Sespa investiga morte de criança no Pará sob suspeita de doença rara
Médico Bernardo Cardoso, diretor de Endemias da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), diz que o caso requer análise.
A morte de uma criança de dois anos ocorrida na última semana, no município de Parauapebas, no sudeste paraense, está preocupando população e profissionais da área da saúde. Isso porque há a suspeita de que a criança foi vítima de febre maculosa, uma grave doença bastante incomum no Estado.
A febre maculosa é uma doença febril, infecciosa e não contagiosa, causada por uma bactéria transmitida por carrapatos. Entre os sintomas da doença, estão febre abrupta, dores no corpo e na cabeça, prostação e sangramentos. A doença pode ainda causar insuficiência renal, pulmonar, cardiopatia e aumento do fígado. Em cerca de 80% dos casos, a febre maculosa é fatal.
Em uma postagem das redes sociais, a madrinha da criança afirmou que a menina havia sido picada por um carrapato no rosto, que foi removido pela mãe; ela ainda limpou a pele com álcool. Entretanto, nos dias seguintes ela começou a apresentar os sintomas, sendo diagnosticada por um médico do município com febre maculosa e meningite. A criança acabou indo a óbito no dia 9 deste mês.
Para o diretor de Endemias da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Bernardo Cardoso, o caso requer análise. “Enviamos uma equipe para o município para fazer a coleta do material com a vítima, que deverá ser analisado pelo Instituto Evandro Chagas, para identificar se de fato é um caso da doença”, afirmou. “Nem o melhor médico poderia diagnosticar com precisão a febre maculosa apenas em uma análise clínica, por que os sintomas são muito vagos. É preciso fazer o exame”.
Segundo o médico, a confusão sobre o diagnóstico pode ocorrer devido a similaridade com outras doenças. “É fácil confundir com muitas coisas, como leptospirose, febre tifoide, até a própria dengue”, continuou Bernardo. “É preciso verificar ainda porque essa doença é extremamente rara na região norte, com casos esporádicos. Eu nunca vi um caso no Pará. São mais comuns no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais”.
Ele explica que, justamente pela raridade desse tipo de doença na região, a suspeita de um caso requer bantante atenção. “A possibilidade de um caso no Pará, de fato, traz uma preocupação. É por isso que uma equipe já está trabalhando no caso, mesmo antes da confirmação, para fazer o rastreamento da menina, saber de onde ela veio, por onde andou, se tinha intimidade com animais (que podem carregar os carrapatos), se morava em fazenda, ou se alguma outra pessoa está com os mesmos sintomas”, completa Bernardo.
A febre maculosa é normalmente transmitida pelo carrapato conhecido como “carrapato estrela”, bastante comum em equinos e gado, mas também pode estar presente em outros carratos, que vivem em animais domésticos. Ao surgirem os primeiros sintomas, a recomendação é procurar um médico e realizar exames para diagnosticar a doença. O tratamento é feito através de antibióticos.
Fonte: DOL