Ex-premier português, António Guterres é aclamado novo secretário-geral da ONU
O ex-premier português António Guterres foi formalmente indicado nesta quinta-feira para o cargo de secretário-geral da ONU, após uma aclamação no Conselho de Segurança da organização. Primeiro ex-chefe de um governo a liderar o organismo multilateral, Guterres prometeu reformar as Nações Unidas para reforçar seus esforços de manter a paz e promover os direitos humanos.
Em uma reunião a portas fechadas, os 15 membros do Conselho de Segurança apoiaram Guterres de maneira unânime e adotaram uma resolução que o apresenta formalmente ante a Assembleia Geral das Nações Unidas como sua opção para dirigir a organização. Para ser confirmado, o nome deve ser votado e aprovado na assembleia.
Além de Guterres, que foi chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) de 2005 a 2015, mais 12 candidatos estavam na corrida para suceder o atual secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que deixa o cargo no final do ano.
Mais cedo, Ban declarou em Roma que a eleição de Guterres à frente da organização internacional seria excelente.
— Eu conheço Guterres muito bem e considero que é uma escolha excelente — declarou Ban à imprensa ao término de um encontro com o presidente italiano, Sergio Mattarella. — Tem experiência como primeiro-ministro de Portugal. Seu amplo conhecimento dos assuntos mundiais e sua viva inteligência serão muito úteis para a condução da ONU em um período tão crítico.
Os dez anos à frente do Acnur podem ter tido um peso na decisão do Conselho de Segurança da ONU, uma vez que o mundo enfrenta a maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, com 21 milhões de refugiados em todo o planeta.
Na opinião do ex-presidente português Aníbal Cavaco Silva, Guterres “deixou um legado no Acnur, tornando-se uma voz repeitada e escutada em todo o mundo”.
“Com António Guterres, o Conselho de Segurança optou por um defensor dos refugiados com o potencial de garantir uma mudança significativa na abordagem dos direitos humanos num momento de grandes desafios”, escreveu em comunicado o diretor para a ONU da ONG Human Rights Watch, Louis Charbonneau.
PROCESSO MAIS ABERTO
A eleição começou em 12 de abril deste ano, quando os candidatos ao posto de secretário-geral começaram a ser chamados para dar briefings informais, em que respondiam perguntas sobre o desenvolvimento sustentável, esforços pela paz, proteção dos direitos humanos e catástrofes humanitárias.
Antes, a escolha era feita a portas fechadas e comandada por poucos países. Pela primeira vez na História, houve discussões públicas e os países fizeram campanha pelo candidato de sua preferência.
Em julho, a ONU fez uma transmissão ao vivo, para todo o mundo, pela TV e internet, em que os candidatos responderam a perguntas de diplomatas e do público.
O presidente da 70ª Assembleia Geral, Mogens Lykketoft, disse que o processo mais transparente é “uma virada de jogo” para a ONU:
— A apresentação de duas horas de cada um dos candidatos nos diálogos da Assembleia Geral foi destaque e ajudou a incluir o público global no debate sobre o futuro da ONU.
Guterres será o quinto europeu a ocupar o cargo de secretário-geral da entidade, e o primeiro representante do continente desde a saída do austríaco Kurt Waldheim, em 1981. Desde então, o papel de secretário-geral da ONU coube ao peruano Javier Pérez de Cuéllar (1982-1991), ao egípcio Boutros Boutros-Ghali (1992-1996), ao ganês Kofi Annan (1997-2006) e ao sul-coreano Ban Ki-moon, no cargo desde 2007.
Fonte: O Globo
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