Precariedade na Emater ameaça assistência técnica aos agricultores familiares
Falta de manutenção na frota de veículos dificulta visitas técnicas
Na semana que se comemora o Dia do Colono, em reconhecimento àqueles responsáveis pelo desenvolvimento do campo, a precarização das estruturas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), responsável por importantes serviços prestados à agricultura familiar, é um tema dramático que traz ao setor uma perspectiva pessimista quanto ao apoio disponibilizado pelo Estado.
Órgão fomentador de várias políticas públicas de apoio a produção rural, os serviços prestados pela EMATER, em vários municípios do estado, em especial da região oeste do Pará, estão sendo mantidos exclusivamente pela dedicação e compromisso dos técnicos/servidores com agricultura. A dificuldade da autarquia estadual, começa justamente pela falta de pessoal. Sem realizar concurso público para cargo efetivo há vários anos, as atividades extensionistas e assistência às famílias de agricultores não conseguem atender à demanda.
Outra questão envolvendo recursos humanos, segundo denúncia de servidores que mantêm o anonimato devido ao medo de represálias, são as indicações de terceiros para cargos comissionados de chefia dentro da empresa. “Muitas vezes, essa pessoa indicada por políticos, não tem perfil de gestão, muito menos experiência para atuar junto aos agricultores. Para piorar, deslocamentos à revelia do plano de trabalho, são utilizados para pagamento de diárias que servem para aumentar o salário mensal”, afirmam os denunciantes.
Ainda de acordo com a denúncia, tornaram-se constantes atrasos no pagamento de fornecedores, e como consequência, compras, por exemplo, de peças para manutenção dos veículos e até mesmo o abastecimento de combustível são afetados. “Até os licenciamentos dos veículos da empresa e pagamentos de aluguéis de algumas sedes estão vencidos”, declaram os denunciantes.
Os relevantes serviços prestados pela EMATER não têm sido honrados pelo Governo Estadual, que na contramão, não realiza os investimentos necessários para que a empresa continue dando o apoio e suporte ao homem do campo.
Em um estado marcado pelos conflitos agrários, e ao mesmo tempo com potencial agrícola imensurável, tendo como desafio produzir visando a sustentabilidade, o emprego de novas tecnologias obtidas por meio das pesquisas, assistência técnica e extensão rural, ressaltam o papel fundamental da Emater em um contexto cada vez mais competido.
CENSO MOSTRA AUMENTO DA ÁREA DESTINADA À AGRICULTURA NO PAÍS: O número de estabelecimentos agropecuários no Brasil caiu 2% no ano passado em relação a 2006, passando de 5,17 milhões para 5,07 milhões. Já a área total teve uma expansão de 5%, passando de 333,6 milhões de hectares para 350,2 milhões de hectares. Esse aumento corresponde a uma área de 16,5 milhões de hectares, quase o tamanho do estado do Acre.
Os dados são preliminares, e fazem parte do Censo Agropecuário 2017, divulgados na quinta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Censo Agro 2017, com informações mais detalhadas será divulgado somente em julho de 2019.
O coordenador técnico do censo, Antônio Carlos Florido, ressaltou que a entrada desses 16,5 milhões de hectares de áreas novas no processo produtivo, ou que estavam paralisadas e voltaram a produzir, foi identificada em grande parte no Pará e no Mato Grosso.
De todas as regiões brasileiras, somente o Nordeste apresentou redução do número e da área dos estabelecimentos agropecuários, com perda de 131.565 estabelecimentos e de 9.901.808 hectares. Em contrapartida, o Rio Grande do Sul, apesar de ter queda de 151.971 estabelecimentos, viu a área crescer em 1.082.517 hectares.
O pessoal ocupado também sofreu redução em comparação ao censo anterior, passando de 16,56 milhões em 31 de dezembro de 2006 para 15 milhões, em 30 de setembro de 2017. A queda em 11 anos foi de 1,5 milhão de pessoas.
Em contrapartida, cresceu 49,7% a compra de tratores, atingindo 1,22 milhão de unidades em 30 de setembro de 2017, contra 820,7 mil no censo de 2006. Segundo o IBGE, 733,9 mil estabelecimentos usavam tratores no ano passado. “Isso já vem sendo mostrado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Aumenta trator, diminui pessoas”, observou o coordenador.
A média de ocupados por estabelecimento também experimentou retração, passando de 3,2 pessoas para 3 pessoas no novo censo. O total de produtores e trabalhadores com laços de parentesco com eles também se reduziu de 12.801.179 pessoas, em 2006 para 10.958.787, em 2017. A queda percentual no período foi de 77% para 73%.
A área de pastagens naturais caiu 18,7%, entre 2006 e 2017, enquanto as pastagens plantadas subiram 9,1%. O documento mostra que as pastagens naturais vêm caindo direto desde 1975, disse o coordenador. “A pastagem que tem menos produtividade vem sendo substituída por pastagem plantada, que tem mais produtividade. Você consegue ter mais cabeça de animais por hectare de área de pastagem. Só que uma não substitui a outra no mesmo lugar. O gado, na realidade, está sendo movido para outras áreas”, informou Florido.
A pesquisa do IBGE revela aumento de estabelecimentos em terras próprias (de 76,2% para 82,26%), entre 2006 e 2017. Em contrapartida, a participação desses estabelecimentos na área total diminuiu de 90,5% para 85,4%.
O total de estabelecimentos com terras arrendadas caiu de 6,5%, em 2006, para 6,3%, em 2017. Os estabelecimentos entre 100 e 1 mil hectares tiveram redução na participação na área total de 33,8% para 32%, enquanto os estabelecimentos com 1 mil hectares ou mais ampliaram a participação na área total de 45% para 47,5% no período pesquisado.
Em 2017, 502,4 mil estabelecimentos informaram usar algum tipo de irrigação. A área irrigada total no país foi de 6,9 milhões de hectares. O aumento em ambos os casos foi de 52% entre os dois censos. O documento mostra que 1,68 milhões de produtores utilizaram agrotóxicos no ano passado, um aumento de 21,2% em comparação a 2006.
De acordo com o IBGE, 2,52 milhões de estabelecimentos tinham 171,8 milhões de cabeças de gado bovino no ano passado, com destaque para os estados de Mato Grosso (24,1 milhões), Minas Gerais (19,4 milhões) e Mato Grosso do Sul (18,1 milhões).
A produção de galináceos (galinhas, galos, frangas, frangos e pintos), chegou a 1,453 bilhão de cabeças, com o Paraná à frente, com um total de 347,7 milhões de cabeças.
Os suínos totalizaram 39,1 milhões de cabeças, com destaque para Santa Catarina (8,4 milhões de cabeças). O censo também mostrou a existência, em 2017, de 13,7 milhões de cabeças de ovinos, também sob a liderança baiana (2,8 milhões), seguida de perto pelo Rio Grande do Sul, com 2,6 milhões de cabeças.
A liderança na produção de caprinos fica com a Bahia (2,3 milhões de cabeças). O total de caprinos em território brasileiro chega a 8,25 milhões de cabeças. Pará e Amapá lideram a produção de gado bubalino (búfalos), com 320,7 mil e 223,8 mil cabeças, respectivamente, para um total no país de 948,1 mil cabeças. (Com informações da Agência Brasil).
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto