Fórum de combate ao uso de agrotóxicos promove evento sobre mortandade de abelhas na região do Baixo Amazonas
Para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, o Fórum Regional de Combate aos impactos causados por agrotóxicos do Baixo Amazonas promove evento em Santarém para discutir a mortandade das abelhas devido aos agrotóxicos, o que desencadeia uma série de problemas, afetando não somente os apiários (criadores de abelhas) e meliponários (produtores de mel). A programação prevê um Dia de Campo (2/06) e um Seminário com o tema “Os impactos dos agrotóxicos na mortandade de abelhas na região do Baixo Amazonas”, no dia 5, das 8h30 às 17h, no auditório do MPPA em Santarém.
O público alvo do seminário são criadores de abelhas e produtores de mel de Santarém, Belterra, Mojui dos Campos e outros municípios do Baixo Amazonas, bem como estudantes, agrônomos, agricultores e demais interessados no tema. Já o Dia de Campo, no dia 2, será para as instituições que integram o Fórum, que farão uma visita em propriedade localizada em Belterra. O evento tem apoio do Ministério Público de Santarém, Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STTR) e Fase Amazônia.
Dentre os palestrantes, professores da Ufopa e Ufpa vão apresentar as mais recentes pesquisas sobre o tema. O seminário terá mesas temáticas e troca de experiências entre produtores da região. Dentre os temas abordados teremos: As abelhas como bioindicador de qualidade ambiental; o histórico da criação de abelhas na região; os impactos sociais e ambientais do uso de agrotóxicos próximo a locais habitados, e palestra sobre o processo de licenciamento para mel e derivados, pela Adepará.
Risco para a biodiversidade
A mortandade de abelhas coloca em risco a produção de alimentos e a manutenção da biodiversidade. A pulverização indiscriminada de agrotóxicos por via área é responsável pela dizimação de colônias inteiras de abelhas de várias espécies no mundo e no Brasil, que está entre os grandes produtores e exportadores mundiais do mel. Na Amazônia, em regiões como o oeste do Pará, a apicultura é uma atividade crescente, mas já há registros de morte de abelhas em grande número em propriedades, por isso o Fórum definiu o tema para debate.
O desaparecimento de abelhas é resultado de diversos problemas, entre os quais, o uso de agrotóxicos, a perda dos habitats, patógenos e parasitas que atacam as colônias e mudanças climáticas. Investigações científicas sugerem que esses produtos provocam uma intoxicação nas abelhas, um fenômeno chamado de “distúrbio do colapso das colônias”, quando os insetos não retornam às colmeias e morrem fora dela, após o corpo sofrer um “curto-circuito” devido à excessiva exposição aos componentes químicos.
Segundo a ONU, houve redução de 3,5 milhões de colmeias nos Estados Unidos entre 1950 e 2007. Na Alemanha, 75% dos insetos, não só polinizadores, desapareceram entre 1989 e 2012. No Brasil, estudo publicado em 2016 por pesquisadores de Embrapa, Universidade Federal de São Paulo e Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, entre outras entidades, apontou grandes perdas de colônias de abelhas, em especial em São Paulo e Santa Catarina.
Pesquisa divulgada em fevereiro deste ano por Márcia Maués, gestora do Núcleo Temático de Sistemas de Produção de Espécies Frutíferas e Industriais da Embrapa Amazônia Oriental, indica que a castanheira, por exemplo, depende da polinização realizada por diversas espécies de abelhas. “Mais de 25 espécies de abelhas nativas de médio a grande porte (tamanho variando entre 2,5 cm a 4 cm) são responsáveis pelo fluxo de pólen entre as árvores da castanheira”, informa.
O trabalho ressalta que práticas amigáveis aos polinizadores da castanheira incluem recomendações de restrição ou moderação do uso de defensivos agrícolas, do uso de fogo e outras. “Essas ações precisam ser divulgadas entre os produtores rurais, para que sejam de fato efetivas, e para que o serviço de polinização prestado pelos polinizadores – cujo valor é inestimável – seja reconhecido”, conclui.
Fonte: RG 15/O Impacto e Ascom/MPPA