Peninha: “Governador Jatene quer vender o Pará aos chineses”
“Fiquei triste ao ver o Governador do Pará, Simão Jatene, assinando Memorando de Entendimento com grupo Chinês para construção de ferrovia no Pará”, disse o vereador Peninha ao começar sua entrevista ao Jornal O Impacto sobre a construção da ferrovia denominada de Ferrogrão, que vai interligar Sinop no Mato Grosso a Miritituba, no Pará. Veja a entrevista na íntegra:
Jornal O Impacto: Por que você é contra a construção da Ferrogrão?
Peninha: Primeiro, esta ferrovia não é para atender nossas necessidades e sim dos produtores de grãos do Mato Grosso. Outro aspecto, é que vai servir apenas para transportar os grãos dos municípios produtores do Mato Grosso para o porto em Miritituba. Nós aqui só vamos ver o TREM passar.
Jornal O Impacto: Os municípios não vão ganhar nada com a construção desta ferrovia?
Peninha: Vão ganhar sim, desemprego e caos social. Veja bem. A construção desta estrada, é claro que vai gerar imposto, principalmente ISS aos municípios onde passar a estrada, assim como alguns empregos, mas após a conclusão desta ferrovia, os municípios não vão ganhar nada, pois como se trata de produtos de exportação, é isento de impostos. Vai ter muito perigo na região onde cortar esta estrada, pois ela vai passar em cima de vicinais que tem movimento de colonos e de animais. Agora, quando a ferrovia estiver funcionando, a rodovia vai virar uma estrada fantasma, porque as carretas vão parar, pois são elas que ainda movimentam hoje esta estrada.
Jornal O Impacto: E a região, com construção desta ferrovia, o que pode acontecer?
Peninha: Meu caro repórter, volto a afirmar, vai ser um caos. Com a chegada dos portos em Miritituba, se criou uma grande expectativa de renda, emprego e impostos aos municípios. O que estamos vendo hoje é o contrário. Os portos geraram emprego e impostos na fase de construção, hoje poucos empregos e o único imposto recolhido aos cofres públicos do Município é o IPTU e a Taxa de Alvará de Funcionamento, mas isto é anual. Todavia, temos que também reconhecer os atrativos que os portos trouxeram. Hoje temos em Itaituba grandes investimentos, como o Posto Mirian, no Distrito Municipal de Campo Verde, que investiu mais de R$ 26 milhões na sua construção e gera em torno de 200 empregos diretos; Temos o Terminal de Petróleo da ATEM, que está investindo em torno de R$ 40 milhões; O terminal da Shell, que está investindo em torno de R4 70 milhões e outros empreendimentos que são feitos em Itaituba. Tudo isto para atender às carretas que transportam grãos do Mato Grosso para o Pará. Ao longo da BR-163 (Cuiabá/Santarém), se implantou uma gigantesca estrutura para atender esta demanda, com postos de combustível, borracharias, restaurantes, lanchonetes, pensões, hotéis, casas de peças, e inúmeros comércios e, de repente, ainda não vivemos este momento. Já estão vivendo outro momento com a ferrovia. É complicado.
Jornal O Impacto: O governo do Estado é favorável a este projeto da Ferrovia?
Peninha: Pelo que vi, acho que sim, pois assinou com o grupo Chinês, apoio à construção desta estrada de ferro. Isto é uma tremenda irresponsabilidade do governador Jatene com o Estado e com os municípios da região. Dizer que este é um dos grandes projetos de infraestrutura logística paraense, é brincar com a nossa cara. Veja, o governador Jatene desconhece números do seu Estado, pois será que sabe quanto vai perder de imposto com esta ferrovia? Acredito que não. Nestes onze meses deste ano (janeiro a novembro) somente três distribuidoras de combustível em Itaituba (Shell, Petrobras e Ypiranga) venderam 1 bilhão e 270 milhões de reais. Isto em litros, soma 436 milhões de litros de combustível. Deste montante em dinheiro, fizemos um cálculo em cima de 50% deste valor vendido de combustível (R$ 635 milhões e 423 mil) do valor de ICMS que o Estado recolheu 17%, nestes 11 meses, concluímos que o Governo Paraense recolheu mais de 108 milhões de reais só de ICMS da venda de combustível em Itaituba. Será que este dinheiro não vai fazer falta ao Pará? Isto só de venda de combustível, fora os impostos gerados pelos demais comércios de peças, gêneros alimentícios, máquinas e outros. Quanto a Ferrovia vai render ao Pará? Nada.
Jornal O Impacto: O que o senhor e seus pares estão fazendo para impedir a construção desta ferrovia?
Peninha: Veja bem, para impedir, não estamos fazendo nada, mas manifestar contra ela, sim. Criamos uma Frente Parlamentar de vereadores dos municípios de Novo Progresso, Trairão e Itaituba e vamos à audiência em Itaituba protestar contra a Ferrogrão. Na reunião que fizemos, todos os vereadores presentes manifestaram o apoio em defesa da BR-163. Eu, inclusive quando participei da audiência em Cuiabá, no último dia 22, disse lá, que podia o governo pegar R$ 2 bilhões destes R$ 12 bilhões que vai custar a Ferrogrão, e investir na conclusão da pavimentação e duplicação da Cuiabá-Santarém. Falta pouco para ser concluído o asfaltamento da BR-163. Então, por que não se concluiu esta estrada que todo mundo vai usar? Estamos elaborando um documento para entregar aos responsáveis pela audiência, colocando nossos protestos e pedindo para que sejam priorizadas: construção das pontes em concreto, conclusão e duplicação da BR-163, regularização fundiária da região e a redefinição das áreas de Unidade de Conservação Ambiental, como a Flona Jamanxim, em Novo Progresso.
Jornal O Impacto: O senhor particularmente, acredita na construção desta ferrovia?
Peninha: Olha, como esta estrada de ferro é de interesse de grandes empresários, é possível que seja construída, porém, não sei em quantos anos. É um projeto, só que enquanto este projeto não sai do papel, temos de usar o que temos no momento e o que temos agora e a Rodovia Cuiabá-Santarém. Então, temos de priorizar. O governo deveria já ter tirado da gaveta a PRIVATIZAÇÃO desta rodovia, que discutimos em 2015 aqui em Itaituba, mas como o pedágio das carretas a ser pago pelos empresários era meio salgado, abandonaram a rodovia e passaram a fomentar a ferrovia. Eles, empresários, não estão errados, querem ganhar mais e nós temos que defender o que é melhor para nós, neste caso é a rodovia, a estrada, que todos usamos. Veja bem, hoje uma carreta, de Sorriso-Mato Grosso ao Porto de Miritituba-Pará, custa ao empresário R$ 10.000,00 o frete, uma vez que é pago pela tonelada R$ 200,00 e a capacidade da carreta é de 50 toneladas. No vagão do trem, a tonelada de Sinop a Miritituba não vai custar nem R$ 20 reais. Veja quanto os empresários vão lucrar, mas estão esquecendo que não é só eles que têm que ganhar. Eles precisam pensar nos outros, por isso vamos lutar contra a FERROGRÃO.
Fonte: RG 15/O Impacto
Achei que Peninha fosse mais inteligente! O que Itaituba já poderia estar em ação é no plantio; A Região é plana, tem clima favorável, localização perfeita, mas não, os bugres tão pensando contra uma estrada que levará mais de dez anos só pra sair as licenças devido a burocracia e o pessoal “do contra”. Das dez cidades mais ricas da Amazônia 9 são da agricultura. É humilhante ver uma escola em Sinop, Sorriso, Lucas ou Mutum e comparar com Itaituba por exemplo. De Novo Progresso até a divisa do PA/MT ja tem boa produção de soja. Itaitubenses, vocês com Peninha vão se mexer ou vão ficar garimpando e vendo o trem passar?