Menina de 7 anos ganha prótese feita por impressora 3D em Manaus
A pequena Raquel Bandeira de Melo nasceu com uma má formação no braço direito que a impedia de realizar atividades simples.
Uma das atividades preferidas de toda criança, brincar, nunca foi totalmente aproveitada pela pequena Raquel Bandeira de Melo, de 7 anos, estudante do 2º ano do ensino fundamental. Uma má formação nas articulações do braço direito fez com que, além de brincadeiras, muitas outras tarefas simples se tornassem difíceis para ela.
Isso começou a mudar quando a mãe de Raquel, Thaise Bandeira de Melo, 34, ouviu falar do trabalho realizado pela equipe do Projeto Mão3D, desenvolvido no Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A iniciativa cria próteses em impressoras 3D para crianças que possuem membros amputados ou com má formação.
“Conheci o trabalho que eles faziam pela televisão e vi ali a possibilidade de conseguir uma prótese personalizada para a Raquel. Fiquei sabendo que eles viriam participar do Congresso Brasileiro de Biomecânica (CBB), que este ano é realizado em Manaus”, comentou Thaise.
Coordenado pela professora de engenharia biomecânica, Maria Elizete Kunkel, o Mão3D foi trazido como parte do Congresso para Manaus. Organizado pela Sociedade Brasileira de Biomecânica (SBB), o CBB é o maior congresso da área no país, com mais de 600 inscritos na edição deste ano, que começou na última quarta-feira (1º) e termina neste domingo (5), no Centro de Convenções Vasco Vasques, na Zona Centro-Oeste.
“A mãe da Raquel nos contatou assim que soube do nosso trabalho. Quando ela ficou sabendo que viríamos para Manaus, achamos a oportunidade perfeita para desenvolver a prótese sob medida. As peças foram feitas na sua maioria em São Paulo, e a montagem foi realizada aqui mesmo em Manaus”, disse Maria Kunkel, ao destacar que Raquel, nessa quinta-feira (2), foi a primeira criança do sexo feminino a ganhar uma prótese do programa.
Ainda segundo a coordenadora do projeto, o Sistema Único de Saúde (SUS) geralmente não fornece próteses de membro superior para crianças, pois além de caras, o fato de as crianças crescerem muito rápido, faz com que elas sejam perdidas. Problema que pode ser minimizado com o uso da tecnologia de impressão em 3D.
Por ser feita em impressora 3D, com o uso de plástico especial, o desenvolvimento da prótese permite alguns ajustes extras, como a personalização de cor e de desenhos. Fã das bonecas “Lol”, febre entre as crianças, Raquel não titubeou e escolheu um delas para decorar a sua nova prótese. Elétrica, ela não tirava os olhos da montagem da nova prótese e acompanhou cada etapa do processo de instalação feita pelos integrantes do programa.
Conforme Kunkel, outro diferencial da prótese é a possibilidade de mexer os dedos das mãos por meio de força mecânica aplicada em fios especiais que são ativados quando a criança contrai as articulações. “Como a Raquel não tem as articulações das mãos bem desenvolvidas, nós personalizamos o braço protético para que ative o movimento de fechar e abrir as mãos conforme ela flexione o seu cotovelo”, explicou.
A parte de montagem e finalização da prótese é feita de forma manual, com a criança presente, um integrante do programa monta as peças e instala os fios, tudo feito de forma rápida e intuitiva. “Além de participar da instalação, Raquel foi nossa primeira assistente a ajudar na montagem da prótese”, brincou a professora Kunkel.
Com a nova prótese montada e instalada, a pequena Raquel tem agora a possibilidade de realizar as atividades que toda criança gosta, de coisas bem simples, como prender o próprio cabelo, a mais complexas, como andar de bicicleta.
Já com a prótese, primeira brincadeira De Raquel foi vencer uma disputa de “quebra de braço” contra o integrante do Mão3D, André Mendes. “Agora vou poder brincar de queimada com meus colegas de escola durante as aulas de educação física”, comemorou a pequena.
Fonte: A Crítica