Equipe de transição de Bolsonaro foca questão fiscal, quer zerar déficit em 2019
A equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro pretende mergulhar fundo nos dados e informações da economia, especialmente as questões fiscais, para montar um plano de zerar o déficit fiscal já em 2019, disse à Reuters uma fonte que acompanha de perto a transição.
O objetivo da equipe econômica de Bolsonaro é entrar em 2020 com o problema fiscal superado e com a garantia de um superávit sustentável para os próximos anos, ainda de acordo com a fonte, que falou sob a condição de anonimato.
No ano que vem está previsto mais um déficit fiscal de aproximadamente 140 bilhões de reais. Esse será o sexto ano seguido de resultado fiscal negativo.
A equipe de transição de Bolsonaro começa a trabalhar na segunda-feira com os técnicos do atual governo de Michel Temer/
Até setembro, o déficit primário acumulado é de 59,3 bilhões de reais, o que abre a possibilidade de o déficit do ano ser menor que os cerca de 160 bilhões estimados pelo governo.
“A grande preocupação da equipe de transição é com equilíbrio fiscal já para 2019” , disse a fonte.
“O que se busca não uma solução para dizer que acabou, e sim que o equilíbrio seja permanente”, adicionou.
Caberá à equipe de transição buscar os caminhos que poderão levar ao prometido equilíbrio fiscal no curto prazo.
Um consenso no grupo de Bolsonaro é a necessidade de corte de despesas para se buscar o almejado equilíbrio das contas. A redução no número de ministérios vai nessa direção, segundo a fonte, embora somente a redução de pastas não passe nem perto de ser uma solução para o problema fiscal.
O presidente eleito fala em reduzir para até 17 o total de pastas em seu governo.
“São menos gastos, secretários, comissionados e despesas de custeio…o efeito é muito pequeno, mas ajuda, claro”, disse a fonte.
Especialistas avaliam que uma reforma da Previdência seria essencial para o equilíbrio das contas públicas, e Bolsonaro disse em entrevista na quinta-feira que a reforma será apoiada por sua equipe, com o objetivo de aprovação ainda no governo Temer. Ele ressaltou, no entanto, que a meta não seria já chegar a uma reforma ideal, mas “aquela que pode ser aprovada pela Câmara”.
Outra alternativa importante para a redução do déficit seria viabilizar o leilão do excedente da cessão onerosa, que poderia obter algo perto de 100 bilhões de reais ao governo em troca de contratos para exploração de petróleo no pré-sal.
A realização do leilão, no entanto, ainda depende da aprovação de um projeto de lei pelo Congresso e de um acordo com a Petrobras.
“Não tem uma proposta definida e ainda vai ser fechado como tentar o equilíbrio”, apontou a fonte.
Onyx Lorenzoni deve ser oficializado ministro nesta segunda
É a primeira etapa de uma semana que promete iniciar, de fato, a transição entre o governo atual, de Michel Temer, e o eleito, de Jair Bolsonaro.
Na quarta-feira (7) Bolsonaro se reúne com Temer, pela primeira vez, desde sua vitória nas urnas. Ao conversar rapidamente com jornalistas na tarde de hoje (4), Temer confirmou o encontro e disse que espera que Bolsonaro tenha “muita sorte e muito sucesso”.
No Palácio do Planalto, participarão da reunião o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e Onyx. Porém, é possível que mais ministros também façam parte do encontro. Segundo a assessoria de Padilha, a agenda depende das demandas que Onyx vai apresentar.
No entanto, o futuro ministro extraordinário ainda não fez nenhuma solicitação para esta semana. Na semana passada, ele apresentou os primeiros 22 nomes da equipe de técnicos que trabalhará na transição.
Os nomes estão passando por análise da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), como é praxe em caso de contratações pela União. Em seguida, as nomeações serão publicadas no Diário Oficial.
Outros nomes, até o limite de 50, ainda podem ser nomeados para cargos de caráter temporário, chamados Cargos Especiais de Transição Governamental. O governo eleito, no entanto, ainda não apresentou nenhum outro.
Histórico
Escolhido por Bolsonaro para coordenar os trabalhos de transição e, em seguida, assumir a Casa Civil em seu governo, Onyx Lorenzoni , de 64 anos, construiu carreira política ao longo de vários mandatos parlamentares.
Foi o deputado federal mais votado este ano no Rio Grande do Sul este ano, conquistando mais de 180 mil votos. Tornou-se o homem de confiança de Bolsonaro durante a campanha ao fazer defesas e também gravar vídeos em favor do então candidato.
Formado em Veterinária e nascido em Porto Alegre, Onyx iniciou sua atuação política como presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do estado, na década de 1980. Antes da vida pública, ele trabalhou no Hospital Veterinário Lorenzoni, empresa de que é sócio.
Recentemente, foi o responsável por relatar o projeto que reunia dez medidas de combate à corrupção, que chegou ao Congresso por meio de iniciativa popular. Onyx faz parte da Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como Bancada da Bala, que conta com dezenas de deputados.
Em 2014, quando a doação empresarial a campanhas eleitorais ainda era permitida, o deputado recebeu R$ 100 mil de duas das maiores empresas de armas e munições do Brasil: a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) e a Forjas Taurus S.A.
Quatro anos antes, a Taurus repassou R$ 150 mil para a campanha de Onyx, mesmo valor doado pela Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições.
Fonte: Jornal Extra e Agência Brasil