Recurso repassado ao navio Abaré está sob suspeita
O Conselho Municipal de Saúde de Santarém revelou que continua aguardando um posicionamento da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) sobre o recurso no valor de R$ 1.172.000,00, repassado pelo governo Federal, através do Ministério da Saúde, para que a instituição consolide a compra do navio/hospital Abaré I, junto a Organização Não Governamental (ONG) Terre dês Hommens (TDH).
Em reunião realizada no dia 14 deste mês, o Conselho de Saúde debateu a transação feita entre a Ufopa e a ONG para a compra do Abaré I. O receio dos conselheiros de saúde é de que a compra não seja efetuada pela Ufopa e o dinheiro retorne para o Ministério da Saúde.
Abaré. Da língua Tupi, significa o cuidador ou indivíduo dedicado aos demais. No rio Tapajós, no oeste do Pará, o nome representa a embarcação, que é uma verdadeira unidade móvel de atenção básica à saúde. O navio Abaré leva serviços essenciais e educação a 68 comunidades ribeirinhas dos municípios de Santarém, Aveiro e Belterra.
A secretária do Conselho Municipal de Saúde, Gracivane Moura, afirma que os recursos já foram repassados para a Ufopa e, que falta apenas a Universidade se reunir com a coordenação da ONG, para consolidar a compra o navio/hospital. “Isso vai ser como um custeio, onde a Ufopa deve passar esse recurso para a TDH. Entretanto, o recurso estava na conta até o dia 27 de maio. Na reunião do dia 14 deste mês, o Conselho Municipal de Saúde fez um documento e o encaminhou para o Ministério da Saúde. A Ufopa também fez e encaminhou um documento para o Ministério da Saúde, pedindo que seja prorrogado por mais três meses, o prazo para que esse recurso permaneça na conta da Universidade”, diz Gracivane.
Ela reforça que o Conselho de Saúde teme que o governo Federal pegue o dinheiro de volta. “Nós tememos que o governo Federal pegue de volta esse dinheiro e, com isso não haja mais negociação. Procuramos o Juiz, que disse que fez a pactuação. E agora o que falta? Na semana passada foi publicado em um jornal de Belém, que o governo Federal já destinou esse dinheiro para a compra do Abaré I, então, já está autorizado, só falta a Ufopa e a TDH resolver essa questão”, argumenta Gracivane Moura.
O encaminhamento daqui para frente, segundo a secretária, é que a TDH juntamente com a Ufopa sentem e assinem o contrato de compra e venda, para que o dinheiro seja repassado para a ONG, para que o navio fique de fato na responsabilidade da Universidade. “A TDH está um pouco puxando pra trás dizendo o seguinte: eles precisam fazer um treinamento que se chama capacitação de transferência de tecnologia social. Isso só quem pode fazer é a ONG, que é pra capacitar e preparar a equipe, que vai atuar a partir da assinatura do contrato da compra do navio pela Ufopa”, explica Gracivane.
CAPACITAÇÃO: De acordo com Gracivane Moura, a TDH está alegando que a capacitação das pessoas que vão trabalhar no Abaré I é muito cara e, que a ONG não tem esse recurso e, que a preparação delas terá que ser feita na Ufopa em Santarém, ministrada por profissionais da Holanda.
“Estamos articulando com o professor da Ufopa que está coordenando esse processo da compra do Abaré I pela instituição, porque dentro de Santarém temos profissionais como médicos para dar essa capacitação, mas a TDH diz que tem que ser uma equipe deles, para realizar esse treinamento, que é a transferência de tecnologia social”, ressalta Gracivane.
ATENDIMENTO: Segundo Gracivane, o Abaré I atende cerca de 15 mil pessoas nos municípios de Santarém, Belterra e Aveiro e, que para sua manutenção conta com o repasse do governo Federal, de R$ 80 mil mensais. “O governo Federal continua mandando o repasse para a Semsa e o barco não vai parar de atender as pessoas. Mesmo quando passar para a coordenação da Ufopa. Por viagem atuam cerca de 30 profissionais no Abaré I, que atende as comunidades do rio Tapajós. Esse recurso enviado pelo Ministério da Saúde não é para pagamento de pessoal. Quando o barco passar para a jurisdição da Ufopa, a Universidade deverá ser responsável de manter os profissionais trabalhando no atendimento aos ribeirinhos”, explica Gracivane.
Criado em 2006, o navio/hospitalo Abaré está equipado com consultórios médicos, ginecológicos e odontológicos, farmácia, enfermaria e aparelhos de Raio X e Ultra Som. É composto por uma equipe de 30 profissionais, entre médicos, enfermeiros, odontólogos, técnicos de enfermagem e laboratoriais.
ABARÉ II: Em relação ao Abaré II, que atende a região do rio Arapiuns, Gracivane Moura adverte que desde agosto de 2015, que ele não viaja. “A Secretaria de Saúde de Santarém disse que é por falta de recursos. A Secretaria garante que o Abaré II está passando por uma revisão, para que volte a atender os ribeirinhos ainda no mês de setembro deste ano, com a contratação de médicos”, diz Gracivane, acrescentando que a reclamação dos ribeirinhos relacionada ao Abaré II, que atende as famílias do rio Arapiuns, diz respeito à falta de médicos.
“O Ministério da Saúde liberou recursos para a contratação de mais médicos. Esse Abaré vai voltar a viajar para a região do Arapiuns, com dois médicos para atender essa questão da saúde dos ribeirinhos”, finalizou.
Por: Manoel Cardoso