Denúncia: Sem tetos invadem área de preservação ambiental

Invasores devastam mata ciliar e expulsam animais de área de preservação ambiental. Igarapé já começa a mudar de cor e pode desaparecer
Invasores devastam mata ciliar e expulsam animais de área de preservação ambiental. Igarapé já começa a mudar de cor e pode desaparecer

Um cenário de destruição pode ser visto por quem caminha próximo a foz do igarapé do Urumari, no bairro Área Verde, em Santarém, oeste do Pará. Após um grupo de sem tetos invadir uma área de 300 metros de largura, de propriedade da família do professor Roque Leal, nos arredores da Avenida Marcílio Dias, no último fim de semana, a mata ciliar foi extinta das margens de dois córregos, do complexo do igarapé do Urumari.

Por conta da devastação da mata, animais como macacos, répteis e aves ficaram sem o habitat natural. Queimadas, derrubada de árvores nativas e devastação de açaizeiros e do buritizal da Área de Preservação Permanente (APP) podem ser vistos no local.

Devido a falta de alimentos, por conta da derrubada de árvores frutíferas, bandos de macacos nativos da espécie Sagüi de Santarém (macaco soin), buscam frutas nos quintais de casas, de famílias da Área Verde. Com seu jeito amistoso, esperto e cheio de graça, o macaco soin conquista adultos e crianças.

Por outro lado, a derrubada da mata pelos invasores virou motivo de denúncia de moradores das proximidades. Eles afirmam que o terreno tem dono e, que eles estavam mantendo o local preservado, até o grupo de sem tetos invadir e derrubar toda a mata da área.

Os comunitários argumentam que como se trata de crime ambiental, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) deve tomar ciência da devastação da mata ciliar às margens do igarapé do Urumari e punir os culpados.

O igarapé, que há anos sofre com o assoreamento, engloba os bairros Vigia, Santo André, Urumari, São José Operário, Jutaí, Área Verde e Uruará.

Em outros pontos, o aterro e o desmatamento estão pondo em risco o tão prejudicado Igarapé do Urumari. Próximo a ponte da Avenida Marcílio Dias, na Área Verde, casas foram construídas sobre o igarapé. Quem caminha pelo local constata que parte da vegetação foi retirada e o aterramento da área compromete a existência do manancial.

A área de abrangência do igarapé é praticamente toda ocupada por pequenas serrarias e moradias irregulares, responsáveis por problemas ambientais. Entidades ligadas aos movimentos sociais constataram que este manancial está muito doente e pede socorro.

A ampliação das áreas vulneráveis a risco através da poluição, decorrente do lançamento do lixo e esgoto doméstico, criação de animais e a derrubada da mata ciliar, principalmente na sua nascente, tem aumentado a cada dia. Segundo especialistas em meio ambiente, a derrubada da mata ciliar compromete o solo, a fauna, a flora, bem como espécies vegetais e animais e a qualidade da água.

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: O igarapé Urumari é um curso natural de água que se encontra em quase toda a sua totalidade dentro da zona urbana de Santarém, na região do Baixo Amazonas. Desde sua nascente até a foz, percorre sete bairros periféricos na zona leste da cidade. Dada a sua importância, este deveria ser preservado enquanto elemento vital à sobrevivência humana. Porém, há anos o ecossistema do Urumari vem sendo agredido e devastado por inúmeros crimes ecológicos cometidos por empresários, madeireiros, proprietários de serrarias, criadores de porcos e búfalos, além da presença crescente de famílias que, não tendo onde morar constroem palafitas às margens do igarapé.

O avanço capitalista e a ocupação urbana desordenada em torno do Urumari, e ainda a própria ação de degradação por parte do Poder Público – a exemplo das obras de infraestrutura realizadas sem considerar a existência dos mananciais urbanos, como foi o caso do asfaltamento da Rodovia Curuá-Una –, torna a luta pela preservação do igarapé bastante desafiadora. Porém, acredita-se que a recuperação do Urumari é viável a partir da incidência na educação ambiental.

PRESERVAÇÃO: De acordo com o professor Roque Leal, a área invadida por sem tetos é a última ponta de mata, que existe na foz do igarapé do Urumari, onde sua família busca zelar, para que a fauna e a flora original sejam mantidas. “Se a gente não preservar, a tendência é se acabar. As pessoas não vão ter igarapé para tomar banho, porque vai virar simplesmente um córrego de lama. Essa área que ainda existe, com essa invasão não vai ter mais e, isso é uma perda muito grande pra natureza. Hoje, preservar a mata nativa ainda é uma atitude inteligente das pessoas. A gente e os órgãos fiscalizadores não podemos permitir que isso aconteça”, afirmou o professor Roque Leal.

Segundo ele, o que lhe levou a tomar a iniciativa juntamente com seus irmãos que são herdeiros da área, de tornar público os problemas causados pela invasão, foi o fato de que a culpa não caia sobre sua família, por conta da ação que outras pessoas estão fazendo, que é derrubar a mata nativa.

“Eu expliquei para as pessoas que estavam na invasão, que a área tem que ficar intacta, apesar de que já foi bastante danificada. Deixando a mata intacta vai beneficiar uma população muito grande que precisa do igarapé, além de salvar os animais que estão aqui dentro. Como percebemos, o igarapé está dando os últimos suspiros. A saída para a preservação está na conscientização das pessoas. Os órgãos ambientais devem tomar providências para que os mananciais não acabem sendo destruídos totalmente, porque já suspiram com muita dificuldade!”, exclama Roque Leal.

Por: Manoel Cardoso

2 comentários em “Denúncia: Sem tetos invadem área de preservação ambiental

  • 29 de setembro de 2016 em 17:25
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    Preciso de ajuda urgente, agora no inicio de stembro grande grupo de invasores e usuários invadiram lá na rua Rodrigues jardim shangrilá sp sp próximo ao jd Ellus igreja do Ellus ao lado da represa Billing a chácara do alemão e ja mataram micos, tucanos armaram arapucas, cortaram árvores nativas.avisei um pessoal do meio ambiente lá no jardim dos Alamos, mas não fizeram nada.Pelo amor de Deus é uma área verde de manacial. Vão acabar com as água e com a BNilling, peço socorro.Meunome é RosaNA PRE4CISO DE AJUDA E TENHO MEUS FILHOS MENORES E TENHO QUE EU E MEUS FILHOS CONVIVER COM USUÁRIOS E COM A SERRA ELÉTYRICA.

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  • 28 de janeiro de 2016 em 17:13
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    Por onde andam os ambientalistas que nesse momento deveriam se manifestar, protestar, denunciar, acionar o Ministério Público, Igrejas, etc, etc.? Isso aí também faz parte de suas atribuições, em conjunto com os demais segmentos da sociedade, lutar pela preservação dos recursos naturais. Ou será que não se manifestam nessas situações, por se tratar de ação de pessoas pobres, talvez manipuladas por aproveitadores, que não sejam grandes empresas e, se assim fosse, dariam muita visibilidade às suas manifestações?

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