Agentes Comunitários de Saúde denunciam perseguição e ameaças de morte
Uma comissão de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) reuniu na sexta-feira, dia 10, na Câmara Municipal de Santarém, quando alguns desses agentes denunciaram que estão sofrendo perseguições e até ameaças de morte, através de ligações anônimas. |
Em contato com nossa reportagem, o vereador Paulo Gasolina (DEM) disse que os Agentes de Saúde entraram com Ação Civil Pública no Ministério Público do Estado do Pará, Ministério Público do Trabalho e Ministério Público Federal, para denunciar essa situação, bem como dizem que estão tendo alguns de seus direitos negados há mais de 20 anos, mesmo sendo garantidos em Lei.
Durante a reunião na Câmara, os Agentes Comunitários de Saúde pediram que os vereadores intercedam junto aos órgãos públicos, pois temem por suas vidas e de seus familiares.
“Nós, trabalhadores, estivemos reunidos na câmara Municipal de Santarém, em uma audiência pública, com os vereadores Jackson do Folclore, Paulo Gasolina e Ney Santana, apresentando ao Poder Legislativo tudo o que vem ocorrendo e ao mesmo tempo pedindo que providências sejam tomadas. Mediante a este processo muitos desses servidores que estão em busca de seus direitos estão recebendo ameaças, até mesmo ameaças de “MORTE”, sofrendo com perseguições e diante do ocorrido queremos demonstrar nossa indignação, pois estão querendo privar esses trabalhadores de lutar por seus direitos e todas as providências já estão sendo tomadas junto aos órgãos competentes. Temos certeza que as pessoas que estão fazendo tais ameaças serão punidas pela Justiça”, disse um Agente de Saúde, que preferiu não ter seu nome citado na matéria com medo de sofrer represálias.
AMEAÇAS DE MORTE: “Os Agentes Comunitários de Saúde foram sim, ameaçados de morte. Uma agente puxou a conversa. Disse que houve uma briga com o Sindicato, pois algumas vantagens os ACSs não estão recebendo, mas estão descontados em seus salários. Como exemplo, a insalubridade que é determinada por Lei Federal; algumas vantagens em serviços, não tem mais o auxílio combustível, ou seja, os serviços que os agentes precisam fazer no interior tem ser de canoa, não tem mais combustível para fazer o trabalho, colocando em perigo suas vidas se acontecer um acidente. Alguns ACSs que precisam se locomover tem que ser por conta própria. As roupas para o trabalho, alguns estão mandando fazer e pagando com seus dinheiros. E muitas das vezes trabalham além do normal. Os agentes fizeram uma reunião no Sindicato e depois fizeram outra na Câmara, onde estive presente, no qual o presidente do Sindicato não compareceu. Deixamos bem claro que esses recursos têm que ser reincorporados ao salário dos ACSs e nós vamos cobrar. A Agente de Saúde que está à frente dessa manifestação falou e tem provas, que está sendo ameaçada por estar encabeçando essa luta pelos direitos dos ACSs. Nós vamos questionar na Câmara por que não estão sendo pagas essas vantagens que são obrigatórias; também por que foi cortado o combustível, principalmente de quem trabalha na várzea; sem falar na roupa que os agentes usam no trabalho, que não está sendo fornecida”, disse o vereador Paulo Gasolina à nossa reportagem.
CAMPANHA PARA AJUDAR CRIANÇAS E ADOLESCENTES: Cerca de 46 agentes comunitários de saúde, que atendem nas comunidades da região dos Rios Tapajós e Arapiuns, foram escolhidos para a ação de pré-lançamento da campanha #PodeSerAbuso, que aborda o enfrentamento ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A iniciativa, que é encabeçada pela Fundação Abrinq, terá várias ações durante o mês abordando este tema em todo o país. E em Santarém, a primeira delas envolveu os ACS. A ideia é que eles sejam multiplicadores da informação e possam reconhecer sinais que indiquem possíveis abusos aos menores de idade.
Com a presença constante em residências, os agentes podem ajudar não só na orientação das famílias, mas também denunciando casos, por meio do Disque 100, um número nacional de denúncias contra os direitos humanos. Em 2018, Santarém registrou 361 casos de abuso sexual e 10 de exploração sexual. A ideia é capacitar parceiros que ajudem a garantir o direito deles e lutem pelo respeito aos menores, seja em casa, na escola ou em qualquer outro ambiente social.
Por: Jefferson Mikranda
Fonte: RG 15/O Impacto