MILTON CORRÊA Ed. 1208
PARÁ É UM DOS ESTADOS COM MENOR TAXA DE ESCOLARIZAÇÃO ENTRE CRIANÇAS ATÉ 3 ANOS
Segundo estudo do IBGE, menos de 17% dos brasileiros de 0 a 3 anos da região Norte estão em creches. A reportagem é da Agência do Rádio, assinada por Thiago Marcolini.
A região Norte do Brasil tem a menor taxa de escolarização do país entre crianças de 0 a 3 anos de idade, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2017, do IBGE. Pouco menos de 17% das pessoas desta faixa etária estão em instituições de ensino. O número cresceu em relação a 2016 em mais de 2%, mas ainda está bem atrás da segunda região com o menor índice, o Centro-Oeste, que tem quase 25,5% das crianças até 3 anos em creches. Os dados relativos ao Pará seguem o padrão apresentado na região Norte do país. Segundo os últimos dados do Observatório do Plano Nacional de Ensino, de 2015, mais de 440 mil crianças estão fora da escola, enquanto pouco mais de 70 mil frequentam alguma instituição de ensino – o que representa 13,7% por cento da população até 3 anos.
Ainda segundo o levantamento do Observatório, pouco mais de 91% das creches do Amazonas são da rede pública de ensino, frente a 9% da rede privada. Os recursos do programa Brasil Carinhoso, criado em 2012 com o intuito de ampliar o acesso de beneficiários do Bolsa Família à creches, caiu drasticamente. O orçamento de R$ 137 milhões de reais aprovado no ano passado foi reduzido para R$ 6,5 milhões em 2018. A diferença é grande quando comparada ao investimento no ensino superior – somente o Ministério da Educação investiu mais de R$ 79 bilhões de reais em 2017.
Segundo o especialista em educação e professor da Universidade de Brasília, Célio Cunha, há uma defasagem histórica em relação aos investimentos nos graus de ensino. “O financiamento da educação básica não manteve o mesmo dinamismo do ensino superior, sobretudo na década de 1970, quando o governo brasileiro fez um grande investimento nas universidades federais”. O desenvolvimento da educação infantil é tema dos planos de governo dos pré-candidatos à presidência da República. O programa econômico de Henrique Meirelles, do MDB, por exemplo, pretende criar um incentivo fiscal para levar o conceito do Programa Universidade para Todos (Prouni) até creches, permitindo assim que crianças pobres estudem em instituições particulares. A ideia é oferecer renúncia fiscal para as escolas, parte financiada pelo governo federal e parte pelos governos municipais. Os subsídios oferecidos serão maiores quando a renda per capita familiar e o nível educacional dos pais forem menores.
Segundo o coordenador econômico de Henrique Meirelles, José Márcio Camargo, a educação infantil é uma das prioridades do plano de governo do pré-candidato do MDB. “Queremos dar uma ênfase especial para a educação infantil. Até hoje o governo da muita prioridade para o ensino superior. Nossa avaliação é que o processo educacional começa até mesmo antes de a criança nascer. O ser humano atinge o auge da capacidade de aprender com 6, 7 anos. Se perde esse começo, perde também uma parte importante do crescimento”, afirma Camargo.
O estudo do Observatório do Plano Nacional de Ensino apresenta ainda a evolução da porcentagem de crianças de 0 a 3 anos nas escolas de 2001 a 2015. No Pará, no começo dos anos 2000, pouco menos de 13% das crianças frequentavam a escola. Com poucas variações ao longo de 14 anos, o estado atingiu o maior taxa em 2013 (15,5%).
ASSÉDIOS SÃO PRINCIPAIS DENÚNCIAS FEITAS POR FUNCIONÁRIOS EM 300 EMPRESAS BRASILEIRAS, DIZ PESQUISA
O levantamento foi feito durante dez anos pelo canal de denúncias da ICTS Outsoursing. A reportagem é da Agência do Rádio, assinada por Sara Rodrigues.
Assédio moral e sexual representam maior porcentagem de denúncias feitas por funcionários em empresas brasileiras, nos últimos dez anos. Um levantamento feito pelo canal de denúncias ICTS Outsoursing, que registra as ocorrências de mais de 300 companhias do país, mostrou que 44% das denúncias são de categorias de desvio de comportamento. Das 175 mil denúncias feitas nos últimos de anos, 82% foram feitas por colaboradores da empresa. Desse número, metade estava relacionada a relacionamentos interpessoais. O organizador da pesquisa, Cassiano Machado, explica que para muitas dessas denúncias serem feitas foi necessário um histórico de desgaste entre colegas de trabalho.
“Não nos surpreende porque, efetivamente, a gente fala de pessoas dentro de um ambiente organizacional. Essas pessoas interagem, têm pontos de vista diferentes, tem regrados diferentes, no ponto de vista de valores e educação. E os atritos acabam acontecendo”. O levantamento mostrou também que o cliente é o segundo público com mais relatos no canal de denúncias, mesmo que ele tenha foco nas empresas. 8,5% das denúncias foram feitas por clientes. Outro dado importante é que cerca de 60% ocorrências foram feitas por homens.
Cassiano Machado entende que não é só a predominância masculina nas empresas. Para ele, as mulheres não se sentem à vontade em denunciar. “Você realmente ainda tem hoje uma predominância da presença masculina versus a feminina. E eu agregaria mais um elemento aí, que é também o aspecto da mulher se sentir acuada, pressionada a não manifestar sua denúncia. É um momento que vem se modificando ao longo do tempo, mas acho que ainda acaba transparecendo nessa estatística do público masculino do público feminino ter uma participação um pouco menor no relatar a denúncia”.
A vítima de assédio sexual ou moral no trabalho pode procurar o departamento de Recursos Humanos da empresa e registrar ocorrência na delegacia e nas Superintendências Regionais do Trabalho. De acordo com a pesquisa ICTS Outsoursing, os tipos de denúncia envolvem também violações às leis, favorecimento ou conflito de interesses, fraude, roubo, furto ou desvio de materiais.