Divisa: “Carne é fiscalizada desde o pasto até o açougue”
Walter Matos fala das fiscalizações sobre produtos oferecidos à população.
Depois da população brasileira ficar assustada com o resultado da fiscalização realizada pela Polícia Federal, com a Operação Carne Fraca, sobre a qualidade da carne consumida no Brasil, a TV e o Jornal Impacto decidiram conversar com o Coordenador da Divisa em Santarém, Walter Matos, para que ele pudesse explicar todas as atividades e ações do Órgão em relação à fiscalização, no sentido de assegurar a qualidade dos produtos e serviços para a população santarena.
Jornal O Impacto: A Vigilância Sanitária está preparada para realizar esse controle, junto aos entes, e assegurar produtos e serviços de qualidade?
Walter Matos: A Vigilância Sanitária é uma barreira entre o consumidor, o serviço e os produtos. Dentro dessa cadeia nós temos os nossos parceiros, o próprio Ministério da Agricultura, a Adepará, as Secretarias de Meio Ambiente, tanto Estadual como Municipal, o Procon e outros órgãos, que nos ajudam e auxiliam também nessa fiscalização e no disciplinamento dessas atividades, para colocar o produto e o serviço com qualidade ao consumidor. Nós fazemos o trabalho compulsório, diariamente, com três equipes, às vezes nós aumentamos para cinco equipes no mesmo dia, dependendo da demanda. Nós temos um setor de Drogas e Medicamentos, coordenado por um farmacêutico; tem um Controle de Qualidade e Alimentos, coordenado por uma nutricionista e um médico veterinário; temos um Controle de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, que é coordenado por uma enfermeira, controlando inclusive infecção hospitalar. Temos um setor de fiscalização em assistência social, também em creches e escolas. Nós fiscalizamos hotel, motel, drogaria, necrotério, farmácia, feiras e mercados, tudo o que envolve a cadeia da saúde, que é muito ampla e nós procuramos fazer nosso trabalho com ética, para identificar realmente os problemas. Se porventura a Vigilância Sanitária falha, nós acabamos inchando os hospitais com pessoas doentes. Então, a proposta é para que os produtos cheguem com qualidade na mesa do consumidor, para que ele não tenha doenças diarréicas, não tenha gastrointerites e vá parar no hospital. O hospital é realmente para atender as pessoas que estão precisando em caráter de emergência, pessoas que estão com risco iminente de vida, aí se a gente faz esse nosso trabalho de ponta, junto com os parceiros, controlando a carne desde o pasto, vindo para o frigorífico até o açougue, a gente consegue também fazer um diagnóstico e manter a qualidade desses alimentos e produtos.
Jornal O Impacto: As ações da Vigilância Sanitária, nesses casos se tornam na verdade ações preventivas?
Wálter Matos: As ações da Vigilância Sanitária têm combatido justamente para não deixar ocorrer as doenças e contaminações. Quando a gente fala em risco de saúde, se está acontecendo acidente automobilístico, isso também preocupa a Vigilância. A gente preserva a vida, trabalhamos com a qualidade de vida. O tabagismo, nós temos também uma proposta, hoje já conseguimos diminuir muito o número de fumantes. Da mesma forma, nós fiscalizamos a venda da cola de sapateiro, e temos um controle sobre isso. Na época das chuvas nós nos preocupamos com a doença causada pela urina dos ratos, como a leptospirose, assim como a dengue. A gente faz um trabalho voltado na prevenção.
Jornal O Impacto: Como tem sido, na sua avaliação, ao longo dos anos trabalhando nesse setor, o comportamento da sociedade, ela tem contribuído ou se engajado?
Walter Matos: Infelizmente a gente ainda encontra pessoas ignorantes, aquelas que não tiveram oportunidade de estudar e que praticam algumas irregularidade, muitas vezes deixando produtos vencidos em seus comércios, mas como disse, é por desconhecimento, porém, existem aqueles que o fazem de forma intencional, mesmo sabendo que não podem. Ao longo dos tempos, nós temos trabalhado, tirando a Vigilância Sanitária como área de conflito. Ela é um órgão parceiro, que está atento para cuidar da qualidade de vida da população e da comunidade. Hoje nós temos uma conversa com as empresas, inclusive as de maior porte já estão se preocupando em ter seu controle de qualidade, contratando seu RT (Responsável Técnico), para gerenciar e dar uma melhor qualidade no atendimento e nos produtos que serão adquiridos pelo consumidor, e isso é muito importante. Eu sempre falo para as empresas que, quando um consumidor foi atrás de um produto ou serviço, ele está prestigiando essa empresa. Então, nada melhor do que o proprietário da empresa prestigiar também o consumidor, com preço justo, atendimento adequado, um produto de qualidade, de transparência, que ele saiba a procedência e que assim o consumidor tenha certeza que ele está levando para sua casa um produto que não vai lhe causar problema. Então, essa é a proposta, retirar a Vigilância da área de conflito e ser parceiro. Hoje a população está muito mais criteriosa, e isso a gente tem conseguido através de palestras, feiras, cursos de boas práticas de manipulação, em colégios, academias, faculdades, e com isso nós chamamos essa clientela para “vestir a camisa” da Vigilância e ser um fiscal sanitário. Então, ele antes de comprar qualquer produto ou serviço, tem que ser criterioso e questionar.
Jornal O Impacto: Em relação a produtos que são fatiados sem a presença do consumidor, é permitido, qual a orientação?
Walter Matos: É importante você não comprar fatiado e deve exigir que o produto seja fracionado na sua frente, para que você tenha certeza de que está levando um produto acondicionado na embalagem original e dentro do prazo de validade. A mesma situação deve ser com o picadinho, que também deverá ser feito na frente do consumidor. Existem produtos químicos que são usados, que são bactericidas, até a quantidade permitida, como é o caso do sulfito, salitre, que são utilizados também na carne, para maquiar essa carne. E aí, você acaba sendo ludibriado, pagando o preço de uma carne de segunda como se fosse de primeira. O excesso de bromato no pão, também não é aceitável, pois além de ser prejudicial à saúde não é permitido.
Jornal O Impacto: Considerando todas essas ações da Vigilância Sanitária, podemos afirmar que ela é uma parceira da sociedade e que isso não pode deixar de ser reconhecido pelo cidadão, tanto na hora de orientar, quanto na hora de receber uma denúncia?
Walter Matos: Nós somos o Anjo da Guarda da população. Se você é empresário e sofreu algum tipo de fiscalização e achou que foi abusiva, nós temos procedimentos administrativos para tomar medidas. Nós não pactuamos com isso, a tendência é parceria. Nós temos um telefone de contato, que é o 991554907, para denúncias ou informações sobre algum processo pessoal, bastando informar o número do protocolo.
Por: Osvaldo de Andrade
Fonte: RG 15/O Impacto