Roque Leal: ”Ensino Médio sem Educação Física é um retrocesso”
Repercutiu e causou muita polêmica nesta semana, a divulgação de que o Governo Federal encaminhou para o Congresso Nacional, uma Medida Provisória (MP) que tem, segundo os agentes públicos, o objetivo de criar o ‘Novo Ensino Médio’. Contudo, a MP nº 746/2016 estabelece entre outros temas, que a redes de ensino estaduais – responsáveis pelo ensino médio – não sejam obrigadas a ofertar aulas de educação física.
A atitude do Governo Federal foi considerada uma afronta aos educadores e aos educandos, e totalmente indiferente ao cenário esportivo nacional, que recentemente realizou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
Para o Professor de Educação Física, Roque Leal, tal medida, se realmente efetivada, será um completo retrocesso na educação brasileira.
“Isso representa um grande retrocesso do próprio ensino da educação física nas escolas. O governo hoje precisa ofertar mais atividades físicas para os jovens que necessitam destas atividades para que eles possam relaxar, manter a forma e principalmente trabalhar os hormônios que tem no jovem, e desta forma possam canalizar isto para a prática esportiva e não para as práticas depreciativas como alcoolismo, tabagismo e o uso de entorpecentes. Se a juventude for ocupada nas atividades físicas, e for preparada para isto, ele vai render muito mais no estudo de outras disciplinas. Já foi comprovado, que o ser humano que pratica atividade física, é mais produtivo no trabalho, é mais produtivo nos estudos, e mais produtivo nas suas práticas esportivas”, explica Roque Leal.
De acordo com o educador, a situação da prática esportiva nas escolas em muitos casos, chega a ser inviável, devido à falta de estrutura e apoio. E cita, “se já é assim com a obrigatoriedade, imagina se não for obrigatório”, acrescentando: “Nós perdemos muito em Santarém com a falta de torneios escolares para os jovens de Ensino Fundamental e Médio. Nós perdemos a oportunidade de mostrar uma outra realidade para esses garotos, que precisam sair de Santarém para outras regiões do País, para participarem de competições. No momento que você tira a obrigatoriedade da educação física do Ensino Médio, você tolhe a possibilidade desses garotos mostrarem o seu potencial esportivo. O estado do Pará praticamente ficou fora das Olimpíadas. Nós andamos aqui em Santarém, com uma tocha para cima e para baixo, a preço de ouro, e não tivemos nenhum representante santareno nos Jogos Olímpicos. Não tivemos nenhum representante paraense na competição. Isto demonstra que o Norte muitas das vezes é relegado a outros planos. As escolas, através da educação física, promovem torneios diversos, oferecendo desta forma a prática esportiva para esses garotos. Nós temos grandes talentos em Santarém, que se destacam na prática esportiva, porém, não temos a oportunidade de levar esses garotos para Belém, e outros estados, para representar Santarém nos torneios regionais e nacionais”, declarou Roque Leal.
Polêmica à parte, o fato é que o anúncio referente ao novo Ensino Médio casou surpresas, e pode de fato sinalizar um novo contexto na área educacional, fortemente afetado pela crise econômica, onde os gestores priorizam os cortes de gastos. Por exemplo, no estado do Pará, o Governo Estadual há pelo menos um ano, vem tentando colocar em prática uma nova grade curricular do Ensino Médio, reduzindo carga horária de algumas disciplinas, fato fortemente questionado pelos servidores da educação, que conseguiram uma vitória junto ao Ministério Público Estadual (MPE), que determinou à Secretaria Estadual de Educação, que antes de implementar a nova grade curricular, realize assembléias com pais, professores e estudantes.
“E o governo ainda fica nesse de querer tirar a única oportunidade que esses garotos têm para realizar a prática esportiva competitiva. Porque o ensino da Educação Física leva a isto. E lamentavelmente os nossos governantes ainda querem tirar a Educação Física do currículo escolar. É onde você pratica na sua vida, uma maior quantidade de práticas esportivas”, conclui Roque Leal.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto