Pesquisa aponta o quanto a Ufopa fomenta a economia do Baixo Amazonas
Em 2017, a Universidade injetou mais de 157 milhões na região
“Se fosse um município, a Ufopa seria o terceiro maior em termos econômicos no Baixo Amazonas”. A fala é do professor e pesquisador da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) Enio Ramalho, que entra na fase conclusiva de seu trabalho de mestrado, cujo contexto envolve um apanhado geral sobre a importância da instituição para o aquecimento econômico, em especial no Oeste paraense, onde a Ufopa está implantada. Segundo a pesquisa, no ano de 2017 a Ufopa injetou na região mais de R$ 157 milhões.
Professor Enio Ramalho é ligado ao Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) e ministra aulas nos cursos de Gestão Pública e Ciências Econômicas; é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Sociedade (PPGCS) do mesmo instituto, e sua pesquisa tem o propósito de mostrar os impactos socioeconômicos proporcionados pela Ufopa na região onde se encontra.
A pesquisa traça o perfil socioeconômico da Ufopa e busca respostas a questionamentos como: De onde são os servidores? Onde nasceram? Onde moravam antes de vir para a região na qual a Ufopa está instalada? Ainda analisa o nível de qualificação dos servidores para verificar se houve evolução após o seu ingresso.
Alguns dados ainda estão sendo levantados e outros sob análise, mas o que o professor já conseguiu confirmar, após ouvir 328 servidores, sendo 130 docentes e 198 técnicos administrativos, é que, se a Ufopa fosse um município, teria o terceiro maior orçamento público na região do Baixo Amazonas, ficando atrás apenas de Santarém, que em 2017 obteve arrecadação de aproximadamente R$ 566 milhões, seguida de Oriximiná, que, também no mesmo ano, arrecadou R$ 161 milhões.
“Se juntarmos os recursos arrecadados nos municípios de Monte Alegre e Óbidos, no exercício de 2017, seria proporcional ao que a Ufopa tem disponível para investir na região. Nessa pesquisa, resolvi verificar de que forma esses valores impactam na nossa cidade, uma vez que mais de 60% de todo orçamento são para pagar servidores, o que ultrapassa de 100 milhões/ano”.
Perfil dos servidores – Quanto à origem dos servidores, os docentes nascidos na região Norte correspondem a 49%, sendo 51% de outras regiões do país, inclusive os nascidos no exterior: “Temos pessoas de naturalidade americana e espanhola em nossos quadros”. Com relação aos técnicos administrativos, 91% são originários da região Norte: “Podemos assegurar que nossos técnicos administrativos são uma mão de obra predominantemente caseira”. No geral, 75% dos servidores consultados são naturais da região Norte e 25% das demais regiões do país.
Dos docentes, daqueles que já se encontravam na região Norte, 63% já moravam no estado do Pará, e 37% moraram em outros estados e até mesmo no exterior. “Tivemos situação que servidores que saíram de Santarém para se qualificar, morar em outro país e voltaram. São pessoas que moravam, por exemplo, em Paris e Lisboa e viram na Ufopa uma possibilidade de retornarem, por meio do concurso, e se fixaram na região”.
Já dos técnicos administrativos, 98% já estavam aqui na região Oeste, sendo que 67% já moravam em Santarém. “No geral, 80% dos servidores ouvidos já residiam na região Norte. Boa parte da mão de obra já estava aqui. Não podemos deixar de frisar que a Ufopa consegue atrair mão de obra de outras localidades, também qualificada, de outras regiões, e que contribui direta e indiretamente com a economia local e regional”.
Os recursos destinados a atender às despesas com a folha de pagamento da Ufopa, indiretamente por meio das necessidades dos servidores, acabam influenciando em setores da economia local, como o mercado imobiliário (venda e aluguel de imóveis), veículos (em seu abastecimento e manutenção), gêneros alimentícios, higiene e limpeza nos supermercados na cidade, uso para o entretenimento e lazer, entre outros: “Observamos que o recurso destinado à folha de pagamento, em sua grande parte, circula aqui em nossa cidade […] E um resultado parcial já aponta que moradia, alimentação, lazer e transporte são os setores que mais consomem os investimentos”.
A pesquisa foi dividida em três etapas. A primeira contextualizou a relevância do orçamento público da Ufopa no contexto regional; a segunda abordará que tipo de mão de obra a instituição emprega em seu quadro funcional, assim como sua qualificação; e, por fim, identificará quais setores da economia local são os mais beneficiados com o recurso destinado ao salário dos servidores da universidade. A previsão é de que esta pesquisa seja concluída no segundo semestre de 2019.
A pesquisa ainda não entrou no mérito de discutir sobre a contratação de empresas terceirizadas, como empresas de vigilância, de motoristas e de limpeza, mas é uma análise relevante a ser efetuada, pois, “a exemplo do prédio alugado, a Unidade Amazônia também agrega os funcionários responsáveis pela manutenção e limpeza. A universidade não é apenas um dador de aula. É uma universidade que contribui economicamente e que mexe com economia, que gira nas feiras, na escola do filho, no combustível, na manutenção do veículo etc”.
Para o professor Enio, a universidade tem que trabalhar com a captação de recursos: “A Universidade tem grande potencial de captar recursos devido à sua localização geográfica, estamos no meio da Amazônia. A captação de recursos já ocorre por meio da pesquisa e projetos de extensão”.
No ponto de vista do pesquisador, com orçamento atual, a Ufopa fica muito dependente de repasse das outras instituições: “Por exemplo, se já achamos que esses R$ 157 milhões são bastante relevantes, se formos levar para o contexto de uma universidade com mais anos de atuação, como a UFPA, que possui orçamento anual que ultrapassa R$ 1 bilhão, sete vezes mais que o nosso… É o terceiro maior orçamento de Belém, sendo que a UFPA não atua só em Belém. Na UFRN, o orçamento em 2014 era aproximadamente R$ 1 bilhão e meio. São universidades que possuem hospitais e aqui já temos um bom começo, com o Abaré. Quantas pessoas são contempladas por esses tipos de ações?”
“A universidade não se limita à sala de aula, ela consegue captar mão de obra qualificada na localidade, assim como atrai de outras regiões. Por mais que seja um recurso relevante, sabemos que não são as Universidades o gargalo do recurso público, pois são instituições que promovem ensino, pesquisa e extensão de qualidade, beneficiando direta e indiretamente a localidade onde se instalam”, finaliza.
Fonte: Ascom/Ufopa