não é a primeira vez que o referido Hospital é alvo de denúncia por causa de negligência médica
OUTROS CASOS: Em 2011, um ex-jogador do São Francisco e São Raimundo esteve em nossa redação e denunciou que sua sobrinha apresentava sintomas de falta de ar, dores na garganta e no estômago, e deu entrada no Hospital São Camilo. O médico que a atendeu, fazendo exame de rotina, constatou que a criança apresentava bronquite, asma e complicações no estômago, pedindo que a pequena paciente fosse internada sem nem ao menos se preocupar em fazer um exame mais elaborado. Ele entrou logo com a medicação, enquanto o caso da menor se agravava, somente no outro dia é que o médico solicitou o exame, feito pela parte da tarde, quando a criança se encontrava bastante debilitada. O resultado só saiu à noite, porém, o médico não se encontrava no Hospital para analisar o mesmo, e o estado da criança foi piorando cada vez mais. Foi, então, que uma enfermeira sensibilizada com a situação pediu que um outro médico fosse vê-la. Na mesma hora o médico solicitado constatou que a paciente se encontrava com pneumonia grave e que teria que ser transferida para o Hospital Regional e ser internada na UTI. Mas infelizmente o Hospital Regional de Santarém dispõe de poucos leitos e a pequena paciente não resistiu a tanta espera e veio a falecer, como mais uma vítima de negligência médica.
Em abril de 2012, mais outro caso de negligência médica ligado ao Hospital São Camilo veio à tona. Quando, também, uma criança de 05 anos morreu por erro médico. O pai da criança disse que sua filha saiu de casa só com dores no ouvido e a médica que a atendeu disse que ela estava com problemas nos dois ouvidos e que poderia agravar em uma meningite. Um outro médico foi atendê-la, mas pouco caso fez e ela faleceu dias depois, sendo que o laudo discriminava coagulação respiratória. A família até hoje luta na Justiça para que os responsáveis pela morte da criança sejam punidos.
Fatos como esses acontecem em vários hospitais de todo País e, em poucos casos os médicos são punidos. Quem sofre é a família que perdeu seu ente querido.
Fonte: RG 15/O IMpacto