Carlos Velloso recusa convite de Temer para ser ministro da Justiça
O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Mário Velloso, 81, decidiu recusar o convite do presidente Michel Temer para ser ministro da Justiça no lugar de Alexandre de Moraes. Dois obstáculos foram apontados por ele para não aceitar o cargo: a pressão da família e contratos com cláusulas de exclusividade com seu escritório de advocacia, que atua em mais de 50 ações em tribunais.
Velloso disse à Folha que comunicou sua decisão a Temer na tarde de sexta-feira (17). “Avisei o presidente. Ele entendeu, era uma questão ética. Tenho compromissos a honrar e consultei a todos, mas não pude deixá-los”, disse. “São contratos que eu tenho que manter. A menos que o contratante tivesse disposto a aceitar a minha saída. Não foi o caso”, ressaltou.
Velloso e Temer conversaram na noite de quinta (16) sobre os problemas. Ontem, voltaram a se falar por telefone.
Auxiliares que estiveram com Temer em São Paulo afirmam que o presidente “já estava preparado para a escolha de outro nome” para o Ministério da Justiça desde a noite passada. Esses assessores disseram ainda que Temer havida dado um prazo até o fim da tarde desta sexta para que Velloso respondesse ao convite, mas já avaliava que os clientes do escritório de advocacia do ex-ministro do STF inviabilizariam sua ida para o governo. Além disso, os filhos de Velloso eram contrários à sua nomeação para a pasta.
Com a recusa de Velloso, o presidente terá de rever seu cardápio de opções para o ministério. Neste fim de semana, quando retorna a Brasília, Temer deve reiniciar a sondagem de novos nomes para a Justiça, mas vai procurar baixar a temperatura das especulações. Quer intensificar as discussões sobre o tema apenas após a sabatina de Moraes, que esteve com o presidente nesta tarde, em São Paulo.
Entre os cotados, antes de o ex-ministro do STF ser convidado, estavam o vice-procurador-geral da República, José Bonifácio de Andrada, e o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), apoiado pela bancada peemedebista na Câmara.
Segundo a Folha apurou, Temer descartou o nome do ex-secretário de Segurança Pública do Rio José Beltrame para a Secretaria de Segurança Pública do governo. O presidente sondou o advogado Antonio Mariz para o posto, mas ele ainda não sinalizou sobre o assunto.
INSISTÊNCIA
A recusa de Velloso deu nova esperança aos deputados do PMDB, que brigam por mais espaço na Esplanada dos Ministérios.
Os deputados voltarão a insistir no nome do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que havia sido descartado pelo Palácio do Planalto depois que a Folha mostrou que o parlamentar havia feito críticas ao poder de investigação do Ministério Público, um dos principais atores da Operação Lava Jato.
Peemedebistas argumentam que Pacheco preenche todos os requisitos técnicos e morais e que as críticas que fez foram proferidas por ele como advogado e dentro de um contexto próprio.
O nome de Pacheco era defendido apenas pelas bancadas de Minas e do PMDB. Agora, tem apoio também de representantes de outros partidos. “Não vejo nenhum problema em escolher um parlamentar que é especializado. [Vai deixar de escolher] por causa da opinião dele?”, ponderou o deputado Beto Mansur (PRB-SP), próximo a Michel Temer.
Fonte: O Mocorongo e Folha de SP