MILTON CORRÊA Ed. 1122
PARÁ REGISTRA 39 MUNICÍPIOS EM SITUAÇÃO DE ALERTA OU RISCO DE SURTO DE DENGUE, CHIKUNGUNYA E ZIKA
Por Nivaldo Coelho e Ana Cláudia Amorim, da Agência Saúde
Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de 2016, realizado pelo Ministério da Saúde, em conjunto com os municípios, aponta que 39 cidades encontram-se em situação de alerta ou risco de surto de dengue, chikungunya e zika no Estado do Pará. Desse total, 13 municípios estão em risco e 26 em alerta. Outros 36 estão em situação satisfatória. Belém, a capital do estado está em alerta. Os dados do LIRAa, foram apresentados pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, que também divulgou a nova campanha deste ano para combate ao mosquito transmissor das três doenças. A nova campanha chama a atenção para as consequências das doenças causadas pela chikungunya, zika e dengue, além da importância de eliminar os focos do Aedes.
“Para este ano, esperamos uma estabilidade nos casos de dengue e zika. Como chikungunya é uma doença nova, e muitas pessoas ainda estão suscetíveis, pode ocorrer aumento de casos ainda este ano. Porém, para o próximo, também esperamos estabilização dos casos de chikungunya” explicou o ministro Ricardo Barros. Ele ressaltou, no entanto, que o Sistema Único de Saúde (SUS) está qualificado e preparado para o atendimento destas pessoas.
Dos 3.704 municípios brasileiros que estavam aptos a realizar o LIRAa – aqueles que possuem mais de 2 mil imóveis – 62,6% (2.284) participaram da edição deste ano. Em comparação com 2015, houve um aumento de 27,3% em relação ao número de municípios participantes. Realizado em outubro e novembro deste ano, o levantamento é um instrumento fundamental para o controle do mosquito Aedes aegypti. Com base nas informações coletadas, o gestor pode identificar os tipos de depósito onde as larvas foram encontradas e, consequentemente, priorizar as medidas mais adequadas para o controle do Aedes no município.
Atualmente, o levantamento é feito a partir da adesão voluntária de municípios. O ministro Ricardo Barros, no entanto, vai propor que a participação, no levantamento, dos municípios com mais de 2000 imóveis seja obrigatória, a partir de 2017. A proposta será apresentada na reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) entre estados, municípios e União, no próximo dia 8 de dezembro.
CRIADOUROS – Os depósitos de água, como toneis, tambores e caixas d’água, foram os principais tipos de criadouro na região Nordeste e Sul. Já o depósito domiciliar, categoria em que se enquadram vasos de plantas, garrafas, piscinas e calhas, predominou na região Sudeste. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, o lixo foi o depósito com maior número de focos encontrados.
CAMPANHA – A nova campanha do Ministério da Saúde, de conscientização para o combate ao mosquito, chama a atenção para as consequências das doenças causadas pela chikungunya, zika e dengue, além da importância de eliminar os focos do Aedes. “Um simples mosquito pode marcar uma vida. Um simples gesto pode salvar” alerta a campanha, veiculada na TV, rádio, internet, redes sociais e mobiliários urbano (ponto de ônibus, outdoor) no período de 24 de novembro a 23 de dezembro. Foram investidos R$ 10 milhões na campanha.
“Neste ano, a diferença da campanha é que estamos mostrando as consequências de não combater os focos do mosquito. A ideia é sensibilizar as pessoas para que percebam que é muito melhor cuidar do foco do mosquito do que sofrer as consequências de não ter feito esse gesto. Vamos reforçar, ainda mais, a necessidade de eliminar os criadouros, convocando toda a sociedade para esse trabalho”, destacou o ministro da Saúde Ricardo Barros.
DENGUE – O Brasil registrou, até 22 de outubro, 1.458.355 casos de dengue. No mesmo período de 2015, esse número era de 1.543.000 casos, o que representa uma queda de 5,5%. Considerando as regiões do país, Sudeste e Nordeste apresentam os maiores números de casos, com 848.587 casos e 322.067 casos, respectivamente. Em seguida estão as regiões Centro-Oeste (177.644), Sul (72.114) e Norte (37.943).
CHIKUNGUNYA – No país, foram registrados 251.051 casos suspeitos de febre chikungunya, sendo 134.910 confirmados. No mesmo período, no ano passado, eram 26.763 casos suspeitos e 8.528 confirmados. Ao todo, 138 óbitos registrados pela doença, nos estados de Pernambuco (54), Paraíba (31), Rio Grande do Norte (19), Ceará (14), Bahia (5), Rio de Janeiro (5), Maranhão (5), Alagoas (2), Piauí (1), Amapá (1) e Distrito Federal (1).
ZIKA – Foram 208.867 casos prováveis de febre pelo vírus Zika em todo o país, até o dia 22 de outubro, o que representa uma taxa de incidência de 102,2 casos a cada 100 mil habitantes. Foram confirmados laboratorialmente, em 2016, três óbitos por vírus Zika no país. Em relação às gestantes, foram registrados 16.696 casos prováveis em todo o país.
Os recursos federais destinados à Vigilância em Saúde, Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS), para a transferência aos estados, municípios e Distrito Federal que incluem as ações de combate ao Aedes aegypti, cresceram 39% nos últimos anos (2010-2015), passando de R$ 924,1 milhões para R$ 1,29 bilhão em 2015. E, no ano de 2016, teve um incremento de R$ 580 milhões, chegando o valor a R$ 1,87 bilhão. Além disso, o Ministério da Saúde contou com apoio extra do Congresso Nacional, por meio de emenda parlamentar, no valor de R$ 500 milhões.
VACINA CONTRA AEDES AEGYPTI PODE PREVENIR CONTRA ZIKA, DENGUE E CHIKUNGUNYA
Fonte: Blog da Saúde (Ministério da Saúde)
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais estão produzindo o que pode ser a primeira vacina no mundo diretamente contra o Aedes aegypti. O projeto é um dos aprovados pelo Ministério da Saúde na Chamada Pública para apoiar projetos de pesquisa no combate ao vírus Zika e no enfrentamento ao Aedes aegypti.
“A gente conseguiu, nesse trabalho, interferir no inseto que é o transmissor de várias arborviroses, como Zika, Dengue e Chikungunya. E por essa razão essa vacina é particularmente importante para o Brasil, já que os virologistas apontam para o risco iminente de chegar aqui novas arboviroses que são também transmitidas por este mosquito”, afirma o pesquisador do projeto, Rodolfo Giunchetti.
A vacina produzida pelos pesquisadores vai imunizar as pessoas, interferindo com a população do Aedes aegypti, resultando no bloqueio da transmissão dos vírus pelo mosquito, em três etapas. Primeiramente, as pessoas serão vacinadas, e, então, produzem anticorpos contra o Aedes aegypti. A partir daí os mosquitos que picarem essas pessoas podem colocar menos ovos na natureza e inclusive morrer logo após a picada, além de perder a capacidade em transmitir arboviroses como o vírus Zika, quebrando a cadeia de transmissão.
Uma das principais vantagens do trabalho, segundo os pesquisadores, é conseguir o controle das enfermidades sem a necessidade de aplicar qualquer substância química no meio ambiente, como inseticidas. Resultados preliminares, em camundongos, mostraram que a vacina interfere no ciclo de vida do inseto, como colocar menos ovos após a alimentação no camundongo imunizado, ou ainda podem morrer.
“Essa estratégia representará um avanço extraordinário para o controle de Dengue, Chikungunya, Zika e, seja lá qual for a próxima arbovirose que chegar ao nosso país”, afirma o pesquisador.
Produzir uma vacina acessível financeiramente também é uma preocupação desse grupo de pesquisadores. “Quanto menor o custo, melhor, porque a nossa preocupação é disponibilizar a vacina para o Sistema Público de Saúde, favorecendo o acesso a toda população brasileira”, comenta Rodolfo. Todo o trabalho está sendo direcionado para programas governamentais de controle.
Ainda estão envolvidos no projeto, além dos pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Centro de Pesquisas René Rachou, unidade de Belo Horizonte da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade Federal de Ouro Preto e o Instituto Butantan. A ideia dessa vacina nasceu na UFMG, mas não é a primeira vacina contra insetos desenvolvida por profissionais da instituição.